12.09.2017 Views

Revista Elas por elas 2014

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

que nenhuma dessas formas educava e<br />

conscientizava o homem sobre sua atitude<br />

contra a mulher. Ao começar<br />

aplicar nossa metodologia para homens<br />

autores de violência, o índice de reincidência<br />

começou a diminuir, <strong>por</strong>que o<br />

trabalho que é realizado é baseado nas<br />

teorias feministas e principalmente nas<br />

relações de gênero”, afirma.<br />

Ajuda coletiva<br />

Além da mudança dos caminhos da<br />

educação como um primeiro passo preventivo,<br />

Sérgio defende a aplicação da<br />

Lei Maria da Penha de forma integral,<br />

possibilitando que esse homem seja encaminhado<br />

para um Centro de Responsabilização.<br />

“O homem que busca<br />

o Coletivo, <strong>por</strong> exemplo, para compreender<br />

suas razões, começa a mudar<br />

muito mais rapidamente. Não vai jogar<br />

a culpa no baixo salário, nas horas trabalhadas,<br />

no trânsito e muito menos<br />

na companheira. Ele vai conseguir assumir<br />

que a sua vida, enquanto homem,<br />

foi a projeção daquilo que ele não é. O<br />

melhor trabalho e o seu resultado é<br />

quando o homem busca ajuda, aceita<br />

ser ajudado e possibilita entrar em contato<br />

com os seus sentimentos. Mesmo<br />

aquele homem que não cometeu ato<br />

violento, mas que se sente angustiado<br />

pela possibilidade de cometer uma violência<br />

contra a sua companheira, deve<br />

procurar rapidamente <strong>por</strong> ajuda”.<br />

Foi o que aconteceu com Ivo (nome<br />

fictício). Após denúncia de sua esposa,<br />

foi aconselhado pela juíza a frequentar<br />

o Programa de Responsabilização para<br />

Homens Autores de Violência Contra<br />

Mulheres como forma de ajuda. “No<br />

meu caso, era opcional, mas preferi<br />

participar dos 16 encontros propostos.<br />

Porém, gostei tanto que já vou participar<br />

do 19º encontro. Meu problema aconteceu<br />

<strong>por</strong> causa do machismo, agravado<br />

pelo uso de bebida alcoólica. Nossa<br />

convivência é difícil, somos os dois machistas,<br />

gerando uma violência mútua,<br />

<strong>por</strong>ém sempre tinha sido apenas verbal.<br />

Quando exagerei, ela me denunciou.<br />

Saí de casa, mas retornei dois meses<br />

depois, já participando deste grupo de<br />

ajuda. Pra mim, tem sido proveitoso,<br />

pois aprendi a me policiar e a pensar<br />

diferente. Hoje, já sei que o melhor caminho<br />

quando a relação fica pesada é<br />

sair fora, pois, muitas vezes, evitar a<br />

briga é difícil. Nada é mais precioso do<br />

que a liberdade. Muitas vezes, a gente<br />

fica no casamento <strong>por</strong> causa dos filhos<br />

e até das coisas materiais. Mas tudo<br />

isso perde o sentido, quando chega<br />

numa situação de violência. No grupo,<br />

a gente vê que tem muita gente nesta<br />

mesma situação. Lá, a gente fala, escuta<br />

e tudo isso ajuda na nossa reflexão e<br />

crescimento pessoal”, conta.<br />

Para Ivo, todas as pessoas deveriam<br />

fazer um bom tempo de psicoterapia<br />

antes de se casar. “Isso ajudaria no autoconhecimento<br />

para saber se é isso<br />

mesmo e se é a pessoa certa, <strong>por</strong>que<br />

quando a gente casa não imagina que<br />

vai viver isso. Ninguém casa para sair<br />

brigando”, afirma Ivo, ao acrescentar<br />

que “todo homem, ou mulher, deve<br />

buscar ajuda de um grupo como o do<br />

Coletivo Feminino, quando sentir que<br />

corre o risco de ser violento ou violenta<br />

em alguma situação”.ø<br />

Sérgio Barbosa, coordenador do Programa de Responsabilização para Homens Autores<br />

de Violência Contra Mulheres<br />

Argos foto<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Elas</strong> <strong>por</strong> <strong>Elas</strong> - março <strong>2014</strong> 57

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!