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Capítulo I - Repositório Institucional da UFSC

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A saí<strong>da</strong> seria reinventar uma nobreza com base no transplante de formas<br />

européias, que seriam, aqui, a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s com novos conteúdos, símbolos e<br />

coloridos. Em outras palavras, criar uma identi<strong>da</strong>de nacional que resultasse <strong>da</strong><br />

mescla de elementos locais com empréstimos de outras culturas, tendo como<br />

finali<strong>da</strong>de uma identi<strong>da</strong>de própria, inédita, “digna”, que bem representasse a nova<br />

monarquia que se estabelecia nos trópicos.<br />

A literatura seria de fun<strong>da</strong>mental importância na construção de uma nova<br />

tradição local, pois seria através de uma literatura independente, inédita, na voz e<br />

pena dos poetas <strong>da</strong> época, já impregnados pelos ares do romantismo que<br />

sopravam nos quatros cantos do mundo, numa idéia coletiva, que se <strong>da</strong>ria a<br />

toma<strong>da</strong> de consciência <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de exaltar a sua gente, sua natureza, sua<br />

pátria.<br />

Sobre essa importância Afrânio Coutinho pondera que:<br />

Nesse processo de identificação nacional, de afirmação <strong>da</strong> nossa<br />

individuali<strong>da</strong>de, de busca do caráter brasileiro, a literatura teve um<br />

papel primordial. E, o que é ain<strong>da</strong> mais importante, e a ser<br />

ressaltado, a literatura trabalhou nessa direção, consciente ou<br />

inconscientemente não importa, desde os primeiros momentos <strong>da</strong><br />

colonização. O fator intelectual, através <strong>da</strong> Literatura, esteve<br />

sempre em meio ou à testa do sentimento de independência, cedo<br />

gerado na alma brasileira. 40<br />

Desse modo, a literatura – principalmente o romance – contribuiu<br />

diretamente nesse processo de criação do Estado Nacional Brasileiro.<br />

Mas não é possível para um país adormecer com uma produção literária<br />

mol<strong>da</strong><strong>da</strong> em uma tradição secular e despertar com um produto inédito, genuíno e<br />

nacional. Ain<strong>da</strong> que o processo de ruptura com a literatura portuguesa tenha sido<br />

condição para a criação de uma nova literatura – do ponto de parti<strong>da</strong> dessa<br />

ruptura, que começou na Independência, até a consciência geral de que aqui se<br />

produzia uma literatura genuinamente brasileira, foram necessários muitos<br />

debates, tentativas, e empréstimos.<br />

A importação <strong>da</strong> forma literária européia, durante o Romantismo,<br />

dependeria de ajustes, devido às diferenças apresenta<strong>da</strong>s entre os países nos<br />

quais o movimento teve início e o Brasil, que tinha em sua reali<strong>da</strong>de histórico-<br />

40 COUTINHO, Afrânio. Conceito de literatura brasileira. Rio de Janeiro: Ediouro, [s/d], p. 53.<br />

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