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Artigos do 18° COLE publicados na revista LTP - 9ª parte

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Introdução<br />

O POTENCIAL TRANSMIDIÁTICO DE HARRY POTTER E SUAS FANFICTIONS<br />

O tema proposto por este artigo é o universo de Harry<br />

Potter (ROWLING, 2000 - 2007), seu potencial transmidíatico<br />

e como isso impulsio<strong>na</strong> os fãs a produzirem textos a partir desse<br />

universo, textos estes denomi<strong>na</strong><strong>do</strong>s fanfi ctions.<br />

Para tanto, este trabalho propõe-se a estudar uma nova<br />

subcultura 2 , que surgiu acelerada pela popularização da<br />

Internet nos anos 90: a fanfi ction 3 . Fanfi ction é um termo<br />

inglês, que signifi ca: fi cção criada por fãs sem fi ns lucrativos.<br />

Esse fenômeno de fi cção feita por fãs surgiu por volta de 1966,<br />

quan<strong>do</strong> o seria<strong>do</strong> norte-americano Star Trek (Jor<strong>na</strong>da <strong>na</strong>s<br />

Estrelas) fazia sucesso nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. Nesta época as<br />

fanfi cs (ou fi cs) eram distribuídas por fanzines 4 , em convenções<br />

que promoviam o encontro <strong>do</strong>s fãs de determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s produtos<br />

culturais produzi<strong>do</strong>s em série.<br />

Um aspecto fundamental deste tipo de produção é que os<br />

autores escrevem histórias com as quais não poderão lucrar.<br />

O que nos leva a investigar como estes tipos de <strong>na</strong>rrativas<br />

despertam interesse nos jovens, e ainda, o porquê dessas<br />

<strong>na</strong>rrativas possuírem um potencial que faz com que os fãs se<br />

envolvam tanto com seu universo fi ccio<strong>na</strong>l ao ponto de criarem<br />

histórias baseadas <strong>na</strong>s “origi<strong>na</strong>is” sem a pretensão de obter algo<br />

em troca.<br />

O artigo discute a aplicação <strong>do</strong> conceito de <strong>na</strong>rrativas<br />

transmídia no universo fi ccio<strong>na</strong>l da série Harry Potter. A<br />

<strong>na</strong>rrativa transmídia (JENKINS, 2009) pode ser considerada<br />

como um campo de investigação sobre a interação entre as<br />

produções fi ccio<strong>na</strong>is disponibilizadas em diversas mídias,<br />

ou seja, uma <strong>na</strong>rrativa complementan<strong>do</strong> a outra e não ape<strong>na</strong>s<br />

soman<strong>do</strong>-se. Estamos consideran<strong>do</strong>, portanto, as fanfi cs como<br />

des<strong>do</strong>bramentos da história origi<strong>na</strong>l protagonizada pelos fãs.<br />

Para realizar estas refl exões este artigo baseou-se<br />

inicialmente em uma pesquisa descritiva feita por Raz e<br />

LEITURA: TEORIA & PRÁTICA (SUPLEMENTO), n.58, jun.2012<br />

Lucera (2008) em <strong>do</strong>is sites brasileiros de fanfi cs: www.<br />

alianca3vassouras.com e www.fl oreioseborroes.net. Ambos<br />

possuem acervo digital com as <strong>na</strong>rrativas produzidas<br />

pelos fãs, ressaltan<strong>do</strong> que o estu<strong>do</strong> enfatizará o site www.<br />

alianca3vassouras.com.<br />

Toman<strong>do</strong> ainda como aporte teórico os estu<strong>do</strong>s acerca das<br />

mídias digitais atuais (SANTAELLA, 2010) e de como essas<br />

se desenvolvem, a pesquisa teve como objetivo estudar os<br />

elementos que favorecem a convergência midiática da <strong>na</strong>rrativa<br />

de Harry Potter, identifi can<strong>do</strong> seu potencial transmidiático.<br />

1. Narrativas transmídia<br />

As mídias atuais passam por um processo migratório de<br />

interfaces e plataformas, a fi m de atender ao especta<strong>do</strong>r das mais<br />

diversas formas. Cada vez mais novos conteú<strong>do</strong>s basea<strong>do</strong>s em<br />

uma determi<strong>na</strong>da mídia são origi<strong>na</strong><strong>do</strong>s em outra, geran<strong>do</strong> uma<br />

convergência midiática, adequan<strong>do</strong>-se à mudança tecnológica<br />

de cada meio, proporcio<strong>na</strong>n<strong>do</strong> novas experiências aos sujeitos<br />

culturais.<br />

Henry Jenkins (2009), em Cultura da Convergência,<br />

a<strong>na</strong>lisa as possibilidades por trás de cada produção dentro <strong>do</strong><br />

contexto midiático atual. Segun<strong>do</strong> o autor, “convergência é<br />

uma palavra que consegue defi nir transformações tecnológicas,<br />

merca<strong>do</strong>lógicas, culturais e sociais, dependen<strong>do</strong> de quem está<br />

falan<strong>do</strong> e <strong>do</strong> que imagi<strong>na</strong>m estar falan<strong>do</strong>.” (JENKINS, 2009,<br />

p. 29).<br />

Ora, se a intenção é gerar novas experiências, então que o<br />

conteú<strong>do</strong> migra<strong>do</strong> seja algo genuíno, inédito, mas que ainda<br />

traga traços de sua fonte origi<strong>na</strong>l. Afi <strong>na</strong>l, é a mesma história,<br />

contada de outra maneira ou de outra perspectiva. Surge então<br />

a <strong>na</strong>rrativa transmídia (transmedia storytelling), uma forma de<br />

contar uma determi<strong>na</strong>da história, aproveitan<strong>do</strong> possibilidades,<br />

trazen<strong>do</strong> novos elementos que prendam os sujeitos em um<br />

2 - Subcultura é um termo da antropologia que desig<strong>na</strong> os segmentos culturais de uma sociedade complexa. Esses grupos apresentam elementos culturais<br />

restritos e específi cos. (HEBDIGE, 1998).<br />

3 - Histórias de fãs que utilizam as perso<strong>na</strong>gens de J.K. Rowling para criar suas próprias histórias e divulgá-las em sites e comunidades da Internet.<br />

4 - De um mo<strong>do</strong> geral o fanzine é toda publicação feita pelo fã. Seu nome vem da contração de duas palavras inglesas e signifi ca literalmente ‘<strong>revista</strong> <strong>do</strong> fã’<br />

(fa<strong>na</strong>tic magazine). Disponível em: http://kplus.cosmo.com.br/materia.asp?co=41&rv=Literatura Acessa<strong>do</strong> em: 10/02/2012.<br />

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