Capítulo I - Repositório Institucional da UFSC
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Oswald podia contar com um lugar de embaixatriz. 230<br />
101<br />
Seja por interesse pessoal, seja por um simples desejo de pôr em prática<br />
sua astúcia, ou os dois motivos trabalhando em conjunto, o fato é que ao<br />
perceber que Guiomar começara a ser nota<strong>da</strong> por outros rapazes que não Jorge,<br />
começa a agir: “Mrs. Oswald concebeu então um projeto insensato, que lhe<br />
pareceu, aliás, excelente e de bom aviso. O desejo de servir a baronesa e levar<br />
uma idéia ao fim tapou-lhe os olhos <strong>da</strong> razão” 231 .<br />
Depois de expor o que considera ser “um plano completo‖ 232 para Jorge,<br />
detalhando os próximos passos que este deveria tomar para não deixar outras<br />
alternativas a Guiomar a não ser casar-se com ele, Mrs. Oswald tranqüiliza o<br />
rapaz quanto à possibili<strong>da</strong>de de não haver sucesso nessa empreita<strong>da</strong>. In<strong>da</strong>ga<strong>da</strong><br />
por ele sobre uma possível recusa de Guiomar em relação à sua pessoa, Mrs.<br />
Oswald se diz confiante no reconhecimento de Guiomar por sua tutora e no receio<br />
de perder sua estima: “– A gratidão... e o interesse, continuou ela; devemos<br />
contar também com o interesse, que é um grande conselheiro íntimo. Ela não há<br />
de querer sacrificar a afeição <strong>da</strong> madrinha, que para ela vale...” 233<br />
Posto o plano em prática, a <strong>da</strong>ma de companhia vê na realização do<br />
casamento de Guiomar com Jorge uma guerra a ser venci<strong>da</strong>: “Mrs. Oswald temia<br />
ver surgir a ca<strong>da</strong> passo um novo inimigo emboscado em algum teatro ou baile, ou<br />
quando menos na rua do Ouvidor, e não via que o inimigo novo podia ser que<br />
estivesse literalmente ao pé <strong>da</strong> porta. A sagaci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> inglesa desta vez foi um<br />
tanto míope” 234 .<br />
Mrs. Oswald é a primeira pessoa a perceber a indiferença de Guiomar por<br />
Estêvão, seu primeiro pretendente, e a primeira pessoa a inquirir a moça sobre<br />
possíveis sentimentos com o intuito de son<strong>da</strong>r-lhe as intenções:<br />
A sagaz inglesa afivelou a máscara mais impassível que trouxera<br />
<strong>da</strong>s ilhas britânicas e não os perdeu de vista. Nem <strong>da</strong> primeira<br />
nem <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> vez viu na<strong>da</strong> mais que os olhos dele, que<br />
solicitavam os dela, e os dela que pareciam surdos. Havia decerto<br />
230 ASSIS, Machado de. A mão e a luva. 5ª ed. São Paulo: Ática, 1977, p. 69 – 70.<br />
231 Idem, p. 78.<br />
232 Idem, p. 79.<br />
233 Idem.<br />
234 Idem, p. 73.