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Plano Territorial de Desenvolvimento do Médio Tejo e Pinhal ...

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Perseguin<strong>do</strong> o som da água é-se confronta<strong>do</strong> com as sequências<br />

on<strong>de</strong>antes <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> água que abraçam a terra cuja vivacida<strong>de</strong><br />

oscila consoante as estações <strong>do</strong> ano e invocam um enre<strong>do</strong> <strong>de</strong> rios,<br />

ribeiras e riachos. O rio <strong>Tejo</strong>, o rio Ocreza, e principalmente o segun<strong>do</strong><br />

maior rio exclusivamente português, o Zêzere, este último que teve na<br />

sua história o marco <strong>de</strong> ter possuí<strong>do</strong> ouro há muitos séculos atrás, o que<br />

<strong>de</strong>spertou o interesse <strong>do</strong>s romanos, assumem uma relação estreita com<br />

este território. Zêzere, se outrora alimentara pelos seus afluentes moinhos<br />

<strong>de</strong> água hoje alberga imponentes barragens como Cabril, Bouçã e<br />

Castelo <strong>de</strong> Bo<strong>de</strong>, que com os seus 60 quilómetros <strong>de</strong> extensão, é um<br />

<strong>do</strong>s maiores lagos artificiais da Europa. Estes moinhos <strong>de</strong> água herda<strong>do</strong>s<br />

das activida<strong>de</strong>s económicas <strong>de</strong>senvolvidas no passa<strong>do</strong> encontram-se<br />

agora envoltos em vegetação, ofusca<strong>do</strong>s por anos <strong>de</strong> inactivida<strong>de</strong> e ostentan<strong>do</strong> a sua<br />

existência antiqua são marcos i<strong>de</strong>ntitários das ribeiras <strong>do</strong> <strong>Pinhal</strong>.<br />

Terras galgadas pelos lendários Templários, <strong>de</strong>fensores <strong>do</strong>s interesses e protecção <strong>do</strong>s<br />

peregrinos cristãos na Terra Santa a quem estava incutida a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que matar em nome<br />

<strong>de</strong> Deus era justificável e <strong>de</strong> que morrer por Ele, santificável. Esta célebre or<strong>de</strong>m iniciou a<br />

sua cruzada em Jerusalém (1118) com a anuência papal <strong>de</strong> Urbano II e sobre a tutela <strong>de</strong><br />

nove cavaleiros <strong>de</strong> origem francesa, entre os quais Hugo <strong>de</strong> Payens e Geoffroy <strong>de</strong> Saint-<br />

Omer, que agiram sob a divisa Non nobis, Domine, non nobis, sed nomini Tuo da gloriam<br />

(Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao Vosso nome dai a glória), ten<strong>do</strong>-se torna<strong>do</strong>, nos<br />

séculos seguintes, numa instituição <strong>de</strong> enorme po<strong>de</strong>r político, militar e económico o que<br />

lhes conce<strong>de</strong>u ímpeto para o estabelecimento <strong>de</strong> uma vasta re<strong>de</strong> <strong>de</strong> influências, incluin<strong>do</strong><br />

Portugal. Foi D. Teresa, mãe <strong>do</strong> primeiro rei <strong>de</strong> Portugal, D. Afonso Henriques, a responsável<br />

pela vinda da Or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s Templários para o Conda<strong>do</strong> Portucalense (1127), ten<strong>do</strong>-lhes<br />

concedi<strong>do</strong> o Castelo <strong>de</strong> Soure e a governança da zona entre Coimbra e Leiria (1128)<br />

anteriormente sobre a égi<strong>de</strong> <strong>do</strong> con<strong>de</strong> Fernão Peres <strong>de</strong> Trava.<br />

No ano <strong>de</strong> 1128 trava-se a batalha <strong>de</strong> S. Mame<strong>de</strong> que opõe D. Afonso Henriques à sua<br />

mãe e ao con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Trava. Esta ocorrência conce<strong>de</strong> ao futuro primeiro rei <strong>de</strong> Portugal a<br />

percepção <strong>de</strong> que <strong>de</strong>veria chamar a si a fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> e a cooperação da Or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s<br />

Templários que integra nos seus exércitos em 1147 aquan<strong>do</strong> da conquista <strong>de</strong> Santarém e<br />

segun<strong>do</strong> os primeiros registos históricos. Entretanto D. Afonso Henriques prometera<br />

recompensas aos Templários com o intuito <strong>de</strong> evitar o apoio da Or<strong>de</strong>m às hostes <strong>de</strong> D.<br />

Teresa. Na altura, Afonso Henriques prometeu aos Templários que lhes <strong>do</strong>aria a área entre o<br />

<strong>Tejo</strong> e o Mon<strong>de</strong>go, missão cumprida quan<strong>do</strong> em 1158 D. Afonso Henriques viu como lí<strong>de</strong>r<br />

da Or<strong>de</strong>m uma pessoa <strong>de</strong> plena confiança, Gualdim Pais, Grão-Mestre <strong>do</strong>s Templários em<br />

Portugal. Oleiros, Proença-a-Nova, Vila <strong>de</strong> Rei, Mação, Sertã, Tomar, Ferreira <strong>do</strong> Zêzere,<br />

Sar<strong>do</strong>al e Torres Novas e Entroncamento estavam, oficialmente, na rota <strong>do</strong>s Templários.<br />

Seguiu-se uma perseguição <strong>de</strong>senvolvida por toda a Europa à Or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s Templários,<br />

sen<strong>do</strong> que Portugal se recusou a obe<strong>de</strong>cer à or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> prisão <strong>do</strong>s seus membros.<br />

A realida<strong>de</strong> é que o povo lusitano tinha uma elevada consi<strong>de</strong>ração pelos Templários<br />

alia<strong>do</strong>s nas guerras <strong>de</strong> Reconquista que expulsaram os mouros da Península Ibérica, e<br />

possuíam gran<strong>de</strong> tecnologia <strong>de</strong> locomoção terrestre e marítima, útil a D. Dinis (1279-1325).<br />

Assim, após a aniquilação <strong>do</strong>s Templários na maior parte da Europa, a Or<strong>de</strong>m continuou<br />

em Portugal, como Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Cristo (em latim, Or<strong>do</strong> Militiae Jesu Christi) da qual o Infante<br />

D. Henrique foi grão-mestre (1319). Toda a hierarquia material e hierárquica, porém sob<br />

controlo real, foi mantida e na cruz vermelha sobre o pano branco, símbolo templário, foi<br />

acrescida uma nova cruz branca em seu centro, simbolizan<strong>do</strong> a pureza da or<strong>de</strong>m e que se<br />

transformou no símbolo das caravelas da gran<strong>de</strong> epopeia lusitana <strong>de</strong>scrita por Luís <strong>de</strong><br />

Camões.<br />

Terras unidas por traços i<strong>de</strong>ntitários fortes mas on<strong>de</strong> a singularida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s seus trejeitos, <strong>do</strong>s<br />

seus monumentos, das suas figuras, <strong>do</strong>s seus ditos e tradições, da sua arquitectura emergem<br />

<strong>de</strong> forma inconfundível em cada concelho, cida<strong>de</strong> e al<strong>de</strong>ia da região.<br />

<strong>Médio</strong> <strong>Tejo</strong> e <strong>Pinhal</strong> Interior Sul - Programa <strong>Territorial</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> Parte I– 23

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