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José Gomes Ferreira – A Poética do Canto e do Grito - Repositório ...

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O que há mais senti<strong>do</strong> e fun<strong>do</strong> na poesia portuguesa de hoje é o silêncio. Do seio<br />

desse silêncio e em luta com ele nasce o canto desespera<strong>do</strong> de um reduzi<strong>do</strong> número de<br />

poetas. É a voz ardente de uma poesia angustiada pelo espectáculo de agonias que à<br />

superfície daquele silêncio agonizam sem morrer. <strong>Canto</strong> desespera<strong>do</strong> por ver<br />

claramente vista uma essencial desordem <strong>do</strong>uran<strong>do</strong> a sua aparência de ordem à luz de<br />

uma poesia nascida na liberdade, a que o tempo não pode tirar o peso de revolta e<br />

angústia onde se alimentou. <strong>Canto</strong> desespera<strong>do</strong>, enfim e maximamente, pela<br />

necessidade de ser inutilmente desespera<strong>do</strong>, pois a própria poesia se tornou suspeita<br />

aos olhos <strong>do</strong>s poetas, servin<strong>do</strong> como serve de manto glorioso a tanto falso deus<br />

(Lourenço, 2003:69).<br />

Para a definição / construção <strong>do</strong> Poeta Militante 109

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