AUTOR DA DISSERTAÇÃO - Unisul

124Para refletir mais um pouco, transfiro para cada um que ler este artigoalgumas de minhas interrogações quando me deparo com uma situação de abuso sexualinfanto-juvenil. situações que saem dos livros, dos temas de palestras, dos filmes, e setornam reais, com nome e sobrenome. Ao acolher estes sujeitos até então anônimos,pergunto-me: como se sente uma criança que tem suas genitálias ainda emdesenvolvimento arrancadas para o prazer sexual de um adulto? Qual é o retrato que elaleva de seu responsável, que lhe nega a função de proteger e se põe no lugar de umassaltante da inocência? Que espécie de sexualidade é esta que se inscreve na prática deforçar uma criança a atividades inadequadas e inoportunas para seu corpo e maturidade?Quantas de nossas crianças e adolescentes, às vezes, bem a frente de nossos olhos, estãose submetendo ao abuso sob a ameaça do abandono ou da morte? A que custo nossosmeninos e meninas silenciam durante anos e mais anos a vitimização sexual? Queculpas e medos ajudamos a manter em nossas crianças por conta de nossas omissõespessoais e pelo compromisso da manutenção do sigilo profissional?Enquanto calamos, nossas meninas e meninos sofrem.Enquanto amarramos nossas mãos, nossos meninos e meninas adoecem.matam.Enquanto vendamos nossos olhos, nossas meninas e meninos morrem ouSomos cúmplices; é isto que de fato queremos?REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASAZEVEDO, M.A.;GUERRA. V.N.ª(ORG) Crianças vitimizadas: a síndrome dopequeno poder. São Paulo: Iglu, 1989.