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Artigos do 18° COLE publicados na revista LTP - 9ª parte

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O CINEMA COMO LINGUAGEM NA PRODUÇÃO DE SUJEITOS DO ESPAÇO ESCOLAR NA CONTEMPORANEIDADE<br />

‘crise de identidade’, é vista como <strong>parte</strong> de um processo<br />

mais amplo de mudança que está deslocan<strong>do</strong> as<br />

estruturas e processos centrais das sociedades moder<strong>na</strong>s<br />

e abalan<strong>do</strong> os quadros de referência que davam aos<br />

indivíduos uma ancoragem estável no mun<strong>do</strong> social.<br />

Assim, identifi car-se a si e ao outro nesse momento<br />

de transformação, reconhecer-se dentro de classe, gênero,<br />

sexualidade, etnia, raça e <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lidade, a que nos acostumamos<br />

a utilizar como recorte de classifi cação identitária e social, não<br />

mais é sufi ciente nessa confi guração da contemporaneidade.<br />

Como sujeitos, em um momento de crise, vivenciamos a<br />

perda de um ‘senti<strong>do</strong> de si’ estável e chama<strong>do</strong>, algumas<br />

vezes, de deslocamento ou descentração <strong>do</strong> sujeito.<br />

Esse duplo deslocamento - descentração <strong>do</strong>s indivíduos<br />

tanto de seu lugar no mun<strong>do</strong> social e cultural quanto de<br />

si mesmos - constitui uma ‘crise de identidade’ para o<br />

indivíduo. (HALL, 2006, p. 9)<br />

Nos textos introdutórios <strong>do</strong> projeto, à escola é reserva<strong>do</strong> o<br />

papel de construção de identidades crítico-refl exivas que, de certo<br />

mo<strong>do</strong>, teriam a oportunidade de reconstruir as relações huma<strong>na</strong>s,<br />

a partir da conscientização <strong>do</strong> processo de desumanização<br />

desencadea<strong>do</strong> pela globalização. Para isso, pensa-se o uso <strong>do</strong>s<br />

mecanismos da arte, aqui em especial o cinema, para promover a<br />

interação e o diálogo entre as múltiplas formas de representação<br />

da sociedade. Para tanto, o projeto defende no Caderno <strong>do</strong><br />

Professor Um (2008, p. 9) defi ne a importância em “privilegiar a<br />

diversidade, seja em relação a temas, a escolhas estéticas de seus<br />

realiza<strong>do</strong>res, à representatividade de momentos da história ou à<br />

origem <strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>res”.<br />

Cabe lembrar que um fi lme, além de uma gramática<br />

particular, um conjunto de elementos (planos, luz, som e<br />

montagem), um sistema de códigos diferentes de outros<br />

processos culturais como a escrita, com uma <strong>na</strong>rratividade<br />

criada dentro <strong>do</strong> contexto em que é visto e/ou produzi<strong>do</strong>,<br />

pode também ser um elemento de exclusão. Toman<strong>do</strong> como<br />

exemplo o cinema produzi<strong>do</strong> e exporta<strong>do</strong> por Hollywood, temse<br />

um modelo de <strong>na</strong>rratividade que prioriza uma determi<strong>na</strong>da<br />

LEITURA: TEORIA & PRÁTICA (SUPLEMENTO), n.58, jun.2012<br />

identidade fi xa: “o olhar masculino, branco, ocidental e,<br />

sobretu<strong>do</strong>, heterossexual” (DUARTE, 2002, p. 55.).<br />

Mas não somente desse olhar hollywoodiano é feito o cinema<br />

e o projeto propõe uma diversidade de olhares, ao promover<br />

uma fragmentação através de diferentes formatos <strong>na</strong>rrativos,<br />

gêneros e <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lidades, possibilitan<strong>do</strong> que determi<strong>na</strong>das<br />

convenções cinematográfi cas não se estabeleçam como únicas<br />

e padronizadas, visto que propõe e se permite discutir um<br />

mun<strong>do</strong> amplo, de múltiplos olhares. E tão fragmenta<strong>do</strong> como a<br />

leitura da obra artística é o mun<strong>do</strong> contemporâneo, constituí<strong>do</strong><br />

por múltiplas identidades.<br />

Cabe repetir que o cinema, além de objeto de consumo e<br />

entretenimento é também arte, e como tal implica <strong>na</strong> “refl exão<br />

sobre valores, realidades, ideologias, sentimentos, enfi m sobre a<br />

vida e sobre o mun<strong>do</strong> (...). Evidentemente, não existe uma única<br />

leitura de uma obra de arte” (CADERNO DO PROFESSOR<br />

UM, 2008, p. 9).<br />

5. Considerações fi <strong>na</strong>is<br />

Nesse artigo, preocupamo-nos em a<strong>na</strong>lisar o projeto O<br />

Cinema Vai à Escola – A Linguagem Cinematográfi ca <strong>na</strong><br />

Educação desenvolvi<strong>do</strong> pela SEE e FDE, para utilizar os<br />

recursos da linguagem cinematográfi ca no âmbito escolar,<br />

promoven<strong>do</strong> o desenvolvimento e os olhares <strong>do</strong>s alunos e <strong>do</strong><br />

grupo escolar como um to<strong>do</strong> sobre os problemas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />

contemporâneo e globaliza<strong>do</strong>.<br />

Defendemos que o cinema deva ser incorpora<strong>do</strong> ao ensino,<br />

pois circunda em nosso meio social e faz <strong>parte</strong> da vivência<br />

<strong>do</strong>s alunos e para que não se torne “mais um fi lme”, deve ser<br />

compreendi<strong>do</strong> como política educacio<strong>na</strong>l e cultural, transmissão<br />

de conhecimento e de valores morais e éticos, auxilian<strong>do</strong> <strong>na</strong><br />

construção de valores e conhecimentos. Para tanto, cabe lembrar<br />

que o cinema foi um elemento transforma<strong>do</strong>r <strong>do</strong> homem <strong>do</strong><br />

século XX, que “jamais seria o que é se não tivesse entra<strong>do</strong> em<br />

contato com a imagem em movimento” (HOBSBAWM apud<br />

DUARTE, 2002, p. 18).<br />

Entretanto, há alguns questio<strong>na</strong>mentos a serem levanta<strong>do</strong>s<br />

em relação à apresentação <strong>do</strong> projeto. Inicialmente, refere-<br />

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