16.04.2013 Views

José Gomes Ferreira – A Poética do Canto e do Grito - Repositório ...

José Gomes Ferreira – A Poética do Canto e do Grito - Repositório ...

José Gomes Ferreira – A Poética do Canto e do Grito - Repositório ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

perfeita que nos quer mostrar no seu auto-retrato, sob a égide <strong>do</strong> dialogismo, é<br />

embraia<strong>do</strong>ra da própria construção da poética.<br />

Nos seus textos, tu<strong>do</strong> perpassa como forma e senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> saber construir uma<br />

poética <strong>do</strong> grito e <strong>do</strong> canto, numa tentativa de conciliar os historicamente<br />

irreconciliáveis <strong>–</strong> eu social e eu individual. Pela sua poética viajam, por isso, esses duplos<br />

olhares <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> real que só esteticamente se harmonizam. Só a palavra poética tem<br />

o poder de fazer coexistir as tensões e, por isso, a palavra foi, nas posições estéticas<br />

defendidas por <strong>José</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>Ferreira</strong>, uma arma utilizada em todas as direcções:<br />

(…)<br />

Dêem-me palavras. Tomem palavras…<br />

Palavras não faltam, já tão velhas que parecem novas,<br />

Recém-nascidas com as mesmas raízes<br />

Ignoradas.<br />

É esse o milagre:<br />

nascer to<strong>do</strong>s os dias<br />

nas bocas esquecidas <strong>do</strong>s fios de prumo. (<strong>Ferreira</strong>, 1998:324)<br />

É notória a sua vocação interior para fazer da escrita uma permanente forma de<br />

renascimento a que associa a intervenção social, pois o seu mun<strong>do</strong> é constituí<strong>do</strong> por<br />

um conjunto de valores, onde sobressai a justiça e o respeito pelo outro. Viver no<br />

mun<strong>do</strong> a partir deste código ético é, sobretu<strong>do</strong>, uma forma de se opor a um meio cego<br />

e sur<strong>do</strong> às <strong>do</strong>res da humanidade e fá-lo poeticamente, cantan<strong>do</strong> e gritan<strong>do</strong>. Embora se<br />

Conclusão 163

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!