Revista Elas por elas 2014
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
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A luta pela<br />
liberdade de<br />
um povo<br />
Comunidades remanescentes de Quilombos querem<br />
reconhecimento e direitos sociais<br />
QUILOMBOLAS<br />
<strong>por</strong> Saulo Esllen Martins<br />
fotos: Mark Florest<br />
Cercada <strong>por</strong> cachoeiras, fazendas,<br />
pousadas e condomínios de luxo, a comunidade<br />
quilombola do Açude está situada<br />
na Serra do Cipó, a pouco mais<br />
de 100 km de Belo Horizonte. São algumas<br />
dezenas de casas ao pé da serra.<br />
O clima alegre do lugar não remonta<br />
ao sofrimento dos escravos libertos que<br />
ali viveram. Os costumes ainda são<br />
bem tradicionais. Fogão a lenha, banhos<br />
de rio e crianças brincando no quintal.<br />
Ao lado do vilarejo encontra-se a<br />
fazenda Cipó Velho, onde os negros<br />
foram o braço forte da mão de obra<br />
nos séculos passados. O casario dos<br />
senhores e a senzala onde moraram<br />
mais de 60 escravos ainda estão preservados<br />
e, hoje, funcionam como pousada<br />
e museu.<br />
Sob a batuta de Dona Mercês e ao<br />
som do tambor de herança africana, as<br />
mulheres dali ficaram famosas <strong>por</strong> participarem<br />
de composições dos músicos<br />
Maurício Tizumba e Marina Machado<br />
e pela tradicional festa do Candombe,<br />
realizada em homenagem a Nossa Senhora<br />
do Rosário. Mas a simplicidade<br />
continua a ser característica do lugar.<br />
Os moradores do Açude são conhecidos<br />
pela tradição musical e pela oralidade<br />
na transmissão da cultura e da história.<br />
“O Açude é de escutar e passar pra<br />
frente, sentar e contar histórias”, diz<br />
Shirlene Sabino.<br />
Shirlene nasceu e cresceu no lugarejo<br />
e relembra com saudosismo como a<br />
mãe e as tias resgataram a identidade<br />
da comunidade. “Eram quatro mulheres,<br />
a minha mãe (Dona Geralda), Tia<br />
Mercês, Tia Vilma e Dindinha Lena.<br />
<strong>Elas</strong> enfrentaram os fazendeiros da região.<br />
Batalharam pelo nosso reconhecimento<br />
como povo quilombola. Caminharam<br />
à frente e lideraram a comunidade<br />
durante toda a vida. Hoje,<br />
nós, que somos mais jovens, tentamos<br />
pegar esse cajado e continuar no caminho<br />
que traçaram”, frisa. Graças ao<br />
empenho dessas mulheres, o povo do<br />
Açude conquistou o documento da terra<br />
e o certificado de comunidade remanescente<br />
de quilombolas.<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Elas</strong> <strong>por</strong> <strong>Elas</strong> - março <strong>2014</strong> 39