Artigos do 18° COLE publicados na revista LTP - 9ª parte
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O LUGAR DA LITERATURA JUVENIL: ENTRE A INDÚSTRIA CULTURAL E OS PROBLEMAS DE GÊNERO E MODO<br />
formalidades como o “usted” por o “tu” generaliza<strong>do</strong>;<br />
o conhecimento, dentro <strong>do</strong> qual se valorizaria de igual<br />
mo<strong>do</strong> aquele que tenha conhecimento cientifi co e o<br />
que não tinha nenhum; o casal, que teve que deixar<br />
a hegemonia <strong>do</strong> sexo masculino para um sistema de<br />
igualdade (OBIOLS, 2006, p. 55). (tradução minha).<br />
A a<strong>do</strong>lescência passou a durar mais tempo e a retardar a idade<br />
adulta, por ser esta sinônimo de ser velho. Assim, a a<strong>do</strong>lescência<br />
deixou de ser uma passagem para ser uma fase de fato, muito mais<br />
próxima de um estilo de vida <strong>do</strong> que de um perío<strong>do</strong> etário. Este<br />
estilo fi rma-se pelo mo<strong>do</strong> consumista, liga<strong>do</strong> ao merca<strong>do</strong> e aos<br />
bens de consumo, pelo apego à moda, aos valores materiais, às<br />
diferentes tecnologias e comunicabilidades. Este a<strong>do</strong>lescente não<br />
precisa mais deixar a casa <strong>do</strong>s pais e o conforto da dependência<br />
pater<strong>na</strong>, pois suas necessidades são outras e o seu perío<strong>do</strong> de<br />
maturação se vê prolonga<strong>do</strong> (OBIOLS, 2006).<br />
Este a<strong>do</strong>lescente se vê pressio<strong>na</strong><strong>do</strong> entre duas gerações: a<br />
<strong>do</strong>s seus pais que ainda esperam respeito e a <strong>do</strong>s seus futuros<br />
fi lhos que esperarão a mesma liberdade de expressão que seus<br />
pais (atuais a<strong>do</strong>lescentes/jovens) têm. Ao perceber o seu espaço<br />
e a sua função, este a<strong>do</strong>lescente recria o mun<strong>do</strong> que está se<br />
forman<strong>do</strong> junto com a sua geração.<br />
Na literatura juvenil, tal processo não passa despercebi<strong>do</strong> e<br />
se encontra impresso em obras que estão impreg<strong>na</strong>das da cultura<br />
mercantil seja em seus temas, rodapés ou projetos gráfi cos.<br />
Portanto, no próximo tópico, trataremos <strong>do</strong>s aspectos particulares<br />
da literatura juvenil, da sua polêmica à sua aplicação.<br />
4. Literatura juvenil: um problema de gênero e mo<strong>do</strong><br />
Os estu<strong>do</strong>s sobre literatura infantil e juvenil apresentamse<br />
como refl exões muito pouco limitadas <strong>do</strong> ponto de vista<br />
discipli<strong>na</strong>r. Durante muito tempo, a literatura infantil e a juvenil<br />
foram estudadas e entendidas a partir de um caráter pedagógico:<br />
detentoras de algum ensi<strong>na</strong>mento, alguma mensagem ou<br />
alguma moral. Dada a íntima relação entre literatura e escola,<br />
em razão da submissão da primeira aos intentos da segunda, a<br />
literatura infantil e a juvenil acabaram escolarizadas.<br />
LEITURA: TEORIA & PRÁTICA (SUPLEMENTO), n.58, jun.2012<br />
Para Padrino (2005), quan<strong>do</strong> o reconhecimento da literatura<br />
infantil parecia ter chega<strong>do</strong>, outro fenômeno ocorreu no merca<strong>do</strong><br />
editorial: o aparecimento da literatura juvenil. Segun<strong>do</strong> o autor<br />
(2005, p. 59), um <strong>do</strong>s problemas da literatura juvenil é o fato de<br />
ela ser vista como uma literatura educativa.<br />
É educativa a literatura infantil e juvenil? Claro que sim,<br />
mas <strong>na</strong> mesma medida que a literatura geral. Somente cabe<br />
rejeitar tu<strong>do</strong> o que não contempla essa realidade literária<br />
como autêntica literatura. Nunca margi<strong>na</strong>lizada ou com<br />
diferentes critérios que usamos quan<strong>do</strong> nos referimos a<br />
qualquer outra realidade literária. (tradução minha).<br />
É importante o fato de o autor afi rmar a literatura juvenil<br />
como literatura e o seu caráter educativo <strong>na</strong> mesma proporção<br />
que o é para toda e qualquer literatura. Mais adiante, Padrino<br />
(2005, p. 60) confi rma as necessidades e o funcio<strong>na</strong>mento de<br />
uma literatura vista como juvenil:<br />
O auge atual da denomi<strong>na</strong>da literatura juvenil é a<br />
consequência de <strong>do</strong>is fatores básicos. Primeiro, o desejo<br />
<strong>do</strong>s professores por desenvolver ou manter autênticos<br />
hábitos leitores contan<strong>do</strong> para isso com criações<br />
mais adaptadas aos interesses e conhecimentos da<br />
realidade próprios da idade juvenil. Segun<strong>do</strong>, algumas<br />
abordagens editorais que buscam a adaptação de seus<br />
produtos aos condicio<strong>na</strong>mentos específi cos <strong>do</strong>s jovens,<br />
como um setor de merca<strong>do</strong> com possibilidades até<br />
agora não sufi cientemente atendidas. (tradução minha).<br />
Como uma das precursoras dessa discussão, Magda Soares<br />
(1999) considera o processo de escolarização da literatura como<br />
inevitável, mas defende a possibilidade de descoberta de uma<br />
escolarização adequada da literatura, que seguisse, no momento<br />
da leitura, critérios que preservem o literário, que propiciem ao<br />
leitor a vivência <strong>do</strong> literário e não uma distorção ou uma caricatura<br />
dele. Esses critérios deveriam conduzir, efi cazmente, às práticas de<br />
leitura literária que ocorrem no contexto social e às atitudes e aos<br />
valores próprios <strong>do</strong> ideal de leitor que se quer formar.<br />
A experiência nos mostra que a literatura juvenil (e também<br />
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