28.06.2013 Views

Artigos do 18° COLE publicados na revista LTP - 9ª parte

Artigos do 18° COLE publicados na revista LTP - 9ª parte

Artigos do 18° COLE publicados na revista LTP - 9ª parte

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

PROCESSOS INFERENCIAIS EM ATIVIDADES ESCOLARES DE LEITURA E O (RE)CONHECIMENTO DA VOZ DO ALUNO-LEITOR<br />

inferência e os resulta<strong>do</strong>s da aplicação de três questões retiradas<br />

de uma atividade de leitura apresentada em um LD.<br />

A inferenciação como processo de signifi cação<br />

Partin<strong>do</strong> de uma concepção interativa de leitura, a<br />

Psicolinguística entende que as inferências correspondem<br />

ao resulta<strong>do</strong> da articulação entre informação visual (texto) e<br />

informação não visual (conhecimento prévio). Dessa forma,<br />

o leitor utiliza a informação não visual para fazer previsões e<br />

inferir: “deduzir certas informações não explícitas no texto, e que<br />

são importantes para que ele possa conectar as <strong>parte</strong>s <strong>do</strong> texto e<br />

chegar, enfi m, a uma compreensão coerente e global <strong>do</strong> material<br />

li<strong>do</strong>” (Fulgêncio e Liberato, 2003, p.27). Dessa forma, em uma<br />

atividade de leitura, o leitor articula ao texto conhecimentos que<br />

ele já possui, estabelecen<strong>do</strong> relações entre as <strong>parte</strong>s, integran<strong>do</strong><br />

as informações e dan<strong>do</strong> coerência ao to<strong>do</strong>, enfi m, construin<strong>do</strong><br />

signifi ca<strong>do</strong>s. As inferências se constituem como resulta<strong>do</strong> de<br />

processos cognitivos inerentes à leitura, uma vez que<br />

a compreensão da linguagem é então um verdadeiro<br />

jogo entre aquilo que está explícito no texto (que é em<br />

<strong>parte</strong> percebi<strong>do</strong>, em <strong>parte</strong> previsto) e entre aquilo que<br />

o leitor insere no texto por conta própria, a partir de<br />

inferências que faz, basea<strong>do</strong> no seu conhecimento <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong> (Fulgêncio e Liberato, 2003, p.28).<br />

Dessa forma, o processo de geração de inferências se<br />

colocaria como fundamental em um processo de leitura<br />

verdadeiramente interativo, no qual o leitor é tão ativo<br />

<strong>na</strong> construção de significa<strong>do</strong>s como o texto com o qual<br />

interage,<br />

sen<strong>do</strong> as inferências um processo cognitivo relevante<br />

para esse tipo de atividade. Isto ocorre porque elas<br />

possibilitam a construção de novos conhecimentos<br />

a partir de da<strong>do</strong>s previamente existentes <strong>na</strong> memória<br />

<strong>do</strong> interlocutor, os quais são ativa<strong>do</strong>s e relacio<strong>na</strong><strong>do</strong>s<br />

às informações veiculadas pelo texto. Esse processo<br />

favorece a mudança e a transformação <strong>do</strong> leitor, que,<br />

LEITURA: TEORIA & PRÁTICA (SUPLEMENTO), n.58, jun.2012<br />

por sua vez, modifi ca o texto (Ferreira e Dias, 2004,<br />

p.439).<br />

Entenden<strong>do</strong>, portanto, que, nos termos da Psicolinguística, as<br />

inferências são resulta<strong>do</strong> de processos cognitivos desenvolvi<strong>do</strong>s<br />

para a construção de signifi ca<strong>do</strong>s por meio da interação entre texto<br />

e leitor, ou informação visual e informação não visual, podemos<br />

buscar nos termos da Linguística Cognitiva como se daria esse<br />

processo, por meio da relação que se apresenta entre o processo de<br />

integração conceptual (Fauconnier e Turner, 2002) e a geração de<br />

inferências, apontan<strong>do</strong>-as como resulta<strong>do</strong> desse processo.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, devemos retomar a noção de inferência<br />

como resulta<strong>do</strong> de um processo de formação de conceitos e<br />

chegar, então, a uma defi nição <strong>do</strong> processo de inferenciação<br />

com base nos pressupostos apresenta<strong>do</strong>s anteriormente.<br />

Assim, afi rmamos que a inferenciação é um processo de<br />

formação de conceitos (inferências) que se dá a partir da<br />

integração conceptual entre <strong>do</strong>is inputs de informação:<br />

o conhecimento prévio <strong>do</strong> leitor e a informação visual<br />

apresentada no texto. A inferência, por sua vez, possui um<br />

caráter imprevisto e particular, sen<strong>do</strong> um elemento novo<br />

relativamente aos inputs.<br />

A atividade a<strong>na</strong>lisada<br />

Ao longo de nossa pesquisa, várias foram as atividades de<br />

leitura aplicadas. Neste trabalho, apresentaremos o resulta<strong>do</strong><br />

de algumas questões retiradas de uma atividade de leitura<br />

apresentada no livro “Português: Linguagens” (Cereja e<br />

Magalhães, 2009). As questões formavam <strong>parte</strong> da atividade<br />

baseada no texto “Aos jovens” e compunham a subseção<br />

Compreensão e Interpretação, que efetivamente se propõe<br />

a desenvolver um trabalho com a leitura <strong>do</strong>s textos de mo<strong>do</strong><br />

escrito. Esta atividade foi selecio<strong>na</strong>da por acreditarmos que o<br />

tema <strong>do</strong> texto trabalha<strong>do</strong> contribuiria para a geração de diversas<br />

inferências – e de qualidade – pelos estudantes, por tratarem de<br />

temas que poderiam mais facilmente ser de seu interesse, e sobre<br />

os quais os alunos possuiriam, a princípio, um conhecimento<br />

prévio vasto.<br />

2835

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!