Artigos do 18° COLE publicados na revista LTP - 9ª parte
Artigos do 18° COLE publicados na revista LTP - 9ª parte
Artigos do 18° COLE publicados na revista LTP - 9ª parte
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
O PAPEL DA EXPERIÊNCIA NO ENSINO EM EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: CONSIDERAÇÕES A PARTIR DO MÉTODO...<br />
e experiência mostran<strong>do</strong> que esta não é resulta<strong>do</strong> daquele e<br />
de que um só é possível quan<strong>do</strong> se tem a outra.<br />
Após apresentar os elementos que interferem <strong>na</strong><br />
possibilidade de se viver experiências nos dias atuais, Larrosa<br />
vai defi nir o sujeito da experiência:<br />
Se escutamos em espanhol, nessa língua em que a<br />
experiência é “o que nos passa”, o sujeito da experiência<br />
seria algo como um território de passagem, algo como<br />
uma superfície sensível que aquilo que acontece<br />
afeta de algum mo<strong>do</strong>, produz alguns afetos, inscreve<br />
algumas marcas, deixa alguns vestígios, alguns efeitos.<br />
Se escutamos em francês, em que a experiência é “ce<br />
que nous arrive”, o sujeito da experiência é um ponto<br />
de chegada, um lugar a que chegam as coisas, como um<br />
lugar que recebe o que chega e que, ao receber, lhe dá<br />
lugar. E em português, em italiano e em inglês, em que<br />
a experiência soa como “aquilo que nos acontece, nos<br />
sucede”, ou “happen to us”, o sujeito da experiência é<br />
sobretu<strong>do</strong> um espaço onde têm lugar os acontecimentos.<br />
(LARROSA, 2002, p. 19)<br />
Dessa maneira, entendemos que o sujeito de experiência é o<br />
sujeito que recepcio<strong>na</strong>, que se dispõe a receber um acontecimento,<br />
aquele que é toca<strong>do</strong>, que se sente ameaça<strong>do</strong> por algo que lhe passa.<br />
Em seguida Larrosa afi rma, após discutir sobre a experiência,<br />
que as palavras que proferimos produzem nossa subjetividade e<br />
afi rma que é a partir delas que pensamos. Para o autor espanhol,<br />
o pensamento se dá pelas palavras e são elas que determi<strong>na</strong>m<br />
nosso pensamento: não como raciocínio, cálculo ou argumento,<br />
mas como dar um senti<strong>do</strong> ao que somos e ao que nos acontece<br />
(LARROSA, 2002). Larrosa aponta que “tem a ver com as palavras<br />
o mo<strong>do</strong> como nos colocamos diante de nós mesmos, diante <strong>do</strong>s<br />
outros e diante <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> em que vivemos” (LARROSA, 2002, p.<br />
21). E em seguida completa: “e o mo<strong>do</strong> como agimos em relação<br />
a tu<strong>do</strong> isso” (LARROSA, 2002, p. 21).<br />
Larrosa (2004, p. 22) trata <strong>do</strong>s aspectos da experiência e<br />
sobre o par experiência/senti<strong>do</strong>, que a experiência é “subjetiva,<br />
contextual, fi nita, provisio<strong>na</strong>l, sensível, mortal, de carne e osso<br />
como a vida”. O primeiro aspecto geral da experiência, para<br />
LEITURA: TEORIA & PRÁTICA (SUPLEMENTO), n.58, jun.2012<br />
Larrosa, é o senti<strong>do</strong>. A experiência potencializa a vida. Quan<strong>do</strong><br />
a experiência é sentida, a mesma possibilita um senti<strong>do</strong> à vida.<br />
Dessa maneira, o autor pensa a experiência como possibilidade<br />
para se pensar a educação.<br />
Segun<strong>do</strong> Larrosa (2004)<br />
Perso<strong>na</strong>lmente, he intenta<strong>do</strong> hacer so<strong>na</strong>r la palabra<br />
experiencia cerca de la palabra vida o, mejor, de un<br />
mo<strong>do</strong> más preciso, cerca da palabra existencia. La<br />
experiencia seria el mo<strong>do</strong> de habitar el mun<strong>do</strong> de un<br />
ser que existe, de un ser que no tiene otro ser, otra<br />
esencia, que su propia existencia: corporal, fi nita,<br />
encar<strong>na</strong>da, en el tiempo y en el espacio, siempre escapa<br />
a cualquier determi<strong>na</strong>ción, porque es en ella misma un<br />
exceso, un desbordamiento, porque es en ella misma<br />
posibilidad, creación, invención, acontecimiento. […]<br />
Y la experiencia es lo que es, y además más y otra cosa,<br />
y además más u<strong>na</strong> cosa para ti y otra cosa para mí, y<br />
u<strong>na</strong> cosa hoy y otra maña<strong>na</strong>, y u<strong>na</strong> cosa aquí y otra cosa<br />
allí, y no se defi ne por su determi<strong>na</strong>ción sino por su<br />
indetermi<strong>na</strong>ción, por su apertura. (LARROSA, 2004,<br />
p. 25)<br />
Cada sujeito confere um conhecimento ao que percebe –<br />
quan<strong>do</strong> esse o afeta. Se um aprendiza<strong>do</strong>, por exemplo, não lhe<br />
afetar, não haverá, também, o senti<strong>do</strong>. A simbiose experiência/<br />
senti<strong>do</strong> se faz quan<strong>do</strong> se é leva<strong>do</strong> a pensar e isso só acontece<br />
quan<strong>do</strong> algo há dileção e, quan<strong>do</strong> a experiência se humaniza,<br />
há um movimento no qual se transforma o pensamento<br />
(LARROSA, 2004).<br />
Assim, quan<strong>do</strong> nos voltamos à questão da aprendizagem<br />
com senti<strong>do</strong> da leitura e da escrita e a atualidade que perpassa<br />
pelo Méto<strong>do</strong> Paulo Freire, perguntamo-nos como acontece a<br />
relação entre o ensi<strong>na</strong><strong>do</strong> e o aprendi<strong>do</strong>. Segun<strong>do</strong> Larrosa:<br />
Porque aí, <strong>na</strong> formação, a questão não é aprender<br />
algo. A questão não é que, a princípio, não saibamos<br />
algo e, no fi <strong>na</strong>l, já o saibamos. Não se trata de uma<br />
relação exterior com aquilo que se aprende, <strong>na</strong> qual o<br />
aprender deixa o sujeito modifi ca<strong>do</strong>. Aí se trata mais<br />
de se constituir de uma determi<strong>na</strong>da maneira. De<br />
2813