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Revista Elas por elas 2014

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

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Para onde<br />

vai o lixo?<br />

Nos últimos dez anos, a população<br />

brasileira aumentou 9,65%,<br />

e o volume de resíduos cresceu<br />

21%. Até agosto de <strong>2014</strong>, todos<br />

os lixões do país deverão estar desativados,<br />

conforme determina a<br />

Lei 12.305, que instituiu a Política<br />

Nacional de Resíduos Sólidos<br />

(PNRS). Esses depósitos de lixo a<br />

céu aberto serão substituídos <strong>por</strong><br />

aterros sanitários, ambientalmente<br />

adequados para o manejo de rejeitos.<br />

O Brasil produz diariamente 240<br />

mil toneladas de lixo, e 70% desse<br />

volume é destinado aos lixões. De<br />

acordo com dados do Instituto de<br />

Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea),<br />

ainda estão em funcionamento mais<br />

de 2,9 mil lixões no país, localizados<br />

em 2,8 mil municípios. Apenas<br />

18% das cidades brasileiras contam<br />

com programas oficiais de coleta<br />

seletiva.<br />

Nos centros urbanos atuam cerca<br />

de 1 milhão de catadores, que são<br />

responsáveis <strong>por</strong> 90% do material<br />

processado na indústria da reciclagem.<br />

Segundo o Ipea, existem<br />

1.175 organizações coletivas que<br />

agrupam entre 40 mil e 60 mil<br />

profissionais.<br />

Saulo Esllen Martins<br />

“Eu ainda era uma criança e minha<br />

mãe já era catadora. Quando criaram<br />

a Asmare, nós morávamos aqui neste<br />

espaço. Era uma ocupação. Eu cresci<br />

nesse meio, convivendo com catadores<br />

e aprendendo a tirar a sobrevivência<br />

do lixo. Na adolescência parei de catar<br />

papel e fui fazer uma capacitação na<br />

marcenaria da associação. Lá, existia<br />

um trabalho voltado para os filhos dos<br />

trabalhadores. Fiz um curso de acabamento<br />

em móveis e também ajudava a<br />

pintar os carrinhos dos associados.<br />

Quando eu estava com dezenove anos,<br />

surgiu uma vaga na administração e<br />

estou aqui até hoje”, revela Elizângela,<br />

com entusiasmo.<br />

A jovem não conheceu o pai. Mãe,<br />

avó e tia ajudaram na sua educação.<br />

“Sempre acompanhei o trabalho d<strong>elas</strong>.<br />

Muitos dizem que somos o sexo frágil,<br />

mas eu não penso assim. Entre os catadores,<br />

as mulheres exercem liderança,<br />

lutam <strong>por</strong> melhores condições e direitos.<br />

Estamos dominando o pedaço!”, enfatiza<br />

o papel das mulheres.<br />

Elizângela reconhece que a falta de<br />

estudo é um fator que dificulta ainda<br />

mais a vida. Mas, otimista, ressalva que<br />

a vida está melhorando. “Minha mãe<br />

era uma catadora de rua. Eu já trabalho<br />

em um setor administrativo, e a minha<br />

filha terá mais possibilidades. Eu espero<br />

que ela possa estudar, ter um bom emprego,<br />

fazer uma faculdade. Eu sonho<br />

para ela um futuro bem melhor. A associação<br />

nos deu dignidade, mudou a<br />

visão da sociedade sobre os catadores.<br />

Hoje, a nossa imagem é boa. Somos<br />

reconhecidos como cidadãos que contribuem<br />

para a limpeza da cidade e<br />

para a preservação do meio ambiente<br />

e não como marginais”, reflete.<br />

Maria da Paixão Pereira Santos, conhecida<br />

<strong>por</strong> Baiana, conta que já trabalhou<br />

em muitas outras profissões,<br />

como empregada doméstica e na roça,<br />

mas a melhor opção foi como catadora<br />

de papel. “Ninguém aqui gosta de falar<br />

Dona Geralda, coordenadora da cooperativa<br />

Asmare, mostra os “achados”<br />

reaproveitáveis, durante o trabalho de<br />

separação dos materiais recicláveis.<br />

lixo. Lidamos com materiais reaproveitáveis<br />

ou recicláveis. Através do meu<br />

trabalho, criei oito filhos, conquistei<br />

minha casa. Meu trabalho é esse, o<br />

ganha pão da minha família, eu faço<br />

com muita satisfação. Essa é a minha<br />

alegria, meu divertimento, onde encontro<br />

meus amigos”, diz.<br />

O sentimento de pertencimento a<br />

um grupo revelado nas palavras de<br />

Baiana são uma constante quando se<br />

conversa com as catadoras. <strong>Elas</strong> se<br />

sentem bem, realizadas e capazes de<br />

transformar a própria realidade.<br />

Empoderamento<br />

Esse é um dos aspectos revelados<br />

na pesquisa Reflexões sobre o trabalho<br />

e empoderamento das mulheres catadoras,<br />

realizada pela psicóloga Ângela<br />

Rosane de Oliveira.<br />

“Trabalho com catadoras há anos e<br />

venho percebendo que, a cada dia, as<br />

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