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Capítulo I - Repositório Institucional da UFSC

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<strong>Capítulo</strong> III<br />

_________________________________________________<br />

LÚCIA: uma cortesã no Império<br />

(...) foi José de Alencar,<br />

revolucionário em letras, conservador<br />

em política.<br />

(José Veríssimo)<br />

No romance apresentado no capítulo anterior observou-se a<br />

transformação de um homem devido ao seu amor por uma mulher. Essa<br />

transformação de Augusto se dá à medi<strong>da</strong> que toma consciência do modo de<br />

proceder diferente de D. Carolina em relação às outras mulheres que a cercam e<br />

em relação a sua postura de “desdém” perante uma socie<strong>da</strong>de possuidora de<br />

certas regras de “bom” comportamento.<br />

To<strong>da</strong>via, assim como o rapaz se rende ante o amor que sente por<br />

Moreninha – descrita até então como travessa, indiferente, ligeira e firme no<br />

propósito de manter sua liber<strong>da</strong>de num mundo em que o casamento era a<br />

finali<strong>da</strong>de deseja<strong>da</strong> – o mesmo acontece com a moça que, ao sentir a ausência<br />

do amado, percebe o quão importante ele se tornara em sua vi<strong>da</strong>. Sofre, perde<br />

um pouco <strong>da</strong> sua característica que lhe é muito peculiar – a vivaci<strong>da</strong>de –<br />

voltando a senti-la e demonstrá-la somente no final, quando se dá o regresso de<br />

Augusto e conseqüentemente a revelação mútua do amor entre o casal.<br />

Moreninha encanta, envolve, seduz, entretanto se coloca na mesma<br />

posição do amado quando compreende a extensão de seus sentimentos.<br />

Poderíamos arriscar a dizer que apesar de Augusto se submeter aos caprichos de<br />

D. Carolina, agindo em muitos momentos como cativo/aprendiz, a relação de<br />

ambos não envolve a submissão de um ou de outro e sim uma comunhão – uma<br />

igual<strong>da</strong>de de posição. É importante lembrar que essa igual<strong>da</strong>de de posição se dá<br />

apenas no campo amoroso, mesmo porque não há em A Moreninha outro conflito<br />

além do romance dos dois jovens. Nem conflito de ordem moral, de ordem social<br />

ou de gênero. E seu desenlace é bem característico do romance macediano em<br />

que, como afirma Candido, em seus desfechos, tudo se equilibra, tudo se

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