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Artigos do 18° COLE publicados na revista LTP - 9ª parte

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A EVOLUÇÃO DO ROMANCE E A NARRATIVA JUVENIL: “O DIA EM QUE LUCA NÃO VOLTOU”<br />

o jovem não adquire o livro por seu conteú<strong>do</strong>, mas por sua<br />

apresentação gráfi ca.<br />

A questão educativa <strong>na</strong>s <strong>na</strong>rrativas vem desde os romances<br />

de formação, também chama<strong>do</strong>s de bildungsromans, cuja<br />

primeira manifestação data de 1810 (MAAS, 2000). Esses<br />

romances buscavam <strong>na</strong>rrar a transformação <strong>do</strong> perso<strong>na</strong>gem/<br />

herói, com o intuito de que os leitores também se identifi cassem<br />

e se transformassem com a obra. De certo mo<strong>do</strong>, os romances<br />

de formação poderiam ser explica<strong>do</strong>s e pensa<strong>do</strong>s em to<strong>do</strong>s os<br />

públicos, mas, em relação ao público jovem, sua utilidade fi ca<br />

mais evidente.<br />

“O dia em que Luca não voltou”, de Luís Dill (2009), é<br />

um exemplo de <strong>na</strong>rrativa juvenil de qualidade que corrobora a<br />

afi rmação de que o gênero romance não encontrou o seu fi m,<br />

mas se repartiu em diversos outros gêneros, como o caso da<br />

<strong>na</strong>rrativa juvenil. Deze<strong>na</strong>s de outras <strong>na</strong>rrativas poderiam ter<br />

si<strong>do</strong> utilizadas, mas a perspicácia de Dill (2009) fez com que<br />

esta obra em especial conseguisse refl etir um esta<strong>do</strong> de espírito<br />

específi co, exemplifi can<strong>do</strong> com exatidão o mo<strong>do</strong> como o<br />

romance chegou às <strong>na</strong>rrativas juvenis.<br />

Considerações Fi<strong>na</strong>is<br />

As discussões de Georg Lukács (2000; 2010) são bastante<br />

pertinentes para refl etirmos, em pleno século XXI, as <strong>na</strong>rrativas,<br />

agora divididas em: infantil, juvenil e adulta. Sob a ótica desta<br />

última a<strong>na</strong>lisamos as duas primeiras. Muitos trabalhos e grupos<br />

de pesquisa se voltam para a literatura infantil e adulta. No<br />

entanto, faltam trabalhos teóricos que privilegiem as <strong>na</strong>rrativas<br />

para jovens.<br />

Ao fi m <strong>do</strong> trabalho de análise da <strong>na</strong>rrativa, percebemos o quanto<br />

ainda temos <strong>do</strong> romance burguês no século XXI e o quanto suas<br />

modifi cações em relação à forma e ao conteú<strong>do</strong> foram substanciais<br />

para a sua transformação e subdivisão enquanto gênero. “O dia<br />

em que Luca não voltou”, de Luís Dill (2009), é um exemplo de<br />

<strong>na</strong>rrativa juvenil que carrega em si todas as marcas da evolução <strong>do</strong><br />

romance e demonstra um novo mo<strong>do</strong> de <strong>na</strong>rrar.<br />

O trabalho com teorias <strong>na</strong>rrativas juvenis é importante dada<br />

a escassez de discussões pertinentes. É preciso que se enquadre<br />

LEITURA: TEORIA & PRÁTICA (SUPLEMENTO), n.58, jun.2012<br />

o “velho” no “novo”, que se refl ita e se coloque em pauta<br />

conteú<strong>do</strong>s pré-determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s como certos. Em literatura, não<br />

há certo ou erra<strong>do</strong>, mas aspectos pertinentes a determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s<br />

meios, épocas e públicos que precisam entrar em pauta. A<br />

<strong>na</strong>rrativa juvenil é somente um desses aspectos.<br />

Referências<br />

DILL, Luís. O dia em que Luca não voltou. São Paulo:<br />

Companhia das Letras, 2009.<br />

FEHÉR. Ferenc. O romance está morren<strong>do</strong>?: contribuições à<br />

teoria <strong>do</strong> romance. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1972.<br />

GROPPO, Luís Antônio. Juventude: ensaios sobre sociologia<br />

e história das juventudes moder<strong>na</strong>s. Rio de Janeiro: DIFEL,<br />

2000.<br />

LUKÁCS, Georg. A teoria <strong>do</strong> romance. São Paulo: Duas<br />

cidades; Ed. 34, 2000.<br />

LUKÁCS, Georg. Narrar ou descrever. In: ______. Marxismo<br />

e teoria da literatura. 2. ed. São Paulo: Expressão popular,<br />

2010. p. 149-185.<br />

LUKÁCS, Georg. Arte livre ou arte dirigida?. In: ______.<br />

Marxismo e teoria da literatura. 2. ed. São Paulo: Expressão<br />

popular, 2010. p. 267-285.<br />

MAAS, Wilma Patrícia Marzari Di<strong>na</strong>r<strong>do</strong>. O cânone mínimo:<br />

o Bildungsroman <strong>na</strong> história da literatura. São Paulo: Editora<br />

UNESP, 2000.<br />

PADRINO, Jaime Garcia. Vuelve la polémica: ¿existe la<br />

literatura... juvenil?. In: RETTENMAIER, Miguel; RÖSING,<br />

Tania (orgs). Questões de literatura para jovens. Passo<br />

Fun<strong>do</strong>: UPF Editora, 2005. p. 57-72.<br />

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