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Revista Elas por elas 2014

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

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mediações de conflito entre vizinhos.<br />

As decisões do que fazer no local são<br />

tomadas em assembleias de moradores,<br />

realizadas a cada quinze dias, e a prioridade,<br />

no momento, é a construção<br />

de um centro social para abrigar cursos,<br />

oficinas e demais atividades culturais e<br />

de formação, mas ainda não há recursos<br />

suficientes.<br />

“É muito trabalho. Às vezes penso:<br />

será que tenho essa força? Mas quando<br />

vejo os resultados, é muito emocionante<br />

saber que o trabalho é coletivo tanto<br />

aqui quanto nas Brigadas. O que me<br />

anima é saber que não estou sozinha”,<br />

afirma Coelho, para quem as ocupações<br />

são uma forma de minimizar os impactos<br />

sociais do sistema capitalista e reduzir<br />

o déficit habitacional no país, atualmente<br />

de 5,24 milhões de moradias, segundo<br />

estudo do Instituto de Pesquisa Econômica<br />

Aplicada (Ipea). “A maioria dos<br />

que aqui estão [na Guarani-Kaiowá]<br />

moravam de aluguel ou de favor na favela<br />

ao lado”, explica a militante.<br />

A cerca de 50 quilômetros dali, a<br />

batalha enfrentada é outra. O trabalho<br />

de Beatriz Vignolo (foto), de 29 anos,<br />

é para preservar um monumento natural,<br />

a Serra da Moeda, em Brumadinho,<br />

na região metropolitana de Belo<br />

Horizonte. Há pelo menos seis anos, a<br />

advogada percorre comunidades vizinhas<br />

e se reúne com lideranças e associações<br />

comunitárias para convencer a população<br />

local dos riscos que mineradora<br />

Ferrous pode trazer, caso a empresa<br />

ganhe a queda de braço com os moradores<br />

e comece a operar na região.<br />

“Em 2010, entrei com uma ação<br />

popular e consegui ter acesso ao projeto<br />

da empresa, que até então tramitava<br />

em sigilo industrial no Departamento<br />

Nacional de Produção Mineral. Temos<br />

entrado com várias ações jurídicas e<br />

descobrimos irregularidades. Por<br />

exemplo, a empresa não conhece exatamente<br />

onde está o lençol freático, ou<br />

seja, ela não sabe o impacto nos recursos<br />

hídricos da região”, denuncia Vignolo,<br />

preocupada com os impactos da atividade<br />

minerária na biodiversidade e nas<br />

comunidades tradicionais e quilombolas<br />

do entorno.<br />

Mark Florest<br />

A jovem, que até o ano passado<br />

presidiu a organização não governamental<br />

Abrace a Serra da Moeda, é<br />

uma das responsáveis <strong>por</strong> organizar<br />

um ato, em 21 de abril, que desde<br />

2008 reúne milhares de pessoas num<br />

abraço simbólico ao local. A data escolhida<br />

é uma referência à Inconfidência<br />

Mineira, como forma de simbolizar a<br />

luta contra a exploração das riquezas<br />

naturais. No último ato, 20 mil pessoas<br />

participaram.<br />

“A luta é brava, mas tenho uma<br />

visão otimista. A maior dificuldade tem<br />

sido lidar com o poder econômico, que<br />

manipula o poder público”, afirma Vignolo,<br />

numa crítica ao prefeito de Brumadinho,<br />

Antônio Brandão (PSDB),<br />

que revogou o decreto de preservação<br />

de 30 nascentes d’água em 500 hectares<br />

da Serra. O caso foi parar no Ministério<br />

Público Estadual, que investiga o fato<br />

de a Ferrous ter doado 150 mil reais a<br />

uma entidade presidida pelo vice-prefeito,<br />

para a suposta realização de<br />

evento cultural na cidade. “Tenho amor<br />

a essa terra. Sou nascida e criada aqui.<br />

Quando eu era criança, aqui não tinha<br />

nada, nem mercadinho. Não queremos<br />

todas as maz<strong>elas</strong> que têm em cidades<br />

minerárias”, diz a advogada.<br />

As ações de dona Delse, Érica<br />

Coelho e Beatriz Vignolo ilustram bem<br />

a forte presença feminina nas lutas<br />

mais gerais da população, vinculadas<br />

ou não às demandas de gênero. Cotidianamente,<br />

<strong>elas</strong> reescrevem a história,<br />

ainda marcada <strong>por</strong> letras masculinas,<br />

<strong>por</strong> meio de batalhas <strong>por</strong> uma sociedade<br />

melhor para todos. “Atualmente, em<br />

todo o mundo e em particular na América<br />

Latina, os principais movimentos<br />

têm a participação expressiva das mulheres.<br />

A resistência feminina expressa<br />

forte dinamismo e cada vez mais organiza<br />

lutas que conectam as várias dimensões”,<br />

ressalta Cláudia Prates, da<br />

Marcha Mundial das Mulheres, em<br />

artigo da revista Mátria.<br />

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