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geralda maria maia cordeiro de azevedo ... - FUNEDI – UEMG

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Seria então o leitor in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do tipo <strong>de</strong> texto, seja ele, oral, impresso, eletrônico,<br />

o criador <strong>de</strong> significados? A relação leitor e texto seria uma relação <strong>de</strong> criação e construção <strong>de</strong><br />

significado in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dos suportes que as tecnologias possibilitam?<br />

Roger Chartier, ao ser interrogado se o computador modifica a forma <strong>de</strong> redação dos<br />

textos e, em certo sentido, a forma <strong>de</strong> pensar, respon<strong>de</strong> que falta estudo 144 . Afirma que há<br />

muitos discursos, porém são discursos i<strong>de</strong>ológicos. Aponta que temos um campo imenso para<br />

observações <strong>de</strong> tipo sócio-antropológico, e que somente isso seria a condição para que<br />

pudéssemos sair da repetição dos discursos globais.<br />

Constatamos que há um impacto dos meios <strong>de</strong> comunicação na relação entre o público<br />

e o privado e na mudança do vínculo entre a visibilida<strong>de</strong> e o po<strong>de</strong>r. Os fenômenos que<br />

produzem questões difusas e incômodas na política hoje, como a freqüente ocorrência <strong>de</strong><br />

escândalos <strong>de</strong> todos os tipos, estão enraizados numa série <strong>de</strong> transformações fundamentais<br />

que dizem respeito à visibilida<strong>de</strong> do po<strong>de</strong>r exposto através da mídia.<br />

Como já verificamos, os seres humanos, nas mais antigas relações, sempre se<br />

ocupavam das produções e do intercâmbio <strong>de</strong> informações e <strong>de</strong> conteúdo simbólico em todas<br />

as socieda<strong>de</strong>s. Des<strong>de</strong> as mais antigas formas <strong>de</strong> comunicação gestual e <strong>de</strong> uso da linguagem,<br />

até os mais recentes <strong>de</strong>senvolvimentos na tecnologia computacional, a produção, o<br />

armazenamento e a circulação <strong>de</strong> informação e conteúdo simbólico têm sido aspectos centrais<br />

da vida social. Confirmamos isso em Álvaro Pinto quando afirma que:<br />

a informação sempre existiu na convivência humana, que seria impossível<br />

sem ela. [...] Em todas as fases da existência pretérita a humanida<strong>de</strong><br />

empregou os meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> que precisava para efetuar e regular a<br />

produção social. As formas <strong>de</strong> correspondência entre os homens refletiam-se<br />

nos conceitos em que eram resignados; estes modificaram-se com o tempo e<br />

as condições sociais objetivas 145 .<br />

Os meios <strong>de</strong> comunicação têm dimensões simbólicas irredutíveis, isto é, os seres<br />

humanos, ao fazerem uso dos meios <strong>de</strong> comunicação, vão tecendo significados para si<br />

mesmos <strong>de</strong> acordo com seus códigos <strong>de</strong> domínio.<br />

A escrita e a leitura digital trazem uma ruptura com o convencional. Rompem-se com<br />

as fronteiras das regras, do fixo e da rigi<strong>de</strong>z normativa. Apresentam-se, pois, livres dos<br />

dispositivos impostos pelas regras já estabelecidas. Possibilitam intervenções do leitor e<br />

incorporam regras próprias dos quais, até então, não se tinha conhecimento, ou melhor, não se<br />

tinha domínio. Em alguns momentos, apresentam retomada a um passado distante, como por<br />

144 CHARTIER, Roger. A aventura do livro: do leitor ao navegador: São Paulo: Editora UNESP, 1999.<br />

145 PINTO, Álvaro Vieira. O conceito <strong>de</strong> tecnologia. 2ª edição. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Contraponto, 2005, p.348.<br />

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