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jan. jun. 2012 - Ipea

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240planejamento e políticas públicas | ppp | n. 38 | <strong>jan</strong>./<strong>jun</strong>. <strong>2012</strong>Por fim, apesar de verem mudanças positivas no padrão de vida das famílias,Heredia et al. (2006, p. 285) admitem que “a criação de assentamentos não temalterado o cenário de distribuição de terras em larga escala”.Por outro lado, políticas de reforma agrária e iniciativas de planejamentoregional parecem estar precariamente inter-relacionadas (FAJARDO, 2002; DEI-NINGER et al., 2003; BRINK et al. 2005), o que posiciona os assentamentos àparte dos fatores de desenvolvimento regional. Isto porque os vários programas dereforma agrária implementados ao longo dos anos têm sido ou aleatórios ou desassociadosentre si. Regularmente, projetos mais amplos – por exemplo, o planonacional de reforma agrária de 1985 – são postos em prática na forma de “pacotesde desapropriação” não planejados e assistemáticos, principalmente em áreas resultantesde ocupações massivas de terra por grupos rurais organizados. Ao fime ao cabo, pouca mudança na estrutura fundiária tem sido observada. Na verdade,o Censo Agropecuário 2006, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE), mostra o agravamento da concentração de terras no país, com um Índicede Gini de 0,872, superior aos índices de 1985 (0,857) e 1995 (0,856). Buainain etal. (2000) chamam atenção para a característica isolada e incompleta da realocaçãode terras no país, enfatizando que, em vez de tomarem parte em uma estratégia dedesenvolvimento geral do campo, a política de reforma agrária tem sido mais umareação do Estado à pressão de grupos sociais organizados. Similarmente, Sabourin(2008) observa que o Brasil tem falhado na implementação de grandes planos dereforma agrária. O autor afirma que isso tem levado na maioria das vezes à criaçãode assentamentos em condições precárias e sem suporte à produção.Essas breves considerações parecem apontar para uma necessidade crescentede políticas de reforma agrária associadas a estratégias de planejamento regional.Tomando por base os resultados de pesquisa realizada no Nordeste brasileiroe a literatura internacional especializada, argumentamos que a insuficiência deplanejamento regional nos programas de reforma agrária dificulta o desenvolvimentosocioeconômico sustentável das áreas beneficiadas e, simultaneamente, osaneamento de problemas de alcance regional. Para o teste do argumento, umaanálise é realizada dos efeitos socioeconômicos de duas modalidades distintas deredistribuição de terras em áreas selecionadas da região Nordeste: a tradicionalde Estado, levada a cabo por via das desapropriações do Instituto Nacional deColonização e Reforma Agrária (Incra), e outra baseada na concessão de créditospara a negociação e aquisição de lotes, no caso o Projeto Cédula da Terra (PCT).Avaliamos empiricamente se, e em que medida, cada uma das abordagens contribuiupara o desenvolvimento sustentável dos assentamentos e dos territóriosrurais que os contêm. Além disso, o trabalho destaca o papel do planejamentoregional na reforma agrária e o equilíbrio entre graus variados de ação estatal eforças de mercado nos programas de redistribuição de terras.

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