T – Se fosse pra você me dizer, numa escala de 0 a 100, 0 sendo o mais deprimida possível que tupudesse ficar, e 100 o menos deprimida? Como você estaria nessa última semana?P – Acho que depende do momento. Mesmo quando a gente sente felicidade, a gente pensa umpouco naquilo. Depende do momento, eu me sinto triste quando muitas pessoas não me entendem.Quando as pessoas não se ajudam.T – Aham.P – Eu nunca diria 0.P – Eu não gosto de Igreja. Eu acho que não precisa ir em Igreja pra acreditar em Deus e ser umapessoa boa. Minha mãe me obriga a ir à Igreja, na crisma. Ela diz que se eu não for, eu não possosair. Então eu vou, mas não porque eu quero. Daí eu vou, e lá eu converso, converso, converso.T – Aham.P – Eu adoro as pessoas. Adoro ajudar. Eu já quis me inscrever pra trabalho voluntário no GAPA,porque eu acho que a melhor maneira de ajudar a nós mesmos, é ajudando aos outros. As pessoasgostam de conversar comigo, elas dizem que eu acalmo. Mas eu não preciso ficar falando pra minhamãe que eu ajudo as pessoas.P – Tipo, eu tenho uma amiga, que há mais ou menos 1 mês ela descobriu que ta grávida. Ela temum pai que sempre que ta em casa, bebe. É alcoólatra. Tem um irmão que sempre fica enchendo. Eeu tenho ajudar, fico conversando com ela a noite. Tenho uma outra amiga no colégio, que temproblema físico ou mental, ela tem necessidades, e o pessoal fica olhando estranho, e eu achoridículo.T – Tuas amigas devem gostar bastante de ti.P – Algumas pessoas dizem que gostam de conversar comigo. Eu não falo diferente com quem euacabei de conhecer, e com a pessoa que eu já conheço há 2 anos. Eu falo do mesmo jeito. Se aspessoas gostarem de mim, vai ser pelo o que eu sou, e não pelo o que eu aparento ser. Eu não tenhomedo de sair sozinha, porque eu sei que qualquer lugar que eu vá eu sei que farei amigos. Tenhoamigos que tenho até hoje que conheci desse jeito. Às vezes uma amiga me dá um “bolo”, mas eusaio mesmo assim, daí eu chego, puxo conversa e já faço amizade. Tenho amigos até hoje queconheci assim. Daí a gente se encontra, eu falo de mim, eles falam deles. As pessoas gostam deconversar comigo.P – Eu tenho raiva quando, por exemplo, em dia de prova, algumas pessoas conseguem as respostase colam, e essas tiram nota boa, e aquelas que estudaram bastante vão mal. Eu me revolto com isso.Eu acho ridículo. Mas é normal, acho que é próprio de pessoas ignorantes, mentirosas. Daí existiamalgumas pessoas que não gostavam de mim por causa disso, porque eu falava que achava ridículo.T – Não gostavam por você ser justa.P – É.P – Eu não tinha conseguido esse ano ficar com a minha turma. Fiquei com a turma da manhã. Daímeus amigos se reuniram e foram na coordenadoria e pediram pra me colocarem na turma da tarde,com eles. E eu consegui. Daí, sei lá.186
T – Também tava na tua ficha, que você gostaria de fazer orientação profissional. Você já sabe oque quer fazer?P – Eu quero lidar com pessoas, eu acho. Sei que é a coisa mais complicada, mas é o que eu gosto.Eu não sei o que tem que fazer para chegar até terapia ocupacional. Serviço social eu gosto.T – Já visitasse os cursos da UFSC?P – Não.T – Quando quiseres, podes ir conhecer os cursos. Podes pegar a grade curricular e ver o que cadacurso estuda, ou ainda podes quem sabe assistir algumas aulas pra ver como é. Até pra você ter maisinformação. Tem um monte de gente que faz isso. Você também disse que gosta de ciênciaspolíticas?P – Aham.T – Mas ainda não decidisse o que queres?P – Na verdade eu não sei muito a diferença de ciências sociais e políticas. Na verdade eu sabia,mas agora não lembro. Mas eu acho que gosto.T – Ta, então agora eu vou te falar mais um pouco sobre a terapia, como é que ela funciona. NaPsicologia, existem vários tipos de abordagem, e a que eu trabalho, que meu supervisos trabalha, sechama Terapia Cognitiva Comportamental. Não sei se já ouvisse falar.P – Não.T – Pois é, o que todo mundo mais ouve falar é de Psicanálise, Freud, mas o que a gente vai fazeraqui não tem nada a ver com isso. Nessa terapia, a gente procura ser mais objetivo, afim de poderdar resultado mais a curto prazo, então geralmente a gente usa um roteiro, como o que eu fiz, pranão fugir muito, pra conseguirmos atingir as metas. Existem terapias de anos, e na CognitivaComportamental geralmente gira em torno de 15 sessões podendo ultrapassar. Algumas pessoasfazem umas 4 sessões e já se sentem melhor. Mas aqui no estágio, a gente fala em 15 sessões, masfica a teu critério também. Isso a gente vê com o tempo, conforme o desenrolar da terapia. Se tu nãogostar de algo de repente, tens que me falar, perguntar. Mas eu já vi que não tens problema em falar(ri), então é melhor. Se não tiveres gostando de alguma coisa, pode falar. Aqui geralmente a gentetrabalha também com tarefas. Pra gente, é muito importante, pra não chegarmos na próxima sessãoe não termos nada concreto pra ficarmos trabalhando. Então, geralmente eu te proponho algumacoisa pra fazer, daí tu ficas elaborando, tu pensas, tu fazes a tarefa, daí a gente trabalha em cimadisso e do que mais tu trouxeres. Pra explicar o modelo cognitivo que a gente trabalha, eu poderia teperguntar como vens se sentindo nesses últimos dias. Tu poderias falar que se sentiu triste, comraiva. O que você pensa num momento específico em que se sente triste? Como por exemplo,quando você sente raiva ou tristeza quando briga com sua mãe?P – Ah, eu penso que queria acabar com isso logo!T – Como assim, acabar com isso logo?187
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P - Aí esses dias eu falei pra min