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Capítulo I - Repositório Institucional da UFSC

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Aliás, foi na França que a carreira de cortesã tomou impulso justamente<br />

no século XIX. A Revolução Francesa – ponto de parti<strong>da</strong> do desenvolvimento<br />

sócio-cultural europeu, a que<strong>da</strong> do Imperador Napoleão Bonaparte e a crescente<br />

transformação social que estava varrendo a Europa devido à Revolução Industrial<br />

origina<strong>da</strong> na Inglaterra, causaram mu<strong>da</strong>nças profun<strong>da</strong>s na socie<strong>da</strong>de como um<br />

todo. Depois de longos períodos em campos de batalhas, os jovens franceses<br />

poderiam enfim usufruir de to<strong>da</strong> a efervescência do mundo urbano. Ademais, o<br />

aumento do consumo de mercadorias e grande circulação de moe<strong>da</strong>s acabaram<br />

por modificar o espaço onde se <strong>da</strong>vam as relações comerciais do sexo no século<br />

XIX. Até então a prostituta tinha apenas as ruas como possibili<strong>da</strong>de de praticar<br />

seu ofício ou ain<strong>da</strong> trabalhar em cabarés juntamente com muitas outras mulheres,<br />

tendo que servir a diferentes clientes e certamente viver à mercê de um cafetão<br />

ou cafetina. Entretanto, ain<strong>da</strong> que nesses cabarés não se oferecessem apenas<br />

sexo, mas também diversos entretenimentos como música, <strong>da</strong>nça, jogo e a<br />

possibili<strong>da</strong>de de confraternização entre os presentes, uma vez que se criava um<br />

círculo social dentre suas paredes, mesmo assim havia clientes que preferiam, na<br />

tentativa de se preservar, a companhia particular de uma cortesã que geralmente<br />

possuía moradia própria.<br />

Além <strong>da</strong> privaci<strong>da</strong>de que a residência particular de uma cortesã oferecia<br />

em relação à exposição pública, era de se esperar que essas mulheres tivessem<br />

noção de política, arte, literatura e assuntos em geral ligados à cultura – enfim,<br />

atributos que favorecessem a comunicação tanto no seu ambiente restrito como<br />

em ro<strong>da</strong>s de discussões masculinas. Mas, mais que tudo, e não poderia ser<br />

diferente, uma cortesã era mulher livre, e por conta de sua liber<strong>da</strong>de poderia se<br />

<strong>da</strong>r ao luxo de escolher com quem queria se deitar e por quanto tempo manteria<br />

tal relação.<br />

No Brasil oitocentista, era grande o número de mulheres que viviam do<br />

sexo, principalmente na Corte, pois, ou a mulher fazia parte <strong>da</strong> “socie<strong>da</strong>de” por<br />

nascimento, apadrinhamento, matrimônio, ou vivia de outras funções<br />

considera<strong>da</strong>s “menores” no âmbito <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de como um todo, quando<br />

pertencentes às cama<strong>da</strong>s pobres <strong>da</strong> população 156 . Entre essas funções,<br />

156 Veja-se um trecho de Hahner sobre a situação <strong>da</strong>s mulheres sem recursos deste período: “(...)<br />

poucos sinais de mu<strong>da</strong>nças podiam ser detectados nas vi<strong>da</strong>s de mulheres pobres lutando para<br />

sobreviver em moradias escuras e úmi<strong>da</strong>s ou labutando em oficinas abafa<strong>da</strong>s e fábricas sem<br />

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