88informações centrais quanto as periféricas são relevantes (provavelmente, quanto a seuspropósitos).Em uma perspectiva externa, é possível dizer que o S3 se apropriou doconteúdo essencial no nível periférico do texto, mas não no central. Enfatiza aimportância de lê-lo novamente para compreendê-lo melhor. No protocolo, inclusive,diz:Uma só leitura é pouco, é pouco, eu peguei os termos gerais né, tanto que euposso ter trocado os termos, é então cada vez que eu leio, posso ver coisasnovas [S3, anexo D, l. 204-206].Assim sendo, pode-se dizer, relacionando compreensão e aprendizagem, queo S3, durante o seu processo de leitura, se apropriou do conteúdo periférico do texto. S3se detém ao item , quando este trata de muitos outros tópicos, tais como:função, conteúdo, forma e interatividade. Também é importante destacar que elareconhece o texto como resultado de uma pesquisa de Nielsen [S3, anexo D, l. 157-158], tem consciência que é um texto com muita informação, por isso sente necessidadede reler e admite que pode ter trocado algumas coisas. Mesmo assim, se referiu ao textocomo sendo “bem gostozinho, bem facinho” de ler [S3, anexo D, l. 194].No nível da prática discursiva, o S3 ao interagir com o texto percebe-o comoresultado de uma pesquisa de Nielsen [S3, anexo D, l. 157-158], caracterizando-o comoum gênero descritivo [S3, anexo D, l. 245]. Porém, apesar de S3 ter demonstrado teralgum conhecimento sobre esta prática no meio acadêmico, não se posicionoucriticamente sobre o mesmo, como se espera de um leitor hábil desse gênero.Quando o S3 pontua, “Gravei o Nielsen porque eu já li bastante sobreNielsen” [S3, anexo D, l. 159], S3 também fornece pistas de estar interagindointernamente com conhecimentos de estudos anteriores, e pelo o que relata no
89desenvolvimento do protocolo, na medida em que vai compreendendo o texto, istocontribui para ampliar seus conhecimentos, para o desenvolvimento da aprendizagem.Mas é interessante notar, ainda, no desenvolvimento do protocolo que, no momento emque aparece alguma informação nova, e que ela não compreende, isso perturba, eperturbando gera uma mobilização em busca do desconhecido, o que se pode constatarquando relata:[...] teve uma hora ali que ele colocou, fez uma descrição das ferramentas queeu não consegui identificar realmente, ele explicou uma coisa ali que eu nãoconsegui compreender mesmo. Me projetei assim, quando estou usando ainternet e eu não consegui ver, é uma questão de, é agora eu não lembro onome correto, mais tem uma questão ali que eu não consegui compreenderassim, e como é uma ferramenta assim, tentei puxar assim mais eu nãolembro, não lembro disso. Isso aí pra mim foi difícil até quero ver serealmente acontece, é sobre navegação, é que eu não compreendi bem, teriaque retomar e ler melhor [S3, anexo D, l. 219-226].Diante dessas questões, é possível dizer que o S3, em seu episódio deleitura, interagiu bem com o texto, apesar de não ter centrado sua atenção para algunsaspectos (tanto do conteúdo do texto, como do que se espera de um leitor maisexperiente, com relação a este subgênero do gênero artigo científico). Houve umencontro visível entre o mundo do leitor e o mundo do escritor.Cabe ressaltar ainda que, de nosso ponto de vista, o texto lido tem umafunção introdutória, mas é pouco relevante para embasar uma pesquisa. O S3 nãochegou a esse julgamento de relevância. O S3 não se dá conta desse fato, talvez por nãoter desenvolvidos critérios de julgamento da relação entre a leitura e a tarefa que estárealizando (a pesquisa) e por uma destreza, ainda em desenvolvimento, quanto ao rigoracadêmico que é posto em prática ao avaliar um texto científico para utilizar suainformação.
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