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Artigos do 18° COLE publicados na revista LTP - 9ª parte

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O PAPEL DA EXPERIÊNCIA NO ENSINO EM EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: CONSIDERAÇÕES A PARTIR DO MÉTODO...<br />

uma experiência em que alguém, a princípio, era de<br />

uma maneira, ou não era <strong>na</strong>da, pura indetermi<strong>na</strong>ção,<br />

e, ao fi <strong>na</strong>l, converteu-se em outra coisa. Trata-se<br />

de uma relação interior com a matéria de estu<strong>do</strong>, de<br />

uma experiência com a matéria de estu<strong>do</strong>, <strong>na</strong> qual o<br />

aprender forma ou transforma o sujeito. Na formação<br />

humanística, como <strong>na</strong> experiência estética, a relação<br />

com a matéria de estu<strong>do</strong> é de tal <strong>na</strong>tureza que, nela,<br />

alguém se volta para si mesmo, alguém é leva<strong>do</strong> para<br />

si mesmo. E isso não é feito por imitação, mas por algo<br />

assim como por ressonância. Porque se alguém lê ou<br />

escuta ou olha com o coração aberto, aquilo que lê,<br />

escuta ou olha ressoa nele; ressoa no silêncio que é ele,<br />

e assim o silêncio penetra<strong>do</strong> pela forma se faz fecun<strong>do</strong>.<br />

E assim, alguém vai sen<strong>do</strong> leva<strong>do</strong> à sua própria forma.<br />

(LARROSA, 2006a, p. 52)<br />

Pensan<strong>do</strong> com o autor, entendemos que a formação é uma<br />

relação interior com o aprendiza<strong>do</strong> num movimento em que o<br />

sujeito é leva<strong>do</strong> a si mesmo, à sua própria forma. Para tanto, é<br />

necessário que o que lhe foi apresenta<strong>do</strong> seja recebi<strong>do</strong> de forma<br />

provocativa, de forma a permitir que possa ser, de certa forma,<br />

modifi ca<strong>do</strong> por aquilo.<br />

Essa perspectiva, para Bárce<strong>na</strong> (2005, p. 34) trata de:”La<br />

cuestión aquí es la capacidad de recibir y de acoger lo que nos<br />

llega, como fuente de un senti<strong>do</strong> posible; de abrirnos al senti<strong>do</strong><br />

de lo que se hace, sea lo que sea ese senti<strong>do</strong> en un momento o<br />

circunstancia da<strong>do</strong>s”.<br />

Bárce<strong>na</strong>, nesse senti<strong>do</strong>, leva-nos a pensar que devemos<br />

ter certa disposição para receber o que nos chega. Só o que<br />

é acolhi<strong>do</strong> pode ser permea<strong>do</strong> de senti<strong>do</strong>. É essa experiência<br />

desconhecida que devemos permitir que chegue até os<br />

educan<strong>do</strong>s; é essa experiência que deveria chegar por meio da<br />

educação.<br />

O Méto<strong>do</strong> Paulo Freire, dessa perspectiva, utiliza o<br />

conhecimento <strong>do</strong> educan<strong>do</strong> de EJA como possibilidade de<br />

experiência, em que a palavração – que erroneamente pode<br />

ser considerada a essência <strong>do</strong> Méto<strong>do</strong> Paulo Freire – não se<br />

confi gura como o cerne de trabalho. O diálogo, a experiência<br />

e as inquietações, oriundas da realidade <strong>do</strong>s educan<strong>do</strong>s,<br />

LEITURA: TEORIA & PRÁTICA (SUPLEMENTO), n.58, jun.2012<br />

transformaram aulas em diálogos e senti<strong>do</strong>s. Senti<strong>do</strong>s que<br />

ultrapasaram a esfera das letras e que tor<strong>na</strong>m o Méto<strong>do</strong> Paulo<br />

Freire atual. E atual no senti<strong>do</strong> em que a valorização <strong>do</strong> sujeito<br />

como único transforma o educan<strong>do</strong> de EJA em testemunha.<br />

Porém, testemunho é outro conceito que, relacio<strong>na</strong><strong>do</strong> com<br />

a experiência, necessitaria de maiores aprofundamentos, não<br />

possíveis nesta comunicação científi ca. A possibilidade é de<br />

traçar algumas questões e refl exões <strong>na</strong>s conclusões deste texto.<br />

Conclusões<br />

A questão principal que deixamos neste texto se refere a<br />

como suscitar inquietações nos sujeitos acerca de sua própria<br />

existência? Como modifi car a maneira <strong>do</strong>s alunos encararem<br />

suas vivências, fazen<strong>do</strong> com que as mesmas sejam sentidas<br />

como experiências? Como a educação de jovens e adultos pode<br />

propiciar essa busca para o sujeito?<br />

Ao combi<strong>na</strong>rmos o ensino da língua mater<strong>na</strong>, <strong>do</strong> sistema<br />

matemático e de outras habilidades com as experiências <strong>do</strong><br />

sujeito, tentaremos uma educação além da simples técnica, no<br />

senti<strong>do</strong> de reconhecermos os educan<strong>do</strong>s como sujeitos de suas<br />

próprias experiências e fazen<strong>do</strong> que com que, a partir delas,<br />

os mesmos se dispusessem a acolher, além <strong>do</strong>s conhecimentos<br />

escolares necessários, possibilidades para outras dimensões<br />

da formação huma<strong>na</strong> - o que incluiria a abertura para novas<br />

experiências de senti<strong>do</strong>.<br />

Tais concepções de experiência auxiliam no pensar sobre<br />

a necessidade de se estabelecer uma educação de si, por<br />

meio das próprias experiências <strong>do</strong>s sujeitos da educação:<br />

educan<strong>do</strong>s e educa<strong>do</strong>res. Assim, a EJA poderia ser uma forma<br />

de se aproximar inquietações individuais aos conhecimentos<br />

educativos, contribuin<strong>do</strong>, portanto, para que haja, efetivamente,<br />

uma aprendizagem com senti<strong>do</strong>.<br />

Paulo Freire soube responder as questões que iniciaram as<br />

conclusões deste artigo e, <strong>do</strong> nosso ponto de vista, soube por<br />

que também teve sua experiência, assim como apresentamos<br />

<strong>na</strong> breve trajetória desse educa<strong>do</strong>r brasileiro. A experiência<br />

de Freire com a EJA foi, senão, um afetamento, um senti<strong>do</strong>.<br />

A experiência, assim, não ocorreu somente com os educan<strong>do</strong>s<br />

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