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Revista Elas por elas 2014

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

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primordialmente ao fixar o espaço doméstico,<br />

cuja contraposição, velada,<br />

seria a de uma ´temática masculina´,<br />

dedicada aos temas públicos, históricos,<br />

civis. Dava-se início à formação de uma<br />

nova categoria de enquadramento para<br />

a produção das mulheres, a da ´arte feminina´<br />

que, ao nomear e rotular mediante<br />

critérios diversos suas produções,<br />

terminava <strong>por</strong> separá-las e, mesmo<br />

sem o querer, dificultava as tentativas<br />

de profissionalização das mulheres artistas<br />

daquele período”, explica a autora.<br />

Segundo Ana Paula, as mulheres<br />

que desejavam se formar como artistas<br />

no Brasil se deparavam com o fato de<br />

que, até 1881, não havia instituição<br />

pública alguma apta a acolhê-las como<br />

discentes. Naquele ano, inauguraramse<br />

as aulas para o sexo feminino no<br />

Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro,<br />

mas a classes inclinavam-se mais<br />

para a formação de artesãos do que<br />

propriamente de artistas.<br />

“Felix Ferreira, im<strong>por</strong>tante crítico<br />

de arte do século XIX no Rio de Janeiro,<br />

louvava a iniciativa do liceu <strong>por</strong> propiciar<br />

que a mulher pudesse ´auxiliar eficazmente<br />

o marido (...) nas despensas preciosas<br />

do lar´. Com esse discurso, percebe-se<br />

que a profissionalização artística<br />

feminina era aí compreendida como<br />

uma formação eminentemente técnica<br />

e voltada a um público humilde”, cita.<br />

Como efeito da crítica, muitas artistas<br />

ficaram banidas dos livros de história<br />

da arte. Mas apesar de tantos empecilhos,<br />

as artistas mulheres foram conquistando<br />

espaços nos salões e exposições,<br />

nas mostras, nas escolas de arte,<br />

obtendo premiações e fazendo-se notar.<br />

Também não se pode negar o papel<br />

do movimento feminista na arte e sua<br />

luta para desconstruir a premissa de<br />

mulher objeto de desejo e musa inspiradora.<br />

Mesmo sem reconhecimento,<br />

sempre houve um olhar feminino <strong>por</strong><br />

trás da tela, com talento equivalente ao<br />

dos homens.<br />

ENTREVISTA | Ana Paula Cavalcanti 1<br />

<strong>Elas</strong> <strong>por</strong> <strong>Elas</strong> - Você acha<br />

que hoje os debates sobre gênero<br />

na arte são atuais?<br />

Ana Paula - Creio que sim,<br />

tendo em vista que apenas desde a<br />

década de 1970, nos países anglosaxões,<br />

e muito mais recentemente<br />

em outros países como França,<br />

Itália e Brasil, as teorias de gênero<br />

vêm alimentando um necessário<br />

revisionismo sobre as práticas e valores<br />

tradicionalmente empregues<br />

pela história da arte. Esses, como<br />

diversas historiadoras já mostraram<br />

(Linda Nochlin, Tamar Garb, Griselda<br />

Pollock, entre tantas outras)<br />

tenderam a produzir um não reconhecimento<br />

das mulheres atuantes<br />

em períodos específicos da história,<br />

como durante os séculos XVI, XVII,<br />

XVIII e XIX.<br />

Mas mesmo em períodos mais recentes,<br />

como nas vanguardas históricas,<br />

a produção de diversas artistas passou<br />

a ser reconhecida apenas recentemente,<br />

em especial aqu<strong>elas</strong> que se orientavam<br />

para as artes, ditas aplicadas, como as<br />

artistas russas, ou mesmos as alunas<br />

da Bauhaus, só foram revalorizadas<br />

após as transformações teóricas, conceituais<br />

propiciadas pelo impacto das<br />

teorias de gênero no campo das artes.<br />

Em países latinos como Brasil, Argentina,<br />

Chile, Itália, Portugal, etc, esses<br />

debates foram feitos apenas na última<br />

década, havendo muitas artistas a<br />

serem recuperadas, suas obras conhecidas<br />

e suas produções problematizadas.<br />

Arquivo pessoal<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Elas</strong> <strong>por</strong> <strong>Elas</strong> - março <strong>2014</strong> 71

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