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Revista Elas por elas 2014

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

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50 ANOS DO GOLPE | <strong>por</strong> Denilson Cajazeiro<br />

Memórias<br />

da repressão<br />

Obra traz relatos de mulheres que<br />

enfrentaram o regime militar e foram<br />

torturadas nos <strong>por</strong>ões da ditadura<br />

O Brasil vai revisitar, neste ano, os<br />

diversos impactos do golpe militar de<br />

1964, que retirou do poder o governo<br />

de João Goulart. Para reavivar a memória<br />

em torno desse triste momento<br />

da vida do país, que completa 50 anos,<br />

trajetórias de quem lutou contra o<br />

regime serão recontadas, como a de<br />

Jussara Martins, a líder estudantil capixaba<br />

presa no conhecido Congresso<br />

da União Nacional dos Estudantes<br />

(UNE), em Ibiúna (SP), em 1968,<br />

quando estava com 21 anos.<br />

Militante da Ação Popular (AP), a<br />

estudante universitária entrou para a<br />

clandestinidade em julho de 1969 e,<br />

dois anos depois, foi presa novamente<br />

e levada para o Departamento de<br />

Ordem Política e Social (Dops) de Belo<br />

Horizonte. Lá, conheceu o horror da<br />

tortura, em sessões que duravam horas.<br />

“Eles botaram cobra em cima de<br />

mim, me deram muito choque elétrico,<br />

pau de arara, afogamento. A água era<br />

embaixo para aumentar a potência do<br />

choque e é uma dor, uma dor!”, relembra.<br />

Do Dops de Belo Horizonte, Jussara<br />

recorda-se que foi levada para outro<br />

centro de tortura, em Petrópolis (RJ),<br />

onde passou <strong>por</strong> condições piores, em<br />

que os militares usavam técnicas mais<br />

experimentais. Uma d<strong>elas</strong> consistiu em<br />

colocá-la em uma câmara refrigerada,<br />

onde havia alteração constante de temperatura<br />

e variação sonora intensa.<br />

“A história do som com a temperatura<br />

era uma coisa assim que desestruturava<br />

completamente. Eu pensava assim: ‘vou<br />

enlouquecer’. Mas é uma coisa que enlouquece<br />

mesmo”, relata Jussara, que<br />

cantava músicas do Chico Buarque durante<br />

a tortura, como estratégia para<br />

não ficar completamente desestabilizada.<br />

Apesar das várias sessões p<strong>elas</strong> quais<br />

passou, ela resistiu e não forneceu qualquer<br />

informação aos militares sobre o<br />

paradeiro de companheiros ou locais<br />

de refúgio usados <strong>por</strong> militantes contra<br />

o regime, os chamados aparelhos.<br />

“Eu dizia assim... é como se eu tivesse,<br />

assim, vamos su<strong>por</strong> que houve<br />

um desabamento. Estou embaixo dos<br />

escombros. Não tem como sair. Essa é<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Elas</strong> <strong>por</strong> <strong>Elas</strong> - março <strong>2014</strong> 9

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