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Artigos do 18° COLE publicados na revista LTP - 9ª parte

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PROCESSOS INFERENCIAIS EM ATIVIDADES ESCOLARES DE LEITURA E O (RE)CONHECIMENTO DA VOZ DO ALUNO-LEITOR<br />

36 – Tomar remédio para durmi , não precisa de<br />

maquiagem e nem fazer escova no cabelo quan<strong>do</strong><br />

acorda, para dar valor aos 25 anos.<br />

53 – Beber comprimi<strong>do</strong> para <strong>do</strong>rmir e usar<br />

maquiagem. Na minha opinião é mais para a pessoa<br />

se sentir bem.<br />

Nota-se que o entendimento da expressão “mal<br />

necessário”, citada no enuncia<strong>do</strong> da questão, é varia<strong>do</strong>, uma<br />

vez que não foi fruto <strong>do</strong> raciocínio <strong>do</strong>s alunos. Como nem<br />

to<strong>do</strong>s podem considerar tais consequências como “males” ou<br />

como “necessidades”, os alunos buscam fazer um julgamento<br />

sobre a informação dada pelo texto em integração ao que eles<br />

sabem ou creem sobre a velhice. O mesmo se vê <strong>na</strong>s respostas<br />

completamente inferenciais:<br />

5 – Pois a idade vai avançan<strong>do</strong> e as pessoas crescem.<br />

25 – O envelhecimento.<br />

27 – O da aparência. Para mostrar que sua beleza não<br />

é ape<strong>na</strong>s o que está por fora, mas por dentro.<br />

Entre as respostas que ape<strong>na</strong>s expressaram o conhecimento<br />

prévio <strong>do</strong>s alunos, temos algumas que revelam uma lista<br />

de problemas que os alunos consideram males da velhice,<br />

provavelmente ativa<strong>do</strong>s pelo enuncia<strong>do</strong> da questão. Outras<br />

explicam porque os males são necessários para vida, também<br />

derivam da expressão citada no enuncia<strong>do</strong> da questão.<br />

2 – A diabetis.<br />

23 – O cansaço, as <strong>do</strong>res por causa da idade.<br />

44 – Os males são necessárias porque dentro deles há<br />

certa difi culdade <strong>na</strong> sua vida.<br />

48 – Porque tem males que vem para o bem.<br />

Por fi m, verifi camos a questão 5ª, que apresenta um<br />

problema de incoerência entre o que pede o enuncia<strong>do</strong> e o que<br />

se apresenta nos gabaritos:<br />

Questão 5: No 7º parágrafo, a autora dá uma série de<br />

conselhos que normalmente são recrimi<strong>na</strong><strong>do</strong>s nos dias<br />

LEITURA: TEORIA & PRÁTICA (SUPLEMENTO), n.58, jun.2012<br />

de hoje, como, por exemplo, “Coma um sanduíche bem<br />

engordativo, beba um refrigerante não diet”. Levante<br />

hipóteses:<br />

a) Por que ela recomenda aos jovens comer e beber<br />

alimentos como esses?<br />

Gabarito: Porque são prazeres que também precisam<br />

ser experimenta<strong>do</strong>s.<br />

Entenden<strong>do</strong> a <strong>na</strong>tureza processual da leitura, não se pode<br />

conceber a geração de hipóteses de leitura após o texto ter<br />

si<strong>do</strong> li<strong>do</strong>. Estu<strong>do</strong>s em metacognição já demonstraram que<br />

as hipóteses se desenvolvem e se fl exibilizam no fl uxo <strong>do</strong><br />

processamento da informação (Israel et al., 2005). O que o autor<br />

<strong>do</strong> LD chama de hipótese no enuncia<strong>do</strong> da questão, <strong>na</strong> verdade,<br />

pode ser considerada a explicitação de um processo inferencial<br />

ou a convocação à realização desse processo por <strong>parte</strong> <strong>do</strong> aluno.<br />

Além disso, o que se apresenta como resposta pelo gabarito<br />

é o reconhecimento de um julgamento de valor desenvolvi<strong>do</strong><br />

por seu autor e não uma orientação ao professor sobre como<br />

trabalhar com os processos inferenciais desenvolvi<strong>do</strong>s pelos<br />

alunos, que podem ser diversos, como estamos comprovan<strong>do</strong><br />

ao longo dessa análise. Assim, outras “hipóteses” possíveis<br />

não são reconhecidas pelo gabarito, o que nega o coman<strong>do</strong> da<br />

questão, e não há um trabalho de refl exão com o aluno sobre as<br />

inferências que ele gerou.<br />

Tais falhas acabam resultan<strong>do</strong> no que podemos ver ao<br />

a<strong>na</strong>lisar as respostas dadas pelos alunos, uma vez que 44%<br />

delas (24 respostas) foram realmente inferenciais e 52%<br />

(28 respostas), <strong>na</strong> verdade, representam a explicitação <strong>do</strong><br />

conhecimento prévio ativa<strong>do</strong> pelos alunos. Ape<strong>na</strong>s uma<br />

resposta (2%) foi deixada em branco. Esses números revelam<br />

o caráter essencialmente inferencial da questão, mas também<br />

nos revelam o fato de que os alunos não reconhecem as<br />

inferências por eles mesmos geradas, nem quan<strong>do</strong> isso lhes é<br />

solicita<strong>do</strong>, e acabam explicitan<strong>do</strong>, em vez <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> de seu<br />

processo inferencial, ape<strong>na</strong>s uma <strong>parte</strong> dele, que é a ativação de<br />

conhecimento prévio.<br />

As inferências geradas pelos alunos e explicitadas em<br />

suas respostas são de caráter bastante varia<strong>do</strong> e demonstram<br />

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