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Revista Elas por elas 2014

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

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Alegria gratuita<br />

As Meninas de Sinhá não cobram<br />

p<strong>elas</strong> apresentações. Levam alegria gratuita<br />

para as pessoas. Visitam creches,<br />

asilos, associações, tudo de graça. Doam<br />

música e simpatia. E isso tudo surgiu<br />

de uma ideia simples, de uma mulher<br />

que pensava na coletividade. “Conheci<br />

Valdete em uma consulta no posto de<br />

saúde. Ela me viu e falou sobre o grupo.<br />

Pensei durante alguns dias até que<br />

decidi fazer a primeira visita. Agora,<br />

tomo apenas um medicamento para<br />

controlar a pressão. Tenho outro astral.<br />

Sou mais animada. Virei outra pessoa<br />

depois que passei a fazer parte do<br />

grupo”, destaca Maria Mercês Pedro,<br />

participante há mais de 20 anos.<br />

Diva Altina de Jesus ressalta que se<br />

está viva é <strong>por</strong> causa do grupo. “Esse<br />

grupo é tudo pra mim. Vida, saúde,<br />

Saulo Esllen Martins<br />

alegria. É difícil até explicar a im<strong>por</strong>tância<br />

da Valdete na minha vida. Engraçado<br />

é que nas primeiras vezes que<br />

eu a vi, não fui muito com a cara dela.<br />

Era um momento em que eu estava<br />

em depressão, então eu vivia mal humorada.<br />

Mesmo assim, ela me tratou<br />

muito bem e me recebeu de braços<br />

abertos, a partir daquele momento ela<br />

entrou no meu coração”.<br />

Para Durvalina Maria de Oliveira, é<br />

difícil contar tudo de bom que as Meninas<br />

trouxeram para a sua vida. “São<br />

muitas emoções. Posso falar um pedacinho.<br />

Quando entrei nesse grupo foi<br />

<strong>por</strong> necessidade. Eu reclamava muito<br />

da vida. Chorava dia e noite. Cheguei<br />

há dezesseis anos com uma forte depressão,<br />

eu tomava remédios tarja preta.<br />

Com um ano de participação recebi<br />

alta do psiquiatra”.<br />

As Meninas compartilham alegrias<br />

e tristezas. Ensinam e aprendem a cada<br />

dia. “A principal lição que aprendi com<br />

o grupo foi gostar de mim. Se você<br />

não se gosta é difícil ter carinho <strong>por</strong><br />

outras pessoas. Eu comia unha, andava<br />

vestida de qualquer jeito, não penteava<br />

nem o cabelo. Com os conselhos da<br />

Valdete e essa verdadeira terapia que é<br />

conviver com as Meninas, a minha rotina<br />

foi mudando. Nem tudo pode ser<br />

tratado com remédios. O carinho, a<br />

atenção, as conversas e os abraços<br />

fazem muita diferença na vida das pessoas.<br />

Ao som das cantigas, na alegria<br />

das rodas e cirandas, os olhares sinceros<br />

e as palavras sing<strong>elas</strong> dão conta de<br />

curar o sofrimento”, comenta Durvalina<br />

agradecida.<br />

Terezinha Avelar é professora e presidente<br />

do Movimento Popular da Mulher<br />

(MPM). Ela destaca o engajamento das<br />

Meninas de Sinhá na busca pela própria<br />

identidade. “<strong>Elas</strong> fazem um resgate da<br />

própria história através das cantigas.<br />

Quando recuperamos a nossa essência,<br />

percebemos o mundo de uma outra<br />

forma. Conheci Dona Valdete quando<br />

eu lecionava na Escola Municipal Ricardo<br />

Salum, eu a via sempre caminhando<br />

p<strong>elas</strong> ruas e conversando com as pessoas.<br />

Minha mãe também conviveu com ela.<br />

Fazia algumas atividades com as Meninas.<br />

Mas não era parte do grupo.<br />

Mais tarde eu a reencontrei no movimento<br />

popular, sempre propositiva, afinada<br />

com políticas progressistas, tirando<br />

as pessoas do sofrimento”.<br />

Terezinha demorou em associar que<br />

aquela Valdete era a líder do grupo<br />

Meninas de Sinhá. “Eu estava tão próxima<br />

que não conseguia perceber quanta<br />

riqueza e sabedoria tinha ali. Essas mulheres<br />

provocaram mudanças no pensamento<br />

e nos corações das pessoas,<br />

colocaram a comunidade em evidência.<br />

Saber que Valdete participou do MPM<br />

é um elo que me ajuda a compreender<br />

a minha própria história”.ø<br />

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