Artigos do 18° COLE publicados na revista LTP - 9ª parte
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O CINEMA COMO LINGUAGEM NA PRODUÇÃO DE SUJEITOS DO ESPAÇO ESCOLAR NA CONTEMPORANEIDADE<br />
identidades fracio<strong>na</strong>das e múltiplas, que se traduz <strong>na</strong> difi culdade<br />
de autoreconhecimento.<br />
3. Possíveis diálogos entre cinema e educação<br />
A a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong> projeto O Cinema Vai à Escola – A Linguagem<br />
Cinematográfi ca <strong>na</strong> Educação - <strong>parte</strong> de um projeto maior:<br />
Cultura é Currículo, que visa propiciar atividades culturais:<br />
teatro, música etc - tem sua importância medida pelo ineditismo<br />
ao associar a linguagem cinematográfi ca ao currículo escolar,<br />
promoven<strong>do</strong> a discussão de aspectos gerais sobre a vida e o<br />
mun<strong>do</strong> contemporâneo, e aprimoran<strong>do</strong> o senso crítico-refl exivo<br />
de professores e alunos através de conhecimentos práticos e<br />
estéticos sobre o cinema. É, justamente, por acreditar numa<br />
função social para o cinema que buscamos refl etir sobre sua<br />
importância no universo escolar.<br />
O cinema não é somente diversão e entretenimento,<br />
assim como não somente os saberes escolares formam os<br />
sujeitos e promovem a socialização <strong>do</strong>s alunos. Logo,<br />
reconhecemos a compatibilidade entre o cinema e a<br />
educação, por percebermos a escola não como única, mas<br />
“uma das muitas formas de socialização de indivíduos<br />
humanos, como um entre muitos mo<strong>do</strong>s de transmissões de<br />
conhecimento, de constituição de padrões éticos, de valores<br />
morais e competências profi ssio<strong>na</strong>is” (DUARTE, 2002,<br />
p.16). O governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo também reconhece<br />
essa situação ao afi rmar no texto introdutório escrito pela<br />
Secretária de Educação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo: “Como a<br />
literatura, o cinema é capaz de nos tor<strong>na</strong>r seres humanos<br />
melhores” (CASTRO, 2008, p. 4).<br />
Do mesmo mo<strong>do</strong> que as competências de ler e escrever<br />
preparam o aluno para a vida social, os objetos artísticos também<br />
o fazem. O cinema, em particular, por ser, ao mesmo tempo,<br />
indústria e arte, objeto de consumo e linguagem artística; por<br />
atravessar o século XX interferin<strong>do</strong> no processo de criação e<br />
realidade <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, também (re)organiza a vida, o conteú<strong>do</strong>, o<br />
currículo <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e <strong>do</strong> espaço escolar, atravessan<strong>do</strong> o aluno<br />
com questões e olhares múltiplos sobre um mun<strong>do</strong> cada vez<br />
mais múltiplo de olhares e práticas, constituin<strong>do</strong> identidades<br />
LEITURA: TEORIA & PRÁTICA (SUPLEMENTO), n.58, jun.2012<br />
que são (re)formadas a partir de representações, que Woodward<br />
(2000, p. 17), defi ne como<br />
práticas de signifi cação e sistemas simbólicos por meio<br />
<strong>do</strong>s quais os signifi ca<strong>do</strong>s são produzi<strong>do</strong>s, posicio<strong>na</strong>n<strong>do</strong>os<br />
como sujeito. É por meio <strong>do</strong>s signifi ca<strong>do</strong>s produzi<strong>do</strong>s<br />
pelas representações que damos senti<strong>do</strong> à nossa<br />
experiência e àquilo que somos. Podemos inclusive<br />
sugerir que esses sistemas simbólicos tor<strong>na</strong>m possível<br />
aquilo que somos e aquilo no qual podemos nos<br />
tor<strong>na</strong>r. A representação cultural estabelece identidades<br />
individuais e coletivas e os sistemas simbólicos nos<br />
quais ela se baseia fornecem possíveis respostas as<br />
questões: Quem eu sou? O que eu poderia ser? Quem eu<br />
quero ser? Os discursos e os sistemas de representação<br />
constroem os lugares a partir <strong>do</strong>s quais os indivíduos<br />
podem se posicio<strong>na</strong>r e a partir <strong>do</strong>s quais podem falar.<br />
Tomar o cinema como fonte de conhecimento para além da<br />
percepção de elementos históricos e geográfi cos, é reconhecêlo<br />
não somente como diversão e entretenimento. Na França, o<br />
cinema tem sua importância reconhecida <strong>na</strong> formação cultural e<br />
educacio<strong>na</strong>l das pessoas, visto que é “entendi<strong>do</strong> como legítima<br />
forma de expressão cultural, (...) e sua difusão integra os objetivos<br />
da educação <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l” (DUARTE, 2002, p. 17-8). Dessa forma<br />
o cinema deixa de ser um elemento externo e secundário às<br />
práticas escolares e à formação de identidades, assumin<strong>do</strong> um<br />
novo papel: o de promover competências para ver - conjunto de<br />
informações sociais e culturais, mas também cinematográfi cas.<br />
E essa parece ser uma das intenções <strong>do</strong> projeto, visto a<br />
manifestação de Castro (2008, p. 4), ao afi rmar que “não se trata<br />
ape<strong>na</strong>s de aprender mais e melhor os conteú<strong>do</strong>s curriculares,<br />
mas também de ampliar os conhecimentos em relação à própria<br />
linguagem cinematográfi ca – saber como ver e apreciar fi lmes<br />
<strong>do</strong>s mais diferentes tipos e não ape<strong>na</strong>s veicula<strong>do</strong>s pelos ca<strong>na</strong>is<br />
de televisão”. Lima & Arantangy (2008, p. 5), reafi rmam<br />
o pensamento da Secretária de Educação ao descreverem a<br />
função e a intencio<strong>na</strong>lidade <strong>do</strong> material envia<strong>do</strong> as escolas ao<br />
abordar “o cinema, seus códigos e artifícios com o intuito de<br />
apurar o olhar refl exivo <strong>do</strong> aluno especta<strong>do</strong>r”.<br />
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