Capítulo I - Repositório Institucional da UFSC
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antigo, tradicional e o início <strong>da</strong> formação de um império em um continente já<br />
praticamente tomado por governos republicanos. Nascia assim a nação brasileira.<br />
Criado o Estado, muitos seriam os desafios a se apresentarem, a<br />
começar pela dificul<strong>da</strong>de em implantar e manter a soberania em um país tão<br />
extenso como o Brasil, pois, além <strong>da</strong> eclosão de revoltas internas em diversos<br />
estados, havia ain<strong>da</strong> o sério problema internacional para resolver a respeito <strong>da</strong>s<br />
fronteiras do sul 21 . Paralelo a esses entraves existia ain<strong>da</strong> o objetivo final de fazer<br />
com que o país fizesse parte <strong>da</strong>s “nações civiliza<strong>da</strong>s” tal qual França e Inglaterra.<br />
De fato, esse desejo de europeização já havia tomado forças com a instauração<br />
<strong>da</strong> Corte Portuguesa em 1808 na ci<strong>da</strong>de do Rio de Janeiro, sendo a família real<br />
um difusor de modos e costumes europeus na colônia, despertando na socie<strong>da</strong>de<br />
uma pretensão de imitar a tão invejável socie<strong>da</strong>de européia, como demonstra<br />
Pinho 22 :<br />
A presença de D. João VI não podia deixar de influir fortemente<br />
nos hábitos <strong>da</strong> alta socie<strong>da</strong>de do Brasil, especialmente a do Riode-Janeiro.<br />
As hierarquias e pragmáticas, as festas e soleni<strong>da</strong>des<br />
<strong>da</strong> casa real somaram-se ao grande número de fi<strong>da</strong>lgos ricos que<br />
de Portugal se haviam transferido. 23<br />
Mas não seriam só os modos e costumes <strong>da</strong> nova socie<strong>da</strong>de que se<br />
formava que sofreria influência <strong>da</strong> cultura européia. É no campo político e<br />
intelectual que as idéias desse continente teriam maior alcance. Segundo<br />
Scantimburgo 24 , circulavam entre os intelectuais do Brasil as obras mais recentes<br />
de autores liberais europeus, dentre outros Benjamin Constant, cuja presença na<br />
elaboração <strong>da</strong> primeira Constituição Imperial seria decisiva. As notícias <strong>da</strong> Europa<br />
21<br />
Cabanagem – Os cabanos tomam a ci<strong>da</strong>de de Belém (Grão-Pará) e a eclosão <strong>da</strong> Guerra dos<br />
Farrapos – 1835/ Proclamação <strong>da</strong> República Rio-Grandense, pelos farroupilhas – 1836/<br />
Eclosão <strong>da</strong> Sabina<strong>da</strong> na província <strong>da</strong> Bahia – 1837/ Eclosão <strong>da</strong> Balaia<strong>da</strong> na província do<br />
Maranhão – 1838/ Revoltas Liberais nas províncias de São Paulo e Minas Gerais – 1842 e o<br />
início <strong>da</strong> Revolta Praieira na província de Pernambuco – 1848. (SCHWARCZ, Lilia Moritz. As<br />
Barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia <strong>da</strong>s<br />
Letras, 1998).<br />
22<br />
PINHO, Wanderley. Salões e Damas do Segundo Reinado. São Paulo: Livraria Martins, 1942,<br />
p. 13.<br />
23<br />
A esquadra inglesa ofereceu proteção a todos os fi<strong>da</strong>lgos, aos altos funcionários, aos generais,<br />
aos homens principais <strong>da</strong> Corte que acompanhassem a família real em sua jorna<strong>da</strong>. Segundo<br />
Norton, embarcaram para o Brasil de dez a quinze mil pessoas entre nobres, funcionários,<br />
padres, criados e tropa. (NORTON, Luiz. A corte de Portugal no Brasil. São Paulo: Nacional,<br />
1938).<br />
24<br />
SCANTIMBURGO, João de. O Brasil e a Revolução Francesa. São Paulo: Pioneira, 1989, p.<br />
181.<br />
19