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José Gomes Ferreira – A Poética do Canto e do Grito - Repositório ...

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São vários os autores com quem <strong>José</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>Ferreira</strong> teve afinidades poéticas,<br />

consideran<strong>do</strong>, todavia, que é o poeta Raul Brandão o seu mestre secreto:<br />

Breve apresentação da sombra <strong>do</strong> meu secreto (e tão público!) Raul Brandão (<strong>Ferreira</strong>,<br />

1980:13).<br />

A sua actividade des<strong>do</strong>bra-se por vários campos da criação literária: a ficção, com O<br />

Mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Outros, As Aventura Maravilhosas de João sem Me<strong>do</strong>, Tempo Escandinavo, O<br />

Irreal Quotidiano, Gaveta de Nuvens…; a autobiografia, com A Memória das Palavras e<br />

Relatório de Sombras; a ensaística, através de uma introdução às Folhas Caídas de<br />

Almeida Garrett e da elaboração de estu<strong>do</strong>s teóricos sobre a poesia de Guilherme<br />

Braga e Irene Lisboa, entre outros; e a poesia.<br />

Uma parte substantiva <strong>do</strong>s elementos identifica<strong>do</strong>res dessa poesia de <strong>José</strong> <strong>Gomes</strong><br />

<strong>Ferreira</strong> foi já liminarmente indiciada na apresentação biográfica e literária <strong>do</strong> poeta,<br />

poden<strong>do</strong> ser expandida pelas indicações extrapoláveis <strong>do</strong> poema de Albano Martins<br />

que apresentamos em epígrafe. Trata-se de uma glosa escrita como tributo à poesia de<br />

<strong>José</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>Ferreira</strong> no centenário <strong>do</strong> seu nascimento. Albano Martins segue uma<br />

estratégia frequente no autor que homenageia, crian<strong>do</strong> um poema injuntivo. Esta<br />

coincidência fabricada não se esgota, no entanto, nessa estratégia, sen<strong>do</strong> igualmente<br />

visível no jogo hábil com palavras evoca<strong>do</strong>ras de títulos de livros <strong>do</strong> autor<br />

homenagea<strong>do</strong> <strong>–</strong> A Memória das Palavras, Gaveta de Nuvens, Dias Comuns <strong>–</strong> e em lexemas<br />

que são pedras angulares da poética ferreiriana <strong>–</strong> “mun<strong>do</strong>”, “poeta”, “acendeste”.<br />

De facto, no poema em epígrafe aparece o mun<strong>do</strong> porque é, segun<strong>do</strong> palavras <strong>do</strong><br />

poeta: “O meu tema de sempre. Um protesto contra esta máquina da natureza e da<br />

vida. Criação <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>” (<strong>Ferreira</strong>, 1991a:35). Este mun<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> real, é recria<strong>do</strong><br />

10 <strong>José</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>Ferreira</strong>: a <strong>Poética</strong> <strong>do</strong> <strong>Canto</strong> e <strong>do</strong> <strong>Grito</strong>

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