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Capítulo I - Repositório Institucional da UFSC

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Moreninha, utilizando linguagem de fácil compreensão, proporcionou uma rápi<strong>da</strong><br />

identificação do leitor fluminense do período com a sua obra 73 .<br />

O romance, publicado em forma de folhetim em 1844, se dá em torno de<br />

uma aposta feita por quatro estu<strong>da</strong>ntes de medicina – Augusto, Fabrício, Filipe e<br />

Leopoldo – <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de do Rio de Janeiro do fim <strong>da</strong> primeira metade do século XIX.<br />

Um deles, Augusto, é tido pelos amigos como namorador inconstante. Ele próprio<br />

confessa aos colegas ser incapaz de amar uma mulher por mais de três dias. Um<br />

de seus amigos, Filipe, o convi<strong>da</strong>, juntamente com os outros dois companheiros,<br />

Fabrício e Leopoldo, a passarem o fim de semana em uma ilha, na casa de sua<br />

avó, D. Ana. Ali também estarão duas primas e a irmã mais jovem de Filipe,<br />

Carolina, mais conheci<strong>da</strong> como Moreninha. Por causa <strong>da</strong> fama de namorador do<br />

colega, Filipe propõe-lhe um desafio: se a partir <strong>da</strong>quele final de semana Augusto<br />

se envolver sentimentalmente com alguma, e só uma mulher, e se esse<br />

envolvimento perdurar por no mínimo quinze dias, deverá escrever um romance<br />

no qual contará a história de seu primeiro amor duradouro. Ain<strong>da</strong> que Augusto<br />

afirme veementemente que não correrá esse risco, no final do livro ele estará<br />

completamente apaixonado por Carolina.<br />

Paralelamente ao enredo central – o amor de Augusto e D. Carolina –<br />

Macedo, de maneira irônica, critica o ambiente social, expondo a intimi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s<br />

personagens, suas falhas e seus desejos secretos. To<strong>da</strong>via, tais críticas, diga-se<br />

de passagem, são dispostas de modo sutil em to<strong>da</strong> a narrativa. Como veremos<br />

mais adiante, para que obtivesse êxito na circulação e recepção de sua produção,<br />

o escritor obrigatoriamente teria que levar em consideração o ambiente social<br />

para o qual iria produzir. Em outras palavras, o escritor deveria se ajustar ao seu<br />

público-leitor. E Macedo, segundo Candido, ajustou-se estreitamente ao seu<br />

meio. Ao construir narrativas cujo cenário e personagens eram familiares, de todo<br />

o dia, entremeados a peripécias e sentimentos enre<strong>da</strong>dos e poéticos, de acordo<br />

com as necessi<strong>da</strong>des médias de sonho a aventura 74 , o autor conquistou um<br />

imenso sucesso diante do público-leitor do século XIX.<br />

73 CANDIDO, Antonio. A Formação <strong>da</strong> Literatura Brasileira, (Momentos Decisivos), 2 vols., 3ª ed.<br />

São Paulo: Ed. Martins, 1969, p. 145.<br />

74 Idem, p. 137.<br />

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