Artigos do 18° COLE publicados na revista LTP - 9ª parte
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O POTENCIAL TRANSMIDIÁTICO DE HARRY POTTER E SUAS FANFICTIONS<br />
estu<strong>do</strong> destacou especifi camente as produções realizadas no<br />
site Aliança 3 Vassouras e esta nova maneira de interagir <strong>do</strong>s<br />
jovens fi cwriters com seus leitores e críticos é o que tor<strong>na</strong> este<br />
processo criativo fundamentalmente colaborativo.<br />
Portanto a <strong>na</strong>rrativa transmídia é voltada à articulação<br />
entre <strong>na</strong>rrativas complementares e ligada por uma<br />
<strong>na</strong>rrativa preponderante, sen<strong>do</strong> que cada uma das<br />
complementares é veiculada pela plataforma que<br />
melhor potencializa suas características expressivas,<br />
principalmente porque hoje seu público tem<br />
comportamento migratório ao decidir qual será<br />
a sequência <strong>na</strong>rrativa e por quais plataformas.<br />
(GOSCIOLA, 2011, p.8)<br />
A potencialidade destas novas criações reside no fato de<br />
que neste formato transmidiático, a <strong>na</strong>rrativa origi<strong>na</strong>l pode<br />
ser ampliada, estendida e pode convergir com outras mídias,<br />
interfaces e plataformas,conferin<strong>do</strong> aos seus fãs o caráter de<br />
protagonistas. Além disso, constatamos que <strong>na</strong> produção das<br />
fanfi tions dentro das comunidades de fãs, as denomi<strong>na</strong>das<br />
fan<strong>do</strong>ms, há uma colaboração estreita entre os autores das fanfi cs<br />
e também entre autor e integrantes <strong>do</strong> grupo especializa<strong>do</strong>s<br />
para a função de colaborar, denomi<strong>na</strong><strong>do</strong>s beta-readers. Toda<br />
essa cooperação estimula a participação e permanência <strong>do</strong>s fãs<br />
<strong>na</strong> comunidade, e também estimula os fãs/autores a produzirem<br />
suas <strong>na</strong>rrativas sobre o universo fi ccio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> Harry Potter que<br />
serão criadas e divulgadas pelo e no ciberespaço.<br />
Podemos dizer que os leitores da franquia Harry Potter<br />
possuem ao menos <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s perfi s de leitores traça<strong>do</strong>s por<br />
Santaella (2011). Antes de ser o leitor imersivo, aquele que<br />
interage e faz uso da hipermídia, verifi camos o perfi l <strong>do</strong> leitor<br />
contemplativo, que lê porque gosta e escolheu a sua leitura. Ao<br />
considerar que os livros da série têm poucas (ou quase nenhuma)<br />
ilustrações, podemos afi rmar que para os leitores a grande fonte<br />
de atração é justamente a <strong>na</strong>rrativa e suas características.<br />
Por muito tempo a série Harry Potter ocupou o topo da lista<br />
de livros mais vendi<strong>do</strong>s, e quan<strong>do</strong> a história chegou ao fi m,<br />
as fanfi cs também deveriam termi<strong>na</strong>r, sen<strong>do</strong> lembradas ape<strong>na</strong>s<br />
como um fato de evidência momentâneo. No entanto, os sites<br />
LEITURA: TEORIA & PRÁTICA (SUPLEMENTO), n.58, jun.2012<br />
que hospedam essas histórias continuaram a receber novos<br />
arquivos.<br />
As obras de Rowling com certeza não são escritas como<br />
trata<strong>do</strong>s fi losófi cos, mas estão repletas de signifi ca<strong>do</strong><br />
fi losófi co. Elas não são ape<strong>na</strong>s histórias interessantes e<br />
bem contadas, mas são também emocio<strong>na</strong>l, imagi<strong>na</strong>tiva<br />
e intelectualmente atrativas. Isso as tor<strong>na</strong> um mapa<br />
útil para conduzir leitores através de um terreno com<br />
contínuas paisagens fi losófi cas. (IRWIN, 2004, p.15)<br />
Esta ampla aceitação da <strong>na</strong>rrativa relacio<strong>na</strong>-se à mitologia<br />
da história, fator importante para o desenvolvimento de uma<br />
<strong>na</strong>rrativa trasmídia de sucesso. “Uma boa história pode ser<br />
retransmitida milhares de vezes, desde que se mantenha<br />
fi el à mitologia <strong>do</strong>s perso<strong>na</strong>gens” (RENÓ; VERSUTI;<br />
GONÇALVES; GOSCIOLA, 2011). Esta forma particular com<br />
a qual a trama se desenvolve pode ser um <strong>do</strong>s motivos que<br />
levam o leitor a se identifi car e se arriscar no ramo da escrita<br />
para expressar através das fanfi cs o que para ele é importante<br />
ou ainda o que ele mudaria <strong>na</strong> história. “Harry Potter mostra<br />
como um jovem, vulnerável a to<strong>do</strong>s os me<strong>do</strong>s que to<strong>do</strong>s nós<br />
experimentamos, pode superar estas emoções e, com nobreza,<br />
seguir adiante para fazer o que deve ser feito”. (IRWIN, 2004,<br />
p. 32).<br />
Para justifi car a longevidade e grande sucesso da série<br />
pudemos verifi car que esta possui um universo amplo, com<br />
muitos perso<strong>na</strong>gens, dan<strong>do</strong> assim abertura para a criação de<br />
diversas histórias a partir da <strong>na</strong>rrativa origi<strong>na</strong>l. O site de fanfi cs<br />
mais cita<strong>do</strong> no trabalho foi o (http://www.alianca3vassouras.<br />
com), que é brasileiro e possui um <strong>do</strong>s maiores acervos de<br />
<strong>na</strong>rrativas produzidas por fãs, ten<strong>do</strong> por base a história<br />
origi<strong>na</strong>l.<br />
Contu<strong>do</strong>, percebemos que os fi cwriters constroem<br />
produções próprias em colaboração com colegas, após trei<strong>na</strong>r<br />
a escrita com histórias de outros autores. Isso deixa claro<br />
que o universo fi ccio<strong>na</strong>l de Harry Potter está exploran<strong>do</strong> seu<br />
potencial transmidiático <strong>na</strong>s características autorais das fi cções<br />
produzidas por seus fãs, bem como <strong>na</strong>s produções feitas pelas<br />
grandes empresas de conteú<strong>do</strong>s midiáticos.<br />
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