Capítulo I - Repositório Institucional da UFSC
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O crítico denominou de a primeira geração romântica o grupo de homens<br />
de estudo e letras que testemunhou, acompanhou e até fomentou ou promoveu<br />
os sucessos <strong>da</strong> independência política do Brasil. Salienta ain<strong>da</strong> que esses<br />
escritores, influenciados pelo Romantismo europeu e seguindo-lhe aqui os<br />
ditames, apareceram de 1836 em diante e cuja ativi<strong>da</strong>de se dilatou por um quarto<br />
de século, <strong>da</strong>ndo à recente nação o abono indispensável <strong>da</strong> sua capaci<strong>da</strong>de de<br />
cultura. Mas a busca por uma identi<strong>da</strong>de nacional teria um caminho árduo pela<br />
frente. Em arte não basta não imitar para ser original, sentencia Veríssimo.<br />
Joaquim Caetano Fernandes Pinheiro, citado por Wilson Martins 4 .<br />
entendia como literatura nacional a literatura no idioma comum, e a literatura<br />
brasileira um desdobramento <strong>da</strong> literatura portuguesa, mas em outro ambiente e<br />
circunstâncias históricas. Para Fernandes Pinheiro primeiro se formou uma nação<br />
livre e soberana e só depois houve a emancipação do jugo intelectual.<br />
Compartilhava desta última opinião de Fernandes Pinheiro, Manuel Pinheiro<br />
Chagas, por exemplo, como se pode constatar na obra de Martins.<br />
Para Chagas, o Brasil, mesmo depois de sua emancipação política,<br />
seguia passo a passo as transformações <strong>da</strong> literatura portuguesa. Isso se<br />
explicava pelo fato dos corpos dos poetas americanos estarem na terra de<br />
Colombo, mas as suas almas estarem na Europa 5 .<br />
Perspectiva semelhante encontra-se nesse texto citado por Martins:<br />
(...) Porque as nossas tradições, os livros com que somos<br />
educados na meninice, os modelos que temos à vista são gregos,<br />
latinos, ou dos nossos antepassados; nos teatros só vemos coisas<br />
do outro continente, ou raquíticas imitações <strong>da</strong>quelas cenas<br />
sociais, políticas e morais; as novelas são européias, e tudo o que<br />
nos afaga os sentidos e a mente é ultramarino. 6<br />
4<br />
MARTINS, Wilson. A crítica Literária no Brasil. Vol. 2. Rio de Janeiro: F. Alves, 1983, p. 140.<br />
5<br />
Idem, p. 146.<br />
6<br />
Trecho do ensaio sobre a nacionali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> literatura de Antônio Deodoro de Pascoal, citado por<br />
Wilson Martins. Segundo Martins, além de negar a originali<strong>da</strong>de às letras norte e hispanoamericanas<br />
por entender que estas seriam simples imitadoras <strong>da</strong>s respectivas metrópoles,<br />
Pascoal reivindicava uma literatura que refletisse o “espírito <strong>da</strong> nação” e o “espírito do século”.<br />
(MARTINS, Wilson. A crítica Literária no Brasil. Vol. 2. Rio de Janeiro: F. Alves, 1983, p. 137 –<br />
138).<br />
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