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Revista Elas por elas 2014

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

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Douglas Almeida, membro do Conselho<br />

Tutelar de Belo Horizonte, informa<br />

que, em 2013, sete mil solicitações de<br />

matrículas ao órgão ficaram sem encaminhamento<br />

<strong>por</strong> falta de vagas na rede<br />

de creches do município. Segundo ele,<br />

isso <strong>por</strong>que a maioria dos pais ainda<br />

não procura o Conselho quando não<br />

encontra vaga. “A quantidade de vagas<br />

é irrisória diante da demanda”, afirma.<br />

Se a creche não fornecer a vaga, a<br />

orientação é que os pais ou responsáveis<br />

pela criança se cadastrem em uma lista<br />

de espera. Caso a creche demore muito<br />

para providenciar a vaga, as Diretorias<br />

Regionais de Ensino devem ser procuradas.<br />

Os pais também podem procurar<br />

a Defensoria Pública e o Ministério Público<br />

ou o Conselho Tutelar mais próximo.<br />

O Censo Democráfico 2010 mostra<br />

que quase 80% das crianças brasileiras<br />

não estão matriculadas em creches. Segundo<br />

o IBGE, o número de crianças na<br />

primeira infância matriculadas aumentou<br />

de 9,4% para 23,6% nos últimos dez<br />

anos. O contraponto é que o aumento<br />

se intensifica no estrato social de maior<br />

poder aquisitivo, sendo que nas classes<br />

mais baixas apenas 12,2% das crianças<br />

são atendidas. Apesar de o índice demográfico<br />

do Brasil ter diminuído na<br />

atualidade – 1,9 filho <strong>por</strong> mulher em<br />

2010 – evidencia-se um aumento da demanda<br />

<strong>por</strong> vagas em creches.<br />

Conforme o Anuário da Educação<br />

Básica 2013, publicado pela Editora<br />

Moderna, no caso das creches, de<br />

forma geral, só existem estimativas do<br />

déficit de vagas, como no relatório do<br />

Banco Mundial Educação Infantil: Programas<br />

para a Geração Mais Im<strong>por</strong>tante<br />

do Brasil. Segundo o estudo,<br />

havia, em 2011, uma demanda não<br />

atendida de cerca de 1,8 milhão de<br />

vagas em creches em todo o país. O<br />

Brasil já instituiu para 2016 a obrigatoriedade<br />

de matrícula na pré-escola<br />

de todas as crianças a partir dos quatro<br />

80% das crianças<br />

brasileiras não<br />

estão matriculadas<br />

em creches.<br />

Crianças<br />

matriculadas<br />

2003<br />

9,4%<br />

2013<br />

23,6%<br />

12,2%<br />

das classes<br />

mais baixas<br />

anos, mas ainda precisa adaptar a<br />

oferta de vagas à demanda que surgirá<br />

em decorrência desta medida.<br />

Direito à educação<br />

Universalizar o atendimento na educação<br />

infantil é um desafio brasileiro<br />

não só como uma política de gênero<br />

para atender as mães que precisam<br />

trabalhar, contribuindo, assim, para diminuir<br />

as desigualdades entre homens<br />

e mulheres no mercado de trabalho,<br />

mas também como um direito constitucional<br />

das crianças <strong>por</strong> educação.<br />

O artigo 208 da Constituição Federal<br />

garante às crianças de 0 a 5 anos o direito<br />

à educação infantil, em creche e<br />

pré-escola. Além disso, esse direito<br />

também está assegurado no Estatuto<br />

da Criança e do Adolescente (1990),<br />

na Lei de Diretrizes e Bases da Educação<br />

(LDB, de 1996) e no Plano Nacional<br />

de Educação (PNE, de 2001).<br />

Segundo especialistas, a criança que<br />

não passa <strong>por</strong> essa etapa da educação<br />

pode ter o desenvolvimento prejudicado<br />

e ficar exposta a outros riscos, como<br />

violência, trabalho infantil, abuso e exploração<br />

sexual. Mais do que um local<br />

para deixar as crianças enquanto as<br />

mães trabalham, a educação infantil<br />

tem um papel fundamental na formação<br />

do indivíduo e reflete em uma melhora<br />

significativa no aprendizado e socialização<br />

da criança.<br />

A professora Sônia Soares, que atua<br />

na educação infantil pública de Belo Horizonte,<br />

reforça o entendimento de que<br />

a creche é um direito das crianças que<br />

precisa ser garantido pelo estado. “A<br />

defasagem para crianças de 0 a 2 anos<br />

é um nó maior ainda. A universalização<br />

desse direito das crianças e das mulheres<br />

ainda está muito distante”, diz. Embora<br />

não seja obrigatório matricular as crianças<br />

de até 3 anos, a vaga nas creches é um<br />

direito previsto na LDB, sendo dever<br />

dos municípios, com ajuda dos estados,<br />

garantir creches e pré-escolas públicas<br />

para todas as crianças.<br />

A luta pelo direito à creche é uma<br />

luta popular que teve grande força no<br />

final da década de 70, período de emergência<br />

dos movimentos sociais urbanos,<br />

como o contra a carestia, num cenário<br />

em que as mulheres começaram a ingressar<br />

com mais intensidade no mercado<br />

de trabalho. Naquela época, a ausência<br />

de políticas públicas voltadas<br />

para o atendimento à criança de 0 a 6<br />

anos no campo educacional, somada à<br />

precária rede de assistência social, provocou<br />

um considerável crescimento na<br />

criação de novas creches e centros infantis<br />

comunitários e filantrópicos.ø<br />

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