Revista Elas por elas 2014
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
de 2 anos e <strong>por</strong> ter engravidado, mesmo<br />
depois que fez uma laqueadura como<br />
método anticoncepcional. “Estou processando<br />
o hospital, mas até agora<br />
não deu em nada”, diz, conformada.<br />
Para sobreviver e cuidar das crianças,<br />
ela conta com a ajuda do marido e,<br />
quando dá, faz algum “bico”. “O dinheiro<br />
que eu recebo é pouco, mas<br />
ajuda. Nunca gastei nada comigo, só<br />
com as crianças. O ruim é que o<br />
dinheiro só sai no fim do mês e a<br />
gente passa aperto”, reclama.<br />
Perguntada sobre a influência do<br />
Bolsa Família para a definição da quantidade<br />
de filhos dela e das mulheres beneficiadas<br />
que ela conhece, respondeu:<br />
“Não vale a pena ter mais filhos para receber<br />
mais e nem conheço alguém que<br />
pense isso, pois o que a gente recebe é<br />
muito pouco em relação ao custo para<br />
alimentar, comprar material escolar e<br />
uniforme para uma criança”, afirma.<br />
Mais filhos,<br />
mais desigualdades<br />
A opinião de Xênia vai ao encontro<br />
das conclusões expressas em artigo divulgado<br />
no livro do Ipea intitulado “O<br />
Programa Bolsa Família e as taxas de<br />
fecundidade no Brasil”, produzido pelo<br />
demógrafo José Eustáquio Diniz Alves<br />
e pela professora Suzana Cavenaghi,<br />
ambos da Escola Nacional de Ciências<br />
Estatísticas (ENCE), do IBGE. “No Brasil,<br />
há uma corrente da opinião pública<br />
que considera que o Programa Bolsa<br />
Família tem um efeito pró-natalista<br />
entre a população de baixa renda. O<br />
maior número de filhos dificultaria a<br />
criação de <strong>por</strong>tas de saída da pobreza<br />
e a política de transferência de renda<br />
equivaleria a uma situação de ‘enxugar<br />
gelo ’. Porém, os dados do censo demográfico<br />
de 2010 mostram que, a<br />
despeito dos diferenciais socioeconômicos,<br />
as taxas de fecundidade continuaram<br />
caindo no Brasil, inclusive entre<br />
a população mais pobre coberta pelo<br />
Merenda escolar na Escola Municipal Rita Maia, em Xapuri, no Acre.<br />
O Programa contribui para a manutenção das crianças podres nas escolas.<br />
Cadastro Único do Programa Bolsa<br />
Família”, explica José Eustáquio.<br />
Segundo ele, de fato, o custo mensal<br />
para sustentar uma criança no Brasil de<br />
hoje, mesmo entre a população pobre,<br />
tem um valor muito superior aos R$<br />
32,00 do benefício variável do PBF.<br />
Além do mais, as mulheres e os casais<br />
têm demonstrado o desejo de uma prole<br />
pequena, pois a qualidade de vida dos<br />
filhos tem se tornado mais im<strong>por</strong>tante<br />
do que a mera quantidade do tamanho<br />
da prole. Famílias menores têm maior<br />
mobilidade social ascendente.<br />
Ele explica que, para a população<br />
pobre que não tem acesso à contratação<br />
de serviço doméstico e está excluída<br />
dos serviços públicos de qualidade, o<br />
maior número de filhos tende a sobrecarregar<br />
o trabalho feminino e reduzir<br />
as chances educacionais e de inserção<br />
produtiva das mulheres. “Por isso, os<br />
dados mostram que as mulheres estão<br />
sobrerrepresentadas nas situações de<br />
pobreza e existe uma forte correlação<br />
negativa entre o número de filhos e a<br />
renda familiar. Ou seja, o maior número<br />
de filhos tende a aumentar as desigual-<br />
34