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geralda maria maia cordeiro de azevedo ... - FUNEDI – UEMG

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evolução do livro eletrônico é uma revolução nas estruturas do suporte material do escrito<br />

assim como nas maneiras <strong>de</strong> ler 126 . Compreen<strong>de</strong>mos aqui que, ao mudar o suporte físico da<br />

escrita, mudam-se também as maneiras <strong>de</strong> ler.<br />

A leitura é uma prática histórica, que requer habilida<strong>de</strong>s diferentes ao longo da<br />

história, porém, consi<strong>de</strong>ramos que o ato <strong>de</strong> ler, compreen<strong>de</strong>r um texto, ou seja, compreen<strong>de</strong>r e<br />

construir sentido e significados sobre um amontoado <strong>de</strong> caracteres or<strong>de</strong>nados perpassa o<br />

suporte da escrita. O domínio básico da leitura é condição para novas práticas da mesma.<br />

Segundo Roger Chartier, a comunicação à distância, livre e imediata, propiciada pelas re<strong>de</strong>s<br />

eletrônicas, dá um novo alento a este sonho, em que toda a humanida<strong>de</strong> participaria do<br />

intercâmbio dos julgamentos 127 .<br />

A tela, como novo espaço <strong>de</strong> escrita, traz significativas mudanças nas formas <strong>de</strong><br />

interação entre escritor e leitor, entre escritor e texto, entre leitor e texto e até mesmo, mais<br />

amplamente, entre o ser humano e o conhecimento. Embora estudos e pesquisas sobre os<br />

processos cognitivos envolvidos na escrita e na leitura <strong>de</strong> hipertextos sejam ainda poucos, a<br />

hipótese é <strong>de</strong> que essas mudanças tenham conseqüências sociais, cognitivas e discursivas. E<br />

isso esta se configurando em letramento digital 128 , isto é, certo estado ou condição que<br />

adquirem os que se apropriam da nova tecnologia digital e exercem práticas <strong>de</strong> leitura e <strong>de</strong><br />

escrita na tela, diferente do estado ou condição, do letramento, dos que exercem práticas <strong>de</strong><br />

leitura e <strong>de</strong> escrita no papel.<br />

Para alguns autores, os processos cognitivos inerentes a esse letramento digital<br />

reaproximam o ser humano <strong>de</strong> seus esquemas mentais. Como afirma Ramal, estamos<br />

chegando à forma <strong>de</strong> leitura e <strong>de</strong> escrita mais próximas do nosso próprio esquema mental.<br />

Assim como pensamos em hipertexto, sem limites para a imaginação a cada novo sentido<br />

dado a uma palavra, navegamos em múltiplas vias on<strong>de</strong> o novo texto se abre, não mais em<br />

páginas, mas em dimensões superpostas que se interpenetram e que po<strong>de</strong>mos compor e<br />

recompor a cada leitura 129 . Para esse autor, o ciberespaço suporta tecnologias intelectuais que<br />

amplificam, exteriorizam e modificam numerosas funções cognitivas humanas, como a<br />

memória, que se encontra tão objetivada em dispositivos automáticos, tão separada do corpo<br />

126<br />

CHARTIER, Roger. A or<strong>de</strong>m dos livros: leitores, autores e bibliotecas na Europa entre os séculos XIV e<br />

XVIII. Brasília: Editora Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília, 2ª ed., 1998, p. 13.<br />

127<br />

CHARTIER, Roger. A aventura do livro: do leitor ao navegador: São Paulo: Editora UNESP, 1999, p. 133.<br />

128<br />

Cf. SOARES, Magda. Letramento: como <strong>de</strong>finir, como avaliar, como medir. In SOARES, Magda.<br />

Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998, p. 61-125. A autora <strong>de</strong>fine que<br />

letramento são as práticas sociais <strong>de</strong> leitura e escrita e os eventos em que essas práticas são postas em ação, bem<br />

como as conseqüências <strong>de</strong>las sobre a socieda<strong>de</strong>.<br />

129<br />

RAMAL, Andrea C. Educação na cibercultura: hipertextualida<strong>de</strong>, leitura, escrita e aprendizagem. Porto<br />

Alegre: ARTMED, 2002, p. 84.<br />

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