geralda maria maia cordeiro de azevedo ... - FUNEDI – UEMG
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escrita digital através das novas tecnologias conduzem a um estado ou condição diferente das<br />
práticas <strong>de</strong> leitura e escrita tipográfica. Para Thompson, o <strong>de</strong>senvolvimento dos meios <strong>de</strong><br />
comunicação cria novas formas <strong>de</strong> ação e <strong>de</strong> interação e novos tipos <strong>de</strong> relacionamentos<br />
sociais. Ele faz surgir uma complexa reorganização <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong> interação humana através<br />
do espaço e do tempo. Com o <strong>de</strong>senvolvimento dos meios <strong>de</strong> comunicação, a interação se<br />
dissocia do ambiente físico, <strong>de</strong> tal maneira, que os indivíduos po<strong>de</strong>m interagir uns com os<br />
outros, ainda que não partilhem do mesmo ambiente espaço-temporal 42 , a virtualida<strong>de</strong><br />
evi<strong>de</strong>ncia.<br />
Antes da invenção da imprensa, a produção e reprodução manuscritas dos textos<br />
condicionavam sua difusão, seu uso e, conseqüentemente, as práticas <strong>de</strong> escrita e <strong>de</strong> leitura.<br />
Por um lado, os livros manuscritos da Ida<strong>de</strong> Média eram objetos <strong>de</strong> luxo, a que poucos tinham<br />
acesso; por outro lado, os copistas, freqüentemente, alteravam o texto, ou por erro ou por<br />
intervenção consciente, <strong>de</strong> modo que as cópias do mesmo texto raramente eram idênticas.<br />
Além disso, o possuidor ou o leitor do manuscrito tinha a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intervir no texto,<br />
acrescentando títulos, notas, observações pessoais, porque espaços em branco eram <strong>de</strong>ixados<br />
para essa finalida<strong>de</strong>.<br />
De acordo com Roger Chartier, a invenção da imprensa não representou uma<br />
transformação tão absoluta como se costuma afirmar. Um livro manuscrito (sobretudo nos<br />
séculos, XIV e XV) e um livro pós Gutemberg baseiam-se nas mesmas estruturas<br />
fundamentais, as do có<strong>de</strong>x 43 . A revolução <strong>de</strong> Gutenberg alterou as formas <strong>de</strong> produção, <strong>de</strong><br />
reprodução e <strong>de</strong> difusão da escrita e, conseqüentemente, modificou significativamente as<br />
práticas sociais e individuais <strong>de</strong> leitura e <strong>de</strong> escrita, modificando o letramento, isto é, o estado<br />
ou condição <strong>de</strong> quem participa <strong>de</strong> eventos em que tem papel fundamental a escrita.<br />
Thompson <strong>de</strong>staca três <strong>de</strong>senvolvimentos chaves no final do século XIX e XX que<br />
foram relevantes no sistema <strong>de</strong> comunicação: 1) O <strong>de</strong>senvolvimento dos sistemas <strong>de</strong> cabos<br />
submarinos pelas potências imperiais européias; 2) O estabelecimento <strong>de</strong> novas agências<br />
internacionais e a divisão do mundo em esferas <strong>de</strong> operação exclusivas; e 3) A formação <strong>de</strong><br />
organizações internacionais, interessadas na distribuição do espectro eletromagnético. Desses<br />
três <strong>de</strong>senvolvimentos, <strong>de</strong>stacam-se três elementos que marcaram <strong>de</strong> forma sucessiva cada<br />
época:<br />
42<br />
THOMPSON, John B. A mídia e a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>: uma teoria social da mídia: 3ª Edição Petrópolis, RJ: Vozes,<br />
2001.p.77.<br />
43<br />
CHARTIER, Roger. A or<strong>de</strong>m dos livros: leitores, autores e bibliotecas na Europa entre os séculos XIV e<br />
XVIII. Brasília: Editora Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília, 2ª ed., 1998, p. 7.<br />
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