Artigos do 18° COLE publicados na revista LTP - 9ª parte
Artigos do 18° COLE publicados na revista LTP - 9ª parte
Artigos do 18° COLE publicados na revista LTP - 9ª parte
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
DO PAPEL À TELA E/OU DA TELA PARA O PAPEL: INFLUÊNCIAS DAS DIFERENTES MÍDIAS NO COTIDIANO ESCOLAR<br />
consequências consideráveis para pensar a leitura e a escrita no<br />
âmbito pedagógico. Para tanto fornecia para as Salas de Leitura<br />
e Laboratórios de Informática das escolas um acervo que<br />
contemplasse o uso de diferentes linguagens, que não somente<br />
livros e textos literários – vistos como a matéria-prima de<br />
trabalho -, mas também outros materiais como computa<strong>do</strong>res,<br />
DVDs, vídeos, CDs, mapas, jor<strong>na</strong>is e <strong>revista</strong>s.<br />
Diante <strong>do</strong> que Lajolo e Zilberman (2009) identifi cam como<br />
a emergência da “Era da informação” (p.17), o desafi o que se<br />
coloca para a escola é sobre como lidar com esta pluralidade<br />
de textos e hipertextos. A escola se vê diante da importância<br />
de uma formação de leitores/escritores críticos, de mo<strong>do</strong> a<br />
“interagir com os diferentes tipos de texto e suportes textuais”<br />
(RIO DE JANEIRO, SME/RJ, 2007b, p.15).<br />
Em termos de críticas no que se refere às propostas <strong>do</strong> UCA,<br />
algumas delas podem parecer semelhantes às <strong>do</strong>s primeiros<br />
projetos liga<strong>do</strong>s ao uso de computa<strong>do</strong>res <strong>na</strong> educação (limitação<br />
técnica <strong>do</strong>s aparelhos, pois são frágeis e não comportam muitas<br />
elaborações – daí o baixo custo -, a busca por respeitar o ensino<br />
individualiza<strong>do</strong> e o tempo de aprendizagem de cada aluno,<br />
a crença que o ensino adquire maior qualidade através das<br />
técnicas, a formação e preparação para uma sociedade cada<br />
vez mais informatizada), mas outras aparentam um caráter<br />
mais inova<strong>do</strong>r, como a proposta da mobilidade (a criança<br />
pode carregar seu netbook para onde quiser) e a conectividade<br />
(propor que to<strong>do</strong>s estejam conecta<strong>do</strong>s com a Internet).<br />
Outro ponto igualmente central refere-se à formação<br />
profi ssio<strong>na</strong>l <strong>do</strong>cente, já que os/as mesmos/as terão de lidar com<br />
toda esta “cultura das mídias” (SANTAELLA, 2003, p.15) em<br />
suas práticas e desenvolver projetos que visem sua interface com<br />
o cotidiano escolar, permea<strong>do</strong> por uma série de outras demandas<br />
como avaliações <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is e inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is e cumprimento de<br />
metas de desempenho para alcançar bonifi cações oferecidas<br />
pela SME/RJ.<br />
Desde 1990, o discurso da capacitação para o uso das<br />
tecnologias manteve-se muito atrela<strong>do</strong> à formação <strong>do</strong> cidadão<br />
<strong>do</strong> século XXI, conforme indicou Mace<strong>do</strong> (2004), ancorada<br />
nos estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> currículo <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l inglês. Contu<strong>do</strong>, vale<br />
atentarmos para as refl exões da autora, quan<strong>do</strong> se preocupa<br />
LEITURA: TEORIA & PRÁTICA (SUPLEMENTO), n.58, jun.2012<br />
com quais saberes serão selecio<strong>na</strong><strong>do</strong>s nesse processo, já que<br />
“o computa<strong>do</strong>r que se mostra ape<strong>na</strong>s como uma ferramenta<br />
esconde formas de organização e seleção <strong>do</strong> conhecimento<br />
váli<strong>do</strong>” (p.57).<br />
Vender softwares curriculares como a verdadeira solução<br />
para os problemas educacio<strong>na</strong>is pode parecer um nicho bastante<br />
lucrativo para grandes empresas que se envolvem <strong>na</strong> disputa<br />
por quem irá comercializar os netbooks <strong>do</strong> PROUCA, por<br />
exemplo. Tais aparatos podem servir tanto a propósitos de fato<br />
interessa<strong>do</strong>s no uso pedagógico e <strong>na</strong>s necessidades de <strong>do</strong>centes<br />
e discentes, quanto para atender a demandas de transmitir (via<br />
tecnologia) conteú<strong>do</strong>s cobra<strong>do</strong>s em avaliações <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is e<br />
inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is.<br />
Até hoje a preocupação com a formação <strong>do</strong>cente e com<br />
a quantidade de materiais permanece, mas ao invés de trazer<br />
a comunidade para a escola como propôs Bossuet (1985), no<br />
PROUCA a proposta origi<strong>na</strong>l é de que cada aluno/a levasse<br />
seus computa<strong>do</strong>res portáteis para casa. Em uma cidade cuja<br />
violência urba<strong>na</strong> se faz tão presente em to<strong>do</strong>s os espaços,<br />
podemos indagar até que ponto tamanha mobilidade seria<br />
exequível.<br />
Embora permaneçam os esforços para incentivar a<br />
aceitação <strong>do</strong> Programa por <strong>parte</strong> <strong>do</strong>s <strong>do</strong>centes, as resistências<br />
permanecem, pois é preciso que cada vez mais se busque, não<br />
renegar a apropriação <strong>do</strong>s computa<strong>do</strong>res pelas escolas, já que é<br />
uma demanda que se faz presente <strong>na</strong> nossa sociedade e já vem<br />
também como <strong>parte</strong> <strong>do</strong>s anseios de grande <strong>parte</strong> <strong>do</strong> alu<strong>na</strong><strong>do</strong>.<br />
Contu<strong>do</strong>, eles precisam ser introduzi<strong>do</strong>s nos currículos a partir<br />
das diferentes lógicas de cada escola (MACEDO, 2004, p.58),<br />
cada qual um verdadeiro microcosmo.<br />
Atuan<strong>do</strong> com mais proximidade ao contexto da prática<br />
cotidia<strong>na</strong> <strong>na</strong> Escola Conecta e <strong>do</strong>s/as <strong>do</strong>centes que ali se inserem,<br />
podemos perceber que os programas em torno <strong>do</strong> uso das<br />
tecnologias informáticas propostos para serem utiliza<strong>do</strong>s pelas<br />
escolas serão sempre resulta<strong>do</strong> de processos de recontextualização<br />
por hibridismo (LOPES, 2008a, 2008b, 2005), já que no cotidiano<br />
escolar serão múltiplas e complexas as ações e reações <strong>do</strong>s/as<br />
<strong>do</strong>centes para lidar com as demandas que o programa requer. Em<br />
suma, a tecnologia não determi<strong>na</strong> a sociedade, mas ela é <strong>parte</strong><br />
2866