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Capítulo I - Repositório Institucional da UFSC

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visitava algum diplomata amigo, como o uruguaio Andrés<br />

Lamas 31 . À tarde, misturava-se com o grupo que ia à estação <strong>da</strong><br />

estra<strong>da</strong> de ferro para esperar o “trem dos maridos”, isto é, o que<br />

trazia de volta quem descia à ci<strong>da</strong>de para trabalhar durante o<br />

dia. 32<br />

Mas esse excesso de informali<strong>da</strong>de de D. Pedro II, que incomo<strong>da</strong>va até<br />

republicanos brasileiros por crerem que isso viria a tirar os prestígios exteriores <strong>da</strong><br />

monarquia, conforme informa Carvalho, despertava críticas até de estrangeiros<br />

que aportavam na Corte, como o caso do escritor português Ramalho Ortigão<br />

que, em visita ao Brasil, “observou com agudeza que D. Pedro II não cumpria sua<br />

missão de dirigir a organização dos costumes na arte, gosto, mo<strong>da</strong>, maneiras,<br />

convenções, em tudo de que resulta a civilização de uma socie<strong>da</strong>de” 33 . Porém,<br />

alheio às críticas recebi<strong>da</strong>s sobre sua pessoa, D. Pedro põe em prática seu<br />

projeto de criar uma identi<strong>da</strong>de para o Império, participa de eventos internacionais<br />

com o intuito de mostrar a produção cultural do país, fun<strong>da</strong> o IHGB – Instituto<br />

Histórico e Geográfico Brasileiro, e a Academia Imperial de Belas-Artes. To<strong>da</strong>via<br />

seria na área <strong>da</strong> Literatura que o Imperador teria maior atuação, a ponto de<br />

financiar aquela que deveria representar a tão espera<strong>da</strong> literatura nacional – A<br />

Confederação dos Tamoios – do escritor romântico Gonçalves de Magalhães 34 .<br />

Schwarcz ressalta que a assídua participação do Imperador no Instituto<br />

Histórico e Geográfico Brasileiro (criado em 1838) e seu mecenato fizeram do<br />

romantismo um projeto oficial 35 . Participando ativamente <strong>da</strong>s reuniões dos<br />

românticos brasileiros, favoreceu a pesquisa literária bem como deu grande<br />

incentivo à vi<strong>da</strong> intelectual e científica do momento, resultado de sua grande<br />

________________________<br />

País. (OLIVEIRA, Carolina Rennó Ribeiro de. Biografias de personali<strong>da</strong>des célebres. São<br />

Paulo: Lisa, 1978, p. 179).<br />

31<br />

Andrés Lamas (1817 – 1891), diplomata uruguaio, intelectual, escritor e jornalista. Foi ministro<br />

de Governo, Ministro <strong>da</strong>s Finanças e Ministro <strong>da</strong>s Relações Exteriores no Uruguai. (AZEVEDO,<br />

F. L. N. Diplomacia Epistolar: correspondência entre Andrés Lamas e o Visconde do Rio<br />

Branco. Revista Eletrônica <strong>da</strong> ANPHLAC, Vitória, v. 1, p 77, 2002. Acesso em 02 de abril de<br />

2008).<br />

32<br />

CARVALHO, José Murilo de. D. Pedro II. São Paulo: Companhia <strong>da</strong>s Letras, 2007, p. 95.<br />

33<br />

Idem, p. 96.<br />

34<br />

O poema de Gonçalves de Magalhães, após ser muito aguar<strong>da</strong>do, é recebido com decepções<br />

pelo público leitor, com muitas críticas publica<strong>da</strong>s pela imprensa <strong>da</strong> época. José de Alencar,<br />

em sua coluna no jornal Diário do Rio de Janeiro, sob o pseudônimo de Ig, faz inúmeras<br />

censuras ao poema quanto à sua quali<strong>da</strong>de. O poeta Manuel José de Araújo Porto-Alegre, sob<br />

o pseudônimo de O amigo do poeta e o Imperador D. Pedro II, sob o pseudônimo de Outro<br />

amigo do poeta, saem em defesa <strong>da</strong> obra. (MENEZES, Raimundo de. José de Alencar: literato<br />

e político. 2ª ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1977).<br />

35<br />

SCHWARCZ, Lilia Moritz. As Barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São<br />

Paulo: Companhia <strong>da</strong>s Letras, 1998.<br />

22

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