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Revista Elas por elas 2014

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

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O ator Cauã Reimond participou de campanha contra a violência doméstica.<br />

passa pela educação, mas também<br />

pela Justiça. “É necessário que haja<br />

uma punição severa e uma lei que funcione,<br />

para que se mude uma cultura,<br />

além do trabalho de prevenção constante,<br />

com campanhas educativas nas<br />

diversas mídias. Por exemplo, antes as<br />

pessoas fumavam em restaurantes,<br />

boates, em shoppings. Essa cultura foi<br />

mudada, pois além de uma forte campanha<br />

sobre os riscos do fumante passivo,<br />

houve a previsão de multa ao estabelecimento<br />

e a quem burla a regra.<br />

Da mesma forma, hoje em dia, diminuiu<br />

o número de motoristas que dirigem<br />

após uso de bebida alcoólica. Tudo se<br />

deve ao fato da ação preventiva e repressiva<br />

à embriaguez no volante”, contextualiza<br />

Maria Gabriela.<br />

A promotora considera que, na área<br />

da Justiça, há muito que fazer, mas já<br />

podemos considerar vários avanços.<br />

“Muitas pessoas criticam o papel da<br />

Justiça, mas não enxergam todos os<br />

esforços e conquistas ao longo desses<br />

quase oito anos da Lei Maria da Penha.<br />

Se <strong>por</strong> um lado há o aumento de<br />

crimes, <strong>por</strong> outro, há o aumento<br />

também do interesse das cúpulas dos<br />

poderes em fomentar a rede protetiva<br />

dos direitos da mulher como um todo”,<br />

afirma. No entanto, a promotora concorda<br />

que falta credibilidade na Justiça<br />

e diz que “a sociedade quer ver que os<br />

crimes são mesmo punidos, que as mulheres<br />

são respeitadas e que nossa vida<br />

vale muito mais que uma cesta básica.<br />

Na verdade, falta dar credibilidade à<br />

voz da mulher. Quando alguém vai à<br />

delegacia e fala que o carro foi furtado,<br />

todo mundo acredita e ninguém fica<br />

pedindo documento, prova, etc...<br />

Quando uma mulher vai à Delegacia e<br />

diz que está sendo ameaçada, geralmente<br />

o processo é arquivado ou sequer<br />

se instaura inquérito policial <strong>por</strong>que<br />

não tem testemunha da ameaça. E a<br />

palavra da vítima, onde fica? Por que<br />

as pessoas sempre acham que as mulheres<br />

querem prejudicar os homens<br />

quando fazem uma denúncia? O índice<br />

de denunciação caluniosa e falsa comunicação<br />

de crime é muito baixo. A<br />

mulher precisa ser ouvida com imparcialidade<br />

e atenção”, afirma.<br />

Maria Gabriela chama a atenção<br />

para o papel da família e da escola.<br />

“Crianças e adolescentes estão em fase<br />

de formação de caráter, de valores e de<br />

dignidade. Deve-se ensinar aos meninos<br />

a respeitarem as meninas, a dividir as<br />

tarefas de casa, a terem os mesmos direitos<br />

e deveres. Isso quem ensina são<br />

os pais, irmãos, tios, avós e educadores”,<br />

diz a promotora ao contar um caso que<br />

atendeu dias antes desta entrevista: “consegui<br />

a internação de um adolescente<br />

que havia agredido fisicamente a mãe,<br />

além de ameaçá-la de morte. Atendi a<br />

mãe aqui na Promotoria de Justiça,<br />

toda machucada. Ao perguntar para o<br />

adolescente <strong>por</strong>que ele fez aquilo, ele<br />

Internet<br />

respondeu, com a maior naturalidade,<br />

que ela não fazia papel de mãe, não<br />

limpava a casa e não fazia comida para<br />

ele, que era um lixo. Essa é a cultura<br />

machista de uma adolescente de 16<br />

anos, que assistiu ao pai agredindo a<br />

mãe durante sua infância e que acha<br />

que ser mãe é fazer comida e limpar a<br />

casa. A violência se perpetua. É preciso<br />

agir antes que ela se transmita de geração<br />

para geração”.<br />

Para a promotora, a partir do momento<br />

que os homens que respeitam<br />

as mulheres divulgarem essa ‘nova cultura’,<br />

outros homens começarão a se<br />

inspirar e a repetir esse com<strong>por</strong>tamento.<br />

“A causa passa a ser de todos e todas<br />

e não só uma ‘causa feminista’. Esses<br />

homens também são pais, filhos, irmãos<br />

e se preocupam com o respeito à integridade<br />

física, moral e sexual das mulheres<br />

de suas famílias. Para mim, ser<br />

um homem valente é ter a coragem de<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Elas</strong> <strong>por</strong> <strong>Elas</strong> - março <strong>2014</strong> 55

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