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Artigos do 18° COLE publicados na revista LTP - 9ª parte

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PROCESSOS INFERENCIAIS EM ATIVIDADES ESCOLARES DE LEITURA E O (RE)CONHECIMENTO DA VOZ DO ALUNO-LEITOR<br />

conclusões diversas, o que, como já dito, parece ser<br />

ignora<strong>do</strong> pelo gabarito <strong>do</strong> livro. Cabe citar, inclusive, que<br />

nenhum <strong>do</strong>s alunos respondeu de acor<strong>do</strong> com o gabarito<br />

da<strong>do</strong> pela questão. Observemos também que as respostas<br />

essencialmente inferenciais possuem base no mesmo frame<br />

construí<strong>do</strong> pelo texto, que é o da juventude em comparação<br />

ao da velhice.<br />

3 – Para aproveitar a vida, temos que fazer o que<br />

dermos vontade sem lembrar de regimes.<br />

5 – Pois nessa idade temos saúde e <strong>na</strong> velhice não.<br />

16 – Porque quan<strong>do</strong> se está jovem não precisa de<br />

se preocupar com essas coisas. Tem que aproveitar<br />

enquanto pode.<br />

35 – Por que <strong>na</strong> velhice não poderão comer.<br />

Quanto às respostas que apontam ape<strong>na</strong>s para o<br />

conhecimento prévio <strong>do</strong>s alunos, podemos verifi car que são<br />

diversas. Entretanto, apesar da variedade, apontam em sua<br />

maioria para questões de saúde e de beleza, o que nos revela<br />

também o fato de os alunos estarem expressan<strong>do</strong> <strong>parte</strong> de<br />

seus processos inferenciais, uma vez que são temas trata<strong>do</strong>s<br />

no texto e que, possivelmente, permitiram a ativação desse<br />

conhecimento por <strong>parte</strong> deles.<br />

1 – Porque o jovem tem uma neura em se preocupar<br />

com o peso, só comer alimentos diet.<br />

10 – Por que os jovens tem muita energia para gastar.<br />

24 – Por que a jovem de hoje só pensam em fi car com<br />

um corpo bonito.<br />

42 – Por que o jovem tem muita desposição e é<br />

saudável, forte para perde to<strong>do</strong> prejuizo causa<strong>do</strong> por<br />

esses alimentos.<br />

Assim, de forma generalizante, podemos afi rmar que os<br />

alunos constroem inferências ao lerem os textos, porém, ao<br />

responderem às questões apresentadas, ainda apresentam<br />

problemas <strong>na</strong> explicitação de seus processos inferenciais. O<br />

livro, por sua vez, não auxilia o aluno nesta tarefa, buscan<strong>do</strong><br />

ape<strong>na</strong>s avaliar se o aluno efetuou uma leitura autorizada por<br />

LEITURA: TEORIA & PRÁTICA (SUPLEMENTO), n.58, jun.2012<br />

seu autor, que se baseia <strong>na</strong> reprodução de trechos explícitos <strong>do</strong><br />

texto ou em julgamentos de valor por ele estabeleci<strong>do</strong>s.<br />

Considerações fi <strong>na</strong>is<br />

Como hipotetiza<strong>do</strong>, o LD atua como um objeto que<br />

busca a “homogeneização da escuta no mun<strong>do</strong>”. Entretanto,<br />

ainda que avalia<strong>do</strong>s como erra<strong>do</strong>s, os alunos continuam<br />

“gritan<strong>do</strong>” e construin<strong>do</strong> inferências, com base no mun<strong>do</strong> de<br />

onde leem os textos recebi<strong>do</strong>s. Geraldi (2003) aponta que o<br />

trabalho com o texto seria a principal fonte de mudança para<br />

a concretização de um fazer pedagógico em que professores<br />

e alunos atuam como sujeitos ativos no processo de ensinoaprendizagem,<br />

co-construin<strong>do</strong> seus saberes em sala de aula.<br />

Entretanto, apesar <strong>do</strong> constante trabalho de proliferação <strong>do</strong><br />

uso <strong>do</strong> texto em aulas de língua portuguesa, sen<strong>do</strong> este o foco<br />

institucio<strong>na</strong>liza<strong>do</strong> desde a criação <strong>do</strong>s PCN, há mais de dez<br />

anos, e mesmo com os textos pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>n<strong>do</strong> nos LD, ainda não<br />

é possível constatar essa mudança.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, Applegate et al. (2002) apontam para o<br />

fato de que a escola deveria desenvolver um ensino de leitura<br />

foca<strong>do</strong> em questões que busquem julgamentos <strong>do</strong>s alunos a<br />

partir das informações apresentadas pelos textos. Porém, isso<br />

depende essencialmente de uma postura ativa <strong>do</strong>s alunos e<br />

também <strong>do</strong> professor, que não pode mais esperar a reprodução<br />

de respostas dadas a priori. É preciso que o professor tome<br />

consciência de como se dá o processamento da leitura e, que,<br />

principalmente, perceba como seus alunos leem, para que<br />

possa auxiliá-los no desenvolvimento de suas habilidades<br />

cognitivas.<br />

Ao professor, precisa ser possibilitada a avaliação crítica<br />

das atividades de leitura <strong>do</strong>s materiais didáticos, para se<br />

transpor o abismo e percorrer caminhos pedagógicos<br />

defi ni<strong>do</strong>s pelas instituições comprometidas com a<br />

melhoria da qualidade <strong>do</strong> ensino. Sem deixar de olhar<br />

com atenção e interesse para o aluno, escola e pesquisa<br />

precisam, de uma vez, também passar a olhar, e com<br />

claros e urgentes projetos de mudança, para o professor<br />

(Gerhardt e Vargas, 2010, p. 164).<br />

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