Capítulo I - Repositório Institucional da UFSC
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provocando no povo o sentimento do patriotismo, levando o romântico a buscar a<br />
própria história, no caso <strong>da</strong> Europa, recuando até a I<strong>da</strong>de Média.<br />
No Brasil, os autores, apesar de atraídos pelo espírito europeu, buscam<br />
avivar a presença <strong>da</strong> alma brasileira nos motivos e na linguagem. O Romantismo<br />
coincide com a independência política, por isso muito mais que um movimento de<br />
reação estético-literária, o momento é de sentimento patriótico por um país em<br />
pleno processo de mu<strong>da</strong>nças políticas, econômicas e sociais. Nessa perspectiva,<br />
uma literatura genuinamente brasileira será aguar<strong>da</strong><strong>da</strong> ansiosamente. Pretende-<br />
se a construção, em outros termos, de uma produção literária que trouxesse a<br />
valorização do passado nacional através do indianismo, com uma linguagem<br />
brasileira, desvencilha<strong>da</strong> <strong>da</strong> literatura portuguesa e que representasse a nova<br />
nação que ain<strong>da</strong> estava em fase de consoli<strong>da</strong>ção.<br />
Como sabido, caberá a Gonçalves de Magalhães, com a publicação, em<br />
1836, de Suspiros Poéticos e Sau<strong>da</strong>des, o papel de introdutor do Romantismo no<br />
Brasil. Paralelamente a isso, outros escritores brasileiros já estavam produzindo<br />
sob a influência do novo movimento, porém suas obras apresentavam ain<strong>da</strong><br />
características <strong>da</strong> escola anterior 71 . Joaquim Manuel de Macedo, com A<br />
Moreninha e O Moço Loiro, segundo Candido, ao fundir tendências, traz uma<br />
amostra de como seria o rumo que o romance brasileiro tomaria. Desse modo,<br />
Macedo é considerado o criador <strong>da</strong> primeira prosa do movimento romântico no<br />
Brasil 72 . Ao mesclar o real e o poético no seu primeiro romance, A Moreninha, o<br />
autor mereceu, segundo Candido, a glória de haver lançado a ficção brasileira na<br />
sen<strong>da</strong> dos estudos de costumes urbanos, e o mérito de haver procurado refletir<br />
fielmente os <strong>da</strong> sua ci<strong>da</strong>de. Ao retratar o Rio de Janeiro do seu tempo sem a<br />
preocupação de buscar no passado motivos para a sua ficção, o autor de A<br />
71 Com respeito a Magalhães, Coutinho esclarece que o poeta possuía espírito com tendências<br />
conservadoras e certa fideli<strong>da</strong>de às formas clássicas. Mas mais que isso, esse caráter híbrido é<br />
típico <strong>da</strong> época de transição, portanto, comum ao meio literário deste período. (COUTINHO,<br />
Afrânio. A literatura no Brasil. 2ª ed. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1964).<br />
72 Por escrever o romance histórico O Filho do Pescador (1843), Teixeira e Souza é tido por<br />
alguns historiadores <strong>da</strong> literatura como o primeiro escritor brasileiro de romance. Outros<br />
conferem esse título ao autor de A Moreninha. Independente <strong>da</strong>s opiniões divergentes, Amora<br />
diz que não se pode deixar de reconhecer que tanto Teixeira e Souza como Macedo definiram<br />
duas <strong>da</strong>s quatro principais tendências <strong>da</strong> ficção romântica brasileira: o romance histórico e o<br />
romance <strong>da</strong> atuali<strong>da</strong>de. (AMORA, Antônio Soares. A literatura Brasileira – O Romantismo. 4ª<br />
ed. São Paulo: Ed. Cultrix, 1973).<br />
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