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Revista Elas por elas 2014

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

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sionais da área da saúde. “A criança<br />

precisa participar das vivências e se ela<br />

não consegue se assentar fica de fora, o<br />

que atrapalha seu desenvolvimento. Por<br />

isso, a Noisinho criou a Ciranda, um<br />

dispositivo que faz com que a criança<br />

consiga ficar sentada junto com outras.<br />

Serve para atividades que vão até 40<br />

minutos, com espaço entre <strong>elas</strong>, pois<br />

não podem ficar sentadas desta forma<br />

mais do que este tempo”, explica.<br />

E para que em casa também essas<br />

crianças possam ter a cadeirinha, a ONG<br />

oferece uma tecnologia social. Trata-se<br />

da Oficina da Ciranda, em final de semana,<br />

para ensinar os pais a fabricarem<br />

o produto. Enquanto eles estão na marcenaria<br />

aprendendo a fazer a Ciranda,<br />

as crianças da família, com deficiências<br />

ou não, participam de atividades lúdicas<br />

e culturais como contação de história,<br />

dança, canto, circo, etc. Segundo Érika,<br />

muitas mães revelam que nunca tiveram<br />

um final de semana assim, alegre e com<br />

um tempo para <strong>elas</strong>, pois as oficinas<br />

contam com uma cuidadora para cada<br />

criança com deficiência grave e monitores<br />

para as demais durante todo o tempo.<br />

Além disso, as mães se veem capazes de<br />

produzir algo e, muitas vezes, começam<br />

a se questionar, reconhecem que seu<br />

lugar não é o da deficiência, que são capazes.<br />

Isso potencializa, empodera estas<br />

mulheres. É bonito ver também a troca<br />

entre as famílias. Combinam atividades<br />

juntas, como ir a um parque no final de<br />

semana. Para muitas famílias, é a primeira<br />

vez que sairão com outras pessoas que<br />

vivem a mesma realidade. Se sentem<br />

acolhidas”. As oficinas podem ser realizadas<br />

em outros estados também, mas<br />

sempre com parcerias. Em Minas, o<br />

apoio vem de instituições como, <strong>por</strong><br />

exemplo, o Salão do Encontro e o Centro<br />

de Desenvolvimento da Madeira, do<br />

Senai. “É um trabalho feito <strong>por</strong> todos.<br />

Por isso se chama Noisinho, <strong>por</strong>que sozinho<br />

ninguém faz nada. Participam as<br />

famílias, a equipe de profissionais do<br />

Tecnologia social: pais aprendem a fabricar cadeira especial.<br />

Noisinho, minhas três filhas que cresceram<br />

aprendendo, na prática, o verdadeiro<br />

sentido de inclusão, os namorados,<br />

amigos, sobrinhos. Enfim, todos que<br />

querem ajudar”, afirma a designer.<br />

Érika conta ainda que, apesar das<br />

meninas não terem aproveitado os produtos,<br />

<strong>elas</strong> aprenderam a lidar com a<br />

diversidade naturalmente. “Cresceram<br />

neste universo inclusivo, sempre ajudando<br />

nas atividades da oficina, com<br />

as famílias. Convivem com crianças<br />

com todo tipo de deficiência, com pais<br />

participativos e com mães que lutam<br />

sozinhas para criar seus filhos, pois,<br />

pelo que percebemos em nosso público<br />

nos centros urbanos, mais de 90% das<br />

mulheres são abandonadas pelos maridos<br />

quando nasce algum filho com<br />

deficiência grave. Minhas filhas cresceram<br />

vendo e aprendendo sobre questões<br />

assim, que nem sempre são abordadas<br />

nas famílias em geral: como inclusão,<br />

desigualdades de gênero, raça<br />

e social, etc. Com certeza, <strong>elas</strong> são<br />

pessoas melhores do que eu, com<br />

menos preconceitos”, afirma.<br />

Entre os aprendizados da vida, a designer<br />

confessa que se conscientizou,<br />

acima de tudo, de que o ser humano<br />

não pode viver sem sonho. “Mas o<br />

propósito não pode ser apenas o de<br />

comprar um bem. Porque, depois que<br />

você comprar, como ficará sua vida? O<br />

sonho de ficar rico só faz sentido para<br />

mim, se for como Bill Gates. Se tornou<br />

milionário, mas, depois disso, quis ser o<br />

homem que faz a diferença nas principais<br />

questões do mundo. Ele vem fazendo<br />

transformações, investindo muito em<br />

pesquisas na área da saúde, como, <strong>por</strong><br />

exemplo, da aids. Ele está realizando<br />

seu sonho e mudando a realidade. Todos<br />

precisamos achar nosso sonho que transforma,<br />

dentro das nossas condições,<br />

competências e realidade”, diz.ø<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Elas</strong> <strong>por</strong> <strong>Elas</strong> - março <strong>2014</strong> 77

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