L – É?G – Porque minha mãe que começou.L – Porque assim ó, deixa eu te mostrar aqui (pega uma folha com um modelo). Aqui tem ummodelo: o ambiente, os nossos pensamentos, o humor, a forma como a gente se comporta e asreações físicas. Tudo isso se relaciona, não tem como separar sabe. Então, por exemplo, se noambiente estão tu e a tua mãe, e tu vai querer falar alguma coisa pra ela, e já fica com medo: “Ai,minha mãe vai criticar tudo”, tem pensamentos de que ela é conservadora e vai querer controlartudo. Daí tu vai ficar com raiva né? Tu tem pensamentos, daí começa a se sentir daquela forma, secomportar daquela forma, e vai ter reações físicas: tu vai ficar nervosa, vai começar a suar, obatimento cardíaco acelera. Então, na Psicologia o que a gente vê, é que se tu mudar qualquer umdesses aspectos, um deles vai mexer em todo o resto. Então a melhor maneira seria começar pelopensamento. Então, depois eu vou te mostrar uma frase pra ver a maneira que tu pensas da tua mãe,pra tu ver como tu se sentes. Conseguisse entender o que eu falei?G – Entendi, mas o que é mais difícil é mudar o pensamento.L – É difícil. Aí é que ta. Tu vai ter que conseguir se controlar, e tentar isso. Tu podes até pensar:“Ah, eu não consigo, é muito difícil”, mas se você chegar na hora e tentar controlar ou tentarcontrolar as reações físicas...Se tu ta muito nervosa, ta xingando, berrando, de repente tu pára,respira fundo sabe, tenta mudar as reações físicas primeiro. Daí depois, quem sabe, tu vê ocomportamento. Tu ta berrando, daí tufala: “Não! Vou parar, vou tentar me controlar um pouco ever como minha mãe vai reagir”. Às vezes, tu mudando algumas das reações que tu tens com ela, tufaz ela mudar também. Isso vai acontecer. Se tu começar a agir de uma maneira diferente, asrelações se tornam diferentes. Porque de repente tu ta tendo um padrão, tu xinga, berra, e issosempre vai acumulando. Hoje tu falou que agiu de forma diferente, resolveu falar tudo às claras,mostrou que tu agiu de forma diferente, e ela reagiu de outra forma. Então, se tu tentar passar a secontrolar, tentar mudar em um aspecto, tu vai ver que dá diferença. Mas tu tens que ter autocontrolena situação. Queres detalhar a situação para vermos como foi?G – Ai, eu não lembro direito.L – Quando é que foi, tu lembra?G – Foi quarta-feira passada.L – Lembras se era à noite, de dia? Que horas?G – Era à noite. Depois que eu cheguei de um curso de informática depois da escola. Eu cheguei emcasa, ela me perguntou alguma coisa, mas eu não lembro o quê.L – Mas estavam só você e ela?G – Não, tava minha irmã e meu pai na sala.L – Daí tu chegou da escola...G – Do curso, cheguei na sala.192
L – Daí ela falou alguma coisa? Tu lembras se chegasse bem ou se já chegasse nervosa com algumacoisa?G – Ah, eu tava nervosa com ela já faz tempo. Porque a gente discute todo dia, todo dia. Aí eu ficonervosa em relação a ela. Aí ela falou alguma coisa, e eu comecei a falar.L – Mas não lembras sobre o quê? Era alguma coisa sobre a rotina?G – É, tipo, ela perguntou alguma coisa, daí eu disse que a gente não ia falar nada mesmo porquetudo que a gente fala ta errado...G – Daí falou que eu to errada, ela ta certa...Daí depois ela ficou quieta e foi dormir.L – Que mais tu falou?G – Acho que ela pensou que ela não serve pra nada. Eu que to errada, sempre errada...Daí ela sesentiu bem assim. Daí depois ela foi chorar, ela saiu. Minha mãe foi pra cozinha chorar e ficou láum bom tempo.L – E tu, pra onde que foi?G – Eu fiquei ali na sala, normal... Fiquei quieta na sala. Ela tem um problema na tireóide... Daí àsvezes ela fica doente o dia inteiro. Aí eu escrevi uma carta, dizendo que eu gosto dela, que a gentediscutindo o tempo todo não dá, que a gente tem que tentar se aceitar em relação a o que a gentepensa.L – Bem legal! Foi bem legal o que tu fez! Aí tu entregou pra ela?G – Aí eu deixei dentro da bolsa dela.L – Aham.G – Aí depois eu fui conversar com ela, porque ela ultimamente não dá pra conversar comigo. Daíela tava com dor de cabeça, aí eu ainda tinha que ir pra Crisma depois. Daí quando eu cheguei elaperguntou o que eu tinha achado. Daí eu disse, normal assim. Daí a gente foi pra Ibituba no final desemana, daí eu falei no carro que tem um festival de banda esse final de semana, que eu queria ir,mas não sabia com quem iria. Aí ela falou pra eu ver bem com quem que eu vou, pra levar em contaos perigos, não ir sozinha.L – Aham. Ah, tu viu que ela não te criticou né?G – É, ela falou pra eu ver bem o que eu vou fazer, que eu posso me dar mal, mas que ela vai se darpior ainda. Falou isso, aquilo. Mas ela não sabe como é que é o lugar direito...Às vezes só dámaconha, mas não é só isso também, mas tem dias que tem um pessoal gente boa. Às vezes ela falaa opinião dela, e daí diz: “Tu que sabes!”. Aí outras vezes não, ela diz: “Tu ta errada, não sei oquê.”. Às vezes ela ta boa, às vezes ela ta ruim. Aí final de semana ela queria saber as coisas daminha irmã. Ela foi perguntando pra minha irmã, dando indireta. Daí ela (irmã) falou, e ela (mãe)ficou bem feliz assim.L – Aham.193
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