geralda maria maia cordeiro de azevedo ... - FUNEDI – UEMG
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exemplo, o uso <strong>de</strong> símbolos. A instantaneida<strong>de</strong> e a constante atualização do texto abolem a<br />
rasura da escrita. O texto fica pronto para ser editado ou reeditado. Isto é, o digital se<br />
apresenta como se anulasse a rasura, tão ligada à escrita convencional como processo<br />
inacabado. O texto po<strong>de</strong> ser atualizado quantas vezes necessárias, <strong>de</strong> acordo com o quanto se<br />
<strong>de</strong>seja atualizar.<br />
A modalida<strong>de</strong> que se utiliza hoje na Internet apresenta-se próxima do que já se utilizou<br />
na Antiguida<strong>de</strong>. Observamos isso em Casalegno, quando afirma que, na escrita interativa dos<br />
povos semíticos, é o homem que fornece o sentido das coisas e dos gestos através da atitu<strong>de</strong><br />
interpretativa adotada 146 . É neste sentido que po<strong>de</strong>mos comparar a língua semítica com o<br />
hipertexto.<br />
Essa modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escrita no ciberespaço seria uma modalida<strong>de</strong> nova <strong>de</strong> linguagem,<br />
que propicia um novo leitor/escritor. Não seria a ferramenta, ou seja, o computador, através<br />
da Internet, que consagra essa novida<strong>de</strong>. Sabemos que sempre houve recursos enigmáticos,<br />
sintéticos, na escrita, porém, agora apresentam-se <strong>de</strong> forma mais elaborada, possibilitada pelo<br />
<strong>de</strong>senvolvimento tecnológico.<br />
Observamos que os recursos utilizados na escrita digital, principalmente nos sites <strong>de</strong><br />
relacionamentos e interações, são formas <strong>de</strong> aclimatar o virtual para aproximar do real.<br />
Percebemos que as mensagens escritas no ciberespaço permitem maior transparência daquilo<br />
que se quer fazer enten<strong>de</strong>r entre os interlocutores. Na escrita virtual/digital dos sites <strong>de</strong><br />
relacionamentos, observamos características próprias <strong>de</strong>ssa linguagem que supostamente seria<br />
uma linguagem líquida. A evidência da oralida<strong>de</strong> e elementos paralingüísticos, imagens,<br />
emoticons, smiles são marcantes. É uma escrita carregada <strong>de</strong> emoções, afetivida<strong>de</strong>, em<br />
<strong>de</strong>terminadas situações é consi<strong>de</strong>rada até mesmo como uma escrita sedutora. E sobre escrita<br />
sedutora, Leyla Perrone-Moisés, afirma que a forma mais tradicional da sedução é a oral. E a<br />
escrita sedutora é ainda mais perversa do que a fala sedutora, porque preten<strong>de</strong> agir sobre um<br />
interlocutor ausente, porque mexe com todos os <strong>de</strong>sejos vagos, múltiplos que a linguagem é<br />
capaz <strong>de</strong> mobilizar e atingir por ela mesma 147 . E nos sites <strong>de</strong> relacionamentos, a escrita muitas<br />
vezes explora esse aspecto <strong>de</strong> sedutora, afetiva, persuasiva. Seria o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> sedução, ou o<br />
<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ser seduzido o motivo <strong>de</strong> tal evidência na escrita interativa do ciberespaço, ou seja,<br />
as carências, a solidão que implementam tal evidência, são hipóteses que nos ocorrem.<br />
146 CASALEGNO, Fe<strong>de</strong>rico. Hiperliteratura, socieda<strong>de</strong>s hipertextuais. In MARTINS, Francisco Menezes &<br />
SILVA, Juremir Machado da. (orgs). Para navegar no século XXI. Porto Alegre: Sulina/Edipucrs, 2003, p.274.<br />
147 PERRONE-MOISÉS, Leyla. Flores da escrivaninha: São Paulo, Companhia das Letras, 1990, p18-19.<br />
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