08.05.2013 Views

Capítulo I - Repositório Institucional da UFSC

Capítulo I - Repositório Institucional da UFSC

Capítulo I - Repositório Institucional da UFSC

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

vi<strong>da</strong>, uma vi<strong>da</strong> completamente diferente <strong>da</strong> que teria caso não tivesse ficado órfã.<br />

Recebendo este bilhete, a moça “escapa por um triz de ser inferior e<br />

mercenária” 221 .<br />

A princípio, quando se deu a morte de seu pai, Guiomar, juntamente com<br />

sua mãe, se viram em situação precária. A madrinha, mais do que depressa, se<br />

prontificou em ajudá-las, pois “entendia que era seu dever” 222 . Guiomar passa a<br />

conviver somente com sua mãe, uma mulher “enérgica e resoluta” 223 ,<br />

determina<strong>da</strong> a preparar a filha para uma vi<strong>da</strong> de luta e sacrifícios. Durante esse<br />

período a relação mãe/filha se dá envolta na mais completa solidão.<br />

Aos treze anos a moça perde sua mãe, não lhe restando mais ninguém<br />

próximo a não ser a baronesa, sua madrinha 224 . Com dezesseis anos, já sob o<br />

teto de sua protetora, demonstrando ter her<strong>da</strong>do o caráter forte e lutador de sua<br />

genitora, a moça age com muito tato, como que prevendo que seu futuro<br />

dependeria unicamente <strong>da</strong> sua postura diante <strong>da</strong> nova situação que se<br />

apresentava.<br />

4.1 Uma inglesa entra em cena<br />

Faoro diz que na burguesia mascara<strong>da</strong> de nobreza que se forma no<br />

Segundo Reinado, penetram os homens de nascimento humilde por duas portas:<br />

a cunhagem e o enriquecimento. Na cunhagem, o recém-vindo sofre o mesmo<br />

processo que o metal ao se amoe<strong>da</strong>r, recebendo a marca e as insígnias do<br />

círculo que o aceita 225 .<br />

221<br />

SCHWARZ, Roberto. Ao Vencedor as Batatas: forma literária e processo social nos inícios do<br />

romance brasileiro. 5ª ed. São Paulo: Duas Ci<strong>da</strong>des, 2000, p. 114.<br />

222<br />

ASSIS, Machado de. A mão e a luva. 5ª ed. São Paulo: Ática, 1977, p. 31.<br />

223<br />

Idem.<br />

224<br />

Para melhor compreender a relação afilha<strong>da</strong>-madrinha, utilizamos um pequeno trecho de<br />

Candido, citado por Franco: “Os vínculos estabelecidos entre padrinho e afilhado eram tão ou<br />

mais fortes que os <strong>da</strong> consangüini<strong>da</strong>de: não apenas o padrinho era obrigado a tomar o lugar do<br />

pai, sempre que necessário, mas tinha que aju<strong>da</strong>r seu afilhado em várias ocasiões...”, aqui<br />

nesse caso, como a baronesa é a chefe do seu grupo, ela toma para si a obrigação com a<br />

afilha<strong>da</strong>. (FRANCO, Maria Sylvia de Carvalho. Homens livres na ordem escravocrata. 4ª ed.<br />

São Paulo: Fun<strong>da</strong>ção Editora <strong>da</strong> UNESP, 1997, p. 84 – 85).<br />

225<br />

FAORO, Raymundo. Machado de Assis: a pirâmide e o trapézio. 4ª ed. São Paulo: Globo,<br />

2001, p. 25.<br />

98

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!