28.06.2013 Views

Artigos do 18° COLE publicados na revista LTP - 9ª parte

Artigos do 18° COLE publicados na revista LTP - 9ª parte

Artigos do 18° COLE publicados na revista LTP - 9ª parte

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O POTENCIAL TRANSMIDIÁTICO DE HARRY POTTER E SUAS FANFICTIONS<br />

universo fi ccio<strong>na</strong>l composto por múltiplas “timelines” – linhas<br />

<strong>do</strong> tempo.<br />

Em suma, a convergência ajuda a contar melhores<br />

histórias, a vender marcas e a seduzir o consumi<strong>do</strong>r<br />

utilizan<strong>do</strong> as múltiplas plataformas de mídia. Para<br />

lograr isso, não há como copiar modelos anteriores;<br />

por consequência, é preciso criar e adaptar novas<br />

possibilidades a partir <strong>do</strong>s caminhos já traça<strong>do</strong>s.<br />

(RENÓ; VERSUTI; GONÇALVES; GOSCIOLA,<br />

2011, p. 206)<br />

Durante a produção dessas mídias, os produtores pensam em<br />

tramas onde os sujeitos também possam participar e protagonizar.<br />

E os fãs correspondem a este esforço através da internet crian<strong>do</strong><br />

blogs, fóruns, ou comunidades virtuais, compartilhan<strong>do</strong> opiniões<br />

e sugerin<strong>do</strong> mudanças no rumo da história.<br />

Nas <strong>na</strong>rrativas transmídia também podemos evidenciar<br />

processos interativos como a hipertextualidade, ainda mais<br />

presente <strong>na</strong>s fanfi cs. Contu<strong>do</strong>, é a intertextualidade a maior fonte<br />

da transmidiação, que segun<strong>do</strong> Bakhtin (1986) é o diálogo entre<br />

inúmeros textos. Ou seja, nesse tipo de <strong>na</strong>rrativa o espera<strong>do</strong> é<br />

o cruzamento de conteú<strong>do</strong>s em mídias distintas e não ape<strong>na</strong>s a<br />

soma <strong>do</strong>s mesmos. Podemos dizer que a <strong>na</strong>rrativa transmídia<br />

é um universo cria<strong>do</strong> através de várias mídias, amplian<strong>do</strong> o<br />

conhecimento <strong>do</strong> sujeito sobre o conteú<strong>do</strong> da obra, e fazen<strong>do</strong><br />

com que o mesmo experimente desse universo fi ccio<strong>na</strong>l.<br />

De acor<strong>do</strong> com Bakhtin (1986), to<strong>do</strong> texto vem carrega<strong>do</strong><br />

de polifonias, ou seja, impressões sensoriais e emotivas, e<br />

infl uências <strong>do</strong>s contatos que o autor já teve com outras mídias.<br />

“A forma mais efi caz de persuadir um leitor é o dialogismo e a<br />

intertextualidade que empresta dinâmica ao texto, provocan<strong>do</strong><br />

o receptor à interação.” (RAZ; LUCERA, 2008, p. 7).<br />

Assim, por trás de to<strong>do</strong> texto, encontra-se o sistema<br />

da língua; no texto, corresponde-lhe tu<strong>do</strong> quanto é<br />

repetitivo e reproduzível, tu<strong>do</strong> quanto pode existir<br />

fora <strong>do</strong> texto. Porém, ao mesmo tempo, cada texto<br />

(em sua qualidade de enuncia<strong>do</strong>) é individual, único<br />

e irreproduzível, sen<strong>do</strong> nisso que reside seu senti<strong>do</strong><br />

LEITURA: TEORIA & PRÁTICA (SUPLEMENTO), n.58, jun.2012<br />

(seu desígnio, aquele para o qual foi cria<strong>do</strong>). É com<br />

isso que ele remete à verdade, ao verídico, ao bem,<br />

à beleza, à história. Em relação a esta função, tu<strong>do</strong> o<br />

que é repetitivo e reproduzível é da ordem <strong>do</strong> meio, <strong>do</strong><br />

material. (BAKHTTIN, 1986, p. 331)<br />

Dessa forma o texto uma vez escrito, pode ser li<strong>do</strong>,<br />

repassa<strong>do</strong>, desenha<strong>do</strong> e fi lma<strong>do</strong>, convergin<strong>do</strong> por várias mídias<br />

em diversas plataformas. Assim, toman<strong>do</strong> as características<br />

aqui apresentadas, podemos dizer que, em suma, uma <strong>na</strong>rrativa<br />

transmídia se caracteriza pela capacidade de conexão entre uma<br />

migração entre as mídias, ou seja, a intertextualidade adequada<br />

ao ciberespaço.<br />

San taella (2010) explica que o ciberespaço é constituí<strong>do</strong><br />

pelos computa<strong>do</strong>res e as redes que os conectam, mas que<br />

uma relação entre esses computa<strong>do</strong>res deve surgir antes que<br />

qualquer objeto seja inseri<strong>do</strong> no ciberespaço.<br />

Cada um terá sua pági<strong>na</strong>, seu mapa, seu site, seu<br />

ou seus pontos de vista. Cada um se tor<strong>na</strong>rá autor,<br />

proprietário de uma parcela <strong>do</strong> ciberespaço. Mas essas<br />

pági<strong>na</strong>s, esses sites, esses mapas se correspondem, se<br />

interconectam e confl uem horizontalmente por ca<strong>na</strong>is<br />

móveis e labirínticos. (LÉVY, 2001, p. 141)<br />

Assim, a partir das relevâncias <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s aqui apresenta<strong>do</strong>s,<br />

explicitamos que as <strong>na</strong>rrativas transmídias podem ser também<br />

produtos deriva<strong>do</strong>s dessa conexão proporcio<strong>na</strong>da pelo<br />

ciberespaço, ou seja, as <strong>na</strong>rrativas são os conteú<strong>do</strong>s que serão<br />

migra<strong>do</strong>s nessa convergência de interfaces.<br />

2. Ficção produzida por fãs<br />

As fanfi ctions, - fi cções criadas por fãs - são histórias sem<br />

caráter comercial ou lucrativo, escritas por fãs, utilizan<strong>do</strong><br />

perso<strong>na</strong>gens e universos fi ccio<strong>na</strong>is que não foram cria<strong>do</strong>s por<br />

eles (REIS, 2010), ou seja, a partir de uma história origi<strong>na</strong>l,<br />

fãs criam suas próprias <strong>na</strong>rrativas sem nenhum interesse em<br />

lucrar com suas produções. Essas <strong>na</strong>rrativas também podem<br />

ser consideradas como uma subcultura, pois traz em si<br />

2871

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!