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geralda maria maia cordeiro de azevedo ... - FUNEDI – UEMG

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Neste tópico analisamos amostras <strong>de</strong> conversa do MSN Messenger e scraps do Orkut,<br />

escritos pelos estudantes do Ensino Médio que foram coletadas ao longo <strong>de</strong>ssa pesquisa, com<br />

o objetivo <strong>de</strong> verificar as características da mesma, como essa escrita acontece, como se<br />

apresenta no ciberespaço da Internet, discutir alguns aspectos instigantes e analisá-los. As<br />

amostras analisadas exemplificam a modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escrita da qual principalmente os jovens<br />

fazem uso no ciberespaço para interagirem com os amigos. Destacamos, também, que essa<br />

modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escrita está intrinsecamente ligada à leitura.<br />

Essa escrita, que encontramos no ciberespaço <strong>de</strong> conversa interativa, nos sugere ser<br />

líquida, híbrida, pelo fato <strong>de</strong> incorporar elementos paralingüísticos, isto é, fazer uso <strong>de</strong> mais<br />

<strong>de</strong> um idioma, lançar recursos <strong>de</strong> imagens, <strong>de</strong> oralida<strong>de</strong>. Essa escrita ocupa um espaço antes<br />

reservado à linguagem oral, isto é, a <strong>de</strong> ser mais viva que a língua escrita. Seria o ciberespaço<br />

um facilitador para integrar o discurso oral no discurso escrito? Observamos que a união<br />

<strong>de</strong>sses dois discursos po<strong>de</strong> ser i<strong>de</strong>ntificada no passado, principalmente nas correspondências<br />

íntimas, como bilhetes, recados, nas comunicações que não exigem formalida<strong>de</strong>s. Também na<br />

literatura po<strong>de</strong>mos observar, como em Guimarães Rosa, o registro <strong>de</strong> oralida<strong>de</strong> na escrita. O<br />

ciberespaço permite uma relação com o texto que existe na literatura e nas correspondências<br />

íntimas, porém <strong>de</strong> forma mais sofisticada, <strong>de</strong>vido aos recursos possibilitados pelas<br />

tecnologias.<br />

Celeste Zenha diz que, com a fusão da multimídia, dois discursos que haviam se<br />

separado com Platão, aparecem novamente reunidos. O discurso racional e escrito se junta à<br />

estética da imagem na produção <strong>de</strong> conhecimento 150 . No ciberespaço, o uso <strong>de</strong> elementos<br />

paralingüísticos, como imagens, sons, smiles, emoticons, signos, em <strong>de</strong>terminadas situações,<br />

se assemelha à escrita pictográfica. Roger Chartier afirma que esse uso ilustra a busca <strong>de</strong> uma<br />

linguagem não verbal que permite a comunicação universal das emoções e o sentido do<br />

discurso 151 .<br />

Cabe ressaltar aqui que foram mantidos em sigilo os nomes dos internautas, autores<br />

das amostras colhidas no MSN Messenger e no Orkut, para preservar suas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s.<br />

Ao observar a escrita dos estudantes, no ciberespaço, percebemos que a liberda<strong>de</strong> ao<br />

lidar com a ortografia, com a construção das palavras, das frases, vai além da criativida<strong>de</strong>, das<br />

simplificações e pressa. E, conseqüentemente, essa escrita implica leitura, como já citamos.<br />

150 ZENHA, Celeste. Mídia e informação no cotidiano contemporâneo. In FILHO, Daniel Aarão Reis. O século<br />

XX: Tempo das dúvidas <strong>–</strong> do <strong>de</strong>clínio das utopias as globalizações. 2ª edição. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Civilização<br />

Brasileira, 2002. V. 3, p. 245.<br />

151 CHARTIER, Roger. Os <strong>de</strong>safios da escrita. São Paulo: Editora UNESP, 2002, p. 17<br />

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