Revista Elas por elas 2014
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
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que nenhuma dessas formas educava e<br />
conscientizava o homem sobre sua atitude<br />
contra a mulher. Ao começar<br />
aplicar nossa metodologia para homens<br />
autores de violência, o índice de reincidência<br />
começou a diminuir, <strong>por</strong>que o<br />
trabalho que é realizado é baseado nas<br />
teorias feministas e principalmente nas<br />
relações de gênero”, afirma.<br />
Ajuda coletiva<br />
Além da mudança dos caminhos da<br />
educação como um primeiro passo preventivo,<br />
Sérgio defende a aplicação da<br />
Lei Maria da Penha de forma integral,<br />
possibilitando que esse homem seja encaminhado<br />
para um Centro de Responsabilização.<br />
“O homem que busca<br />
o Coletivo, <strong>por</strong> exemplo, para compreender<br />
suas razões, começa a mudar<br />
muito mais rapidamente. Não vai jogar<br />
a culpa no baixo salário, nas horas trabalhadas,<br />
no trânsito e muito menos<br />
na companheira. Ele vai conseguir assumir<br />
que a sua vida, enquanto homem,<br />
foi a projeção daquilo que ele não é. O<br />
melhor trabalho e o seu resultado é<br />
quando o homem busca ajuda, aceita<br />
ser ajudado e possibilita entrar em contato<br />
com os seus sentimentos. Mesmo<br />
aquele homem que não cometeu ato<br />
violento, mas que se sente angustiado<br />
pela possibilidade de cometer uma violência<br />
contra a sua companheira, deve<br />
procurar rapidamente <strong>por</strong> ajuda”.<br />
Foi o que aconteceu com Ivo (nome<br />
fictício). Após denúncia de sua esposa,<br />
foi aconselhado pela juíza a frequentar<br />
o Programa de Responsabilização para<br />
Homens Autores de Violência Contra<br />
Mulheres como forma de ajuda. “No<br />
meu caso, era opcional, mas preferi<br />
participar dos 16 encontros propostos.<br />
Porém, gostei tanto que já vou participar<br />
do 19º encontro. Meu problema aconteceu<br />
<strong>por</strong> causa do machismo, agravado<br />
pelo uso de bebida alcoólica. Nossa<br />
convivência é difícil, somos os dois machistas,<br />
gerando uma violência mútua,<br />
<strong>por</strong>ém sempre tinha sido apenas verbal.<br />
Quando exagerei, ela me denunciou.<br />
Saí de casa, mas retornei dois meses<br />
depois, já participando deste grupo de<br />
ajuda. Pra mim, tem sido proveitoso,<br />
pois aprendi a me policiar e a pensar<br />
diferente. Hoje, já sei que o melhor caminho<br />
quando a relação fica pesada é<br />
sair fora, pois, muitas vezes, evitar a<br />
briga é difícil. Nada é mais precioso do<br />
que a liberdade. Muitas vezes, a gente<br />
fica no casamento <strong>por</strong> causa dos filhos<br />
e até das coisas materiais. Mas tudo<br />
isso perde o sentido, quando chega<br />
numa situação de violência. No grupo,<br />
a gente vê que tem muita gente nesta<br />
mesma situação. Lá, a gente fala, escuta<br />
e tudo isso ajuda na nossa reflexão e<br />
crescimento pessoal”, conta.<br />
Para Ivo, todas as pessoas deveriam<br />
fazer um bom tempo de psicoterapia<br />
antes de se casar. “Isso ajudaria no autoconhecimento<br />
para saber se é isso<br />
mesmo e se é a pessoa certa, <strong>por</strong>que<br />
quando a gente casa não imagina que<br />
vai viver isso. Ninguém casa para sair<br />
brigando”, afirma Ivo, ao acrescentar<br />
que “todo homem, ou mulher, deve<br />
buscar ajuda de um grupo como o do<br />
Coletivo Feminino, quando sentir que<br />
corre o risco de ser violento ou violenta<br />
em alguma situação”.ø<br />
Sérgio Barbosa, coordenador do Programa de Responsabilização para Homens Autores<br />
de Violência Contra Mulheres<br />
Argos foto<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Elas</strong> <strong>por</strong> <strong>Elas</strong> - março <strong>2014</strong> 57