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Artigos do 18° COLE publicados na revista LTP - 9ª parte

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O CINEMA COMO LINGUAGEM NA PRODUÇÃO DE SUJEITOS DO ESPAÇO ESCOLAR NA CONTEMPORANEIDADE<br />

que perdeu o esteio sobre o qual repousava seus alicerces<br />

e fundações, um mun<strong>do</strong> em que a solidez tornou-se líquida.<br />

Este é o mun<strong>do</strong> contemporâneo, pós-moderno e globaliza<strong>do</strong>.<br />

É importante notar que não há como escapar ao momento<br />

presente. Ele é <strong>parte</strong>, quer queiramos ou não, das nossas vidas,<br />

alteran<strong>do</strong> a noção de espaço e tempo da modernidade. Global e<br />

local são as novas palavras postas em prática pelo movimento,<br />

voluntário, ou não, das nossas percepções, que Bauman (1999,<br />

p. 7) defi ne como “o destino irremediável <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, um<br />

processo irreversível; é também um processo que nos afeta a<br />

to<strong>do</strong>s <strong>na</strong> mesma medida e da mesma maneira. Estamos to<strong>do</strong>s<br />

sen<strong>do</strong> ‘globaliza<strong>do</strong>s’ – e isso signifi ca basicamente o mesmo<br />

para to<strong>do</strong>s”.<br />

Na globalização, os limites antes conheci<strong>do</strong>s foram<br />

coloca<strong>do</strong>s abaixo e o movimento da informação, <strong>do</strong> capital<br />

e <strong>do</strong>s corpos têm a liberdade de circular por onde lhe for<br />

conveniente. A mobilidade “tornou-se o fator de estratifi cação<br />

mais poderoso e mais cobiça<strong>do</strong>, a matéria de que são feitas e<br />

refeitas diariamente as novas hierarquias sociais, políticas,<br />

econômicas e culturais em escala cada vez mais mundial”<br />

(BAUMAN, 1999, p. 7). Com o realinhamento da produção de<br />

signifi ca<strong>do</strong>s e valores, se acentua a ruptura e o distanciamento<br />

<strong>na</strong>s sociedades, e com isso, uma progressiva separação e<br />

exclusão espacial.<br />

É nesse mun<strong>do</strong> onde as relações huma<strong>na</strong>s se tor<strong>na</strong>m<br />

distantes e descompromissadas, que o projeto Cinema Vai<br />

à Escola propõe promover aos alunos, como também a to<strong>do</strong><br />

ambiente escolar. Um momento diferencia<strong>do</strong> em que somente o<br />

discurso da modernidade não é capaz de tratar de temas que lhe<br />

são caros e para alcançar esse objetivo a Secretaria de Educação<br />

propõe o uso <strong>do</strong> cinema e da linguagem cinematográfi ca como<br />

ferramenta articula<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> currículo com temas atuais, além de<br />

discutir e aprimorar o senso crítico-refl exivo sobre a vida <strong>na</strong><br />

contemporaneidade.<br />

“Ao convidar o cinema para vir à escola, esta Secretaria<br />

reafi rma sua disposição em articular questões<br />

polêmicas e relevantes da contemporaneidade como<br />

currículo e a sua concretização em sala de aula. (...)<br />

LEITURA: TEORIA & PRÁTICA (SUPLEMENTO), n.58, jun.2012<br />

Assuntos delica<strong>do</strong>s e complexos como preconceito,<br />

violência, exclusão social, sexualidade, injustiça,<br />

entre tantos outros, fazem <strong>parte</strong> <strong>do</strong> cotidiano <strong>do</strong>s<br />

jovens e de seus professores que, como to<strong>do</strong>s nós, tem<br />

difi culdades em lidar com eles. Os fi lmes permitem<br />

que nos aproximemos deles de uma maneira ímpar:<br />

testemunhamos situações chocantes, que nos obrigam a<br />

refl etir, observamos mo<strong>do</strong>s de vida, que nos aguçam a<br />

curiosidade, presenciamos diálogos, que nos despertem<br />

para o nosso próprio preconceito” (CASTRO, 2008, p.<br />

3).<br />

O diálogo proposto pelo projeto encontrará dentro <strong>do</strong><br />

espaço escolar um sujeito pós-moderno, fragmenta<strong>do</strong> e<br />

composto por volúveis identidades, envolvi<strong>do</strong> por uma<br />

multiplicidade de sistemas de signifi cação e representação<br />

cultural, que entre contradições e improvisações, não permitem<br />

uma identidade fi xa, permanente e estática. Para Hall (2006,<br />

p.19) “A identidade tor<strong>na</strong>-se uma celebração móvel: formada e<br />

transformada continuamente em relação às formas pelas quais<br />

somos representa<strong>do</strong>s ou interpela<strong>do</strong>s nos sistemas culturais que<br />

nos rodeiam”.<br />

Esse sujeito fragmenta<strong>do</strong> da pós-modernidade se refl ete<br />

<strong>na</strong> fragmentação da ordem social anteriormente constituída. O<br />

mun<strong>do</strong> se rearticula e se acelera <strong>na</strong>s mudanças promovidas pela<br />

globalização. As antigas estruturas sociais são alteradas para<br />

que possam comportar as multiplicidades de vias interligadas<br />

no espaço e da fragmentação temporal, crian<strong>do</strong> a impressão de<br />

descontinuidade e descentramento. Como consequência, para<br />

os indivíduos e para a sociedade, não há mais uma identidade<br />

mestra que organize o mun<strong>do</strong>, mas a desorganização dessa<br />

numa multiplicidade de identidades que mudam de acor<strong>do</strong><br />

como o sujeito é personifi ca<strong>do</strong> pelos novos movimentos sociais<br />

e pelas diferenças que o constituirão. Hall (2006, p. 7) defi ne<br />

esse momento.<br />

As velhas identidades, que por tanto tempo estabilizaram<br />

o mun<strong>do</strong> social, estão em declínio, fazen<strong>do</strong> surgir novas<br />

identidades e fragmentan<strong>do</strong> o indivíduo moderno, até<br />

aqui visto como um sujeito unifi ca<strong>do</strong>. A assim chamada<br />

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