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jan. jun. 2012 - Ipea

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Crise dos Alimentos e Estratégias para a Redução do Desperdício no Contexto de uma Política...1091 INTRODUÇÃOCom a eclosão da crise alimentar mundial de 2007, expressa pela elevação dospreços das commodities e pelo desabastecimento de gêneros alimentícios essenciaisem diversos países, muitos analistas passaram a apontar para a necessidadede promover uma nova revolução verde, exigindo rápido aumento da oferta deprodutos agrícolas. Os argumentos estão baseados em relatórios de agências internacionaisque chamam atenção para a redução do ritmo de crescimento da ofertade alimentos e para a aceleração da demanda, com a incorporação de massas denovos consumidores ao mercado. Os fatores agravantes desse quadro de desequilíbrioestariam na mudança climática, que provocaria redução das áreas aptaspara a produção agropecuária e também na competição pelo uso da biomassadada a disseminação do uso de biocombustíveis. Como elementos adjacentes aesse processo estariam os baixos estoques internacionais de produtos agrícolas e aintensa volatilidade dos mercados desses produtos em contexto de instabilidadefinanceira (UN/DESA, 2011; CEPAL; FAO; IICA, 2011; FAO, 2008; ZEZZAet al., 2008).Como medidas para evitar essa potencial catástrofe, que mobilizou de formainédita os líderes mundiais e os principais executivos dos organismos internacionais,como a Organização das Nações Unidas (ONU), o Fundo MonetárioInternacional (FMI) e o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento(BIRD), chegando a ser definida como um “tsunami silencioso” pelosecretário-geral da ONU, as recomendações recaíram para a necessidade de ospaíses promoverem maior gasto público em novas tecnologias, mais crédito aosprodutores e flexibilização do acesso de investidores estrangeiros aos mercados deterras. Curiosamente esse receituário se encontra no polo oposto daquele observadona década passada, no qual os países praticavam o protecionismo de mercadoe a concessão de subsídios aos produtores, tendo em vista a redução da oferta deprodutos agropecuários.Dados estatísticos atuais indicam, no entanto, que a ameaça de desequilíbrionos mercados de alimentos a curto prazo é limitada. Isso porque a reduçãona oferta de alimentos ainda não está presente (VIEIRA FILHO; GASQUES;GERVÁSIO DE SOUZA, 2011) e a contínua elevação dos preços internacionaisnão se deve estruturalmente à insuficiência de oferta de matérias-primas daagropecuária. Verifica-se também que há, em termos gerais, arrefecimento docrescimento da população mundial e, apesar da mudança no padrão de consumoem direção a uma dieta mais sofisticada, não se observam sinais de pressãoestrutural sobre a demanda. É evidente que muitas das medidas para a regulaçãodos mercados globais poderiam ter sido tomadas já nos anos 40 do século XX, aotérmino da Segunda Grande Guerra, por ocasião da criação das principais agênciasinternacionais. Um sistema mundial de alimentos conforme foi proposto

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